sábado, março 23, 2013

A VIA SACRA NO VILLAGE SÃO CONRADO


Este Deus que partilha os nossos sofrimentos, o Deus que Se fez homem para levar a nossa cruz, quer transformar o nosso coração de pedra chamando-nos a partilhar os sofrimentos alheios, quer dar-nos um “coração de carne” que não fique impassível diante dos sofrimentos alheios, mas se deixe comover e nos leve ao amor que cura e ajuda.
 “SE ALGUÉM QUISER VIR APÓS MIM, RENEGUE-SE A SI MESMO, TOME A SUA CRUZ E SIGA-ME” (MT 16, 24).
Com todas estas palavras, o próprio Jesus nos dá a interpretação da “Via-Sacra”, ensina-nos como devemos fazê-la e segui-la: a Via-Sacra é o caminho da perda de nós mesmos, isto é, o caminho do amor verdadeiro.
Ele precedeu-nos neste caminho; este é o caminho que a devoção da Via-Sacra nos quer ensinar. E isto leva-nos mais uma vez ao grão de trigo, à Santíssima Eucaristia, na qual se torna continuamente presente entre nós o fruto da morte e da ressurreição de Jesus. Na Eucaristia, Ele caminha conosco, como outrora com os discípulos de Emaús, fazendo-Se constantemente nosso contemporâneo. Cardeal Joseph Ratzinger 04/2005 “Papa Emérito Bento XVI”
"Vamos participar da festa da Páscoa", por enquanto ainda em figuras, embora mais claramente do que na antiga lei 
(a Páscoa legal era, por assim dizer, uma figura muito velada da própria figura).
 Mas, em breve, participaremos de modo mais perfeito e mais puro, quando o verbo vier beber conosco o vinho novo no reino de seu Pai, revelando definitivamente o que até agora só em parte nos mostrou. A nossa Páscoa é sempre nova. 
Qual é essa bebida e esse conhecimento? 
A nós compete dizê-los; e ao Verbo compete ensinar e comunicar essa doutrina e a seus discípulos. Porque a doutrina daquele que alimenta é também alimento.
Quanto a nós, participemos também dessa festa ritual, não segundo a letra mas segundo o Evangelho; de modo perfeito, não imperfeito; para a eternidade, não temporariamente.
Seja a nossa capital, não a Jerusalém terrestre, mas a cidade celeste; não a que é agora arrasada pelos exércitos, mas a que é exaltada pelo louvor e aclamação dos anjos.
Sacrifiquemos não novilhos ou carneiros com chifres e cascos, vítimas sem vida e sem inteligência; pelo contrário ofereçamos a Deus um sacrifício de louvor sobre o altar celeste, em união com os coros angélicos.
Atravessemos o primeiro véu, aproximemo-nos do segundo e fixemos o olhar no Santo dos Santos.
Direi mais: imolemos-nos a Deus, ou melhor, ofereçamo-nos a ele cada dia, com todas as nossas ações. 
Façamos o que nos sugerem as palavras: imitemos com os nossos sofrimentos a Paixão de Cristo, honremos com o nosso sangue o seu sangue, e subamos corajosamente à sua cruz.
Se és Simão Cirineu, toma a cruz e segue a Cristo.
Se, qual o ladrão, estás crucificado com Cristo, como homem íntegro, reconhece a Deus. 
Se por tua causa e por teu pecado ele foi tratado como malfeitor, torna-te justo por seu amor. Adora aquele que foi crucificado por tua causa. Preso à tua cruz, aprende a tirar proveito até da tua própria iniquidade. 
Adquire a tua salvação com a sua morte, entra com Jesus no paraíso, e saberás que bens perdeste com a  tua queda. Contempla as belezas daquele lugar, e deixa que o ladrão rebelde fique dele excluído, morrendo na sua blasfêmia
Se és José de Arimatéia, pede o corpo a quem o mandou crucificar; assim será tua a vítima que expiou o pecado do mundo.
Se és Nicodemos, aquele adorador noturno de Deus, unge-o com perfumes para a sua sepultura.
Se és Maria, ou a outra Maria, ou Salomé, ou Joana, derrama tuas lágrimas por ele. Levanta-te de manhã cedo, procura ser o primeiro a ver a pedra do túmulo afastada, e a encontrar talvez os anjos, ou, melhor ainda, o próprio Jesus.
Vamos participar da festa da Páscoa.
São Gregória de Nazianzo, bispo , Século IV
cf. Liturgia das Horas , Volume II , páginas 352-353, Ofício das Leituras V sábado da Quaresma.


22/03/2013 - sexta-feira da V semana da Quaresma