Missa na Matriz de São Conrado |
Homilia
de Padre Marcos Belizário Ferreira
Jesus estava ensinando; de repente, o círculo dos
ouvintes ouvintes se abre para fazer passar
uma mulher empurrada por um bando de fariseus que esbravejavam em tom de
triunfo; colocam-na no meio e formam um círculo ao redor, talvez com os braços
cruzados: “Que dizes tu sobre isso?” Não tinham vindo para lhe pedir um
parecer, mas para preparar-lhe uma ciliada.
Ele mesmo tinha dito que não tinha
vindo para abolir a Lei, mas para cumpri-la; portanto, deve concordar com ela e
participar da lapidação da mulher; mas se o fizer perderá aquela auréola de
misericórdia e de mansidão que tanto os irrita, porque isto encanta as
multidões.
Matriz de São Conrado |
Jesus não profere uma Palavra.
Inclina-se para traçar uns sinais; talvez queira que o tumulto se acalme no
coração paralisado daquela mulher. No fim levanta os olhos e diz: “Quem de vós
estiver sem pecado. Seja o primeiro a atirar uma pedra”. Foi como se ele
tivesse tirado a tampa da consciência de cada um, Jesus sabia o que estava no
coração de cada um.
O silêncio se tornou pesado e insuportável; os mais velhos
começam a se retirar em silêncio, talvez o medo de que Jesus começasse a cavar
em sua vida passada, para ver se estavam realmente sem pecado, sem aquele
pecado que no Decálogo chamava-se “não desejar a mulher do próximo”.
Missa na Capela Nossa Senhora das Graças em Vila Canoas |
Assim o tribunal se esvaziou. Até
agora Jesus permaneceu inclinado no chão; agora se levanta, olha para a mulher:
“Mulher, onde estão os que te acusavam? Ninguém te condenou?” Superando o medo,
ela percebe um olhar de misericórdia como um banho de luz; nenhum homem jamais
a tinha olhado assim! Quem sabe com que sentimento respondeu a Jesus, no
silêncio que se seguiu à retirada dos acusadores: “Ninguém, Senhor!” E Jesus;
“Nem eu te condeno. Vai e não tornas a pecar.”
Jesus nada mais pede;
evidentemente conhece – porque foi ele que suscitou – o sentimento de
arrependimento da própria culpa que já está presente nela . Quanta nova
confiança deve ter infundindo na mulher aquele
“VAI”, pois significava: voltar a viver, a esperar, voltar para casa;
retornar a dignidade; dizer aos homens,
com tua presença entre eles, que não há somente a Lei, há também a graça.
Missa na Capela Nossa Senhora das Graças em Vila Canoas |
Podemos estar certos a experiência
daquele perdão, daquela compreensão infinita por parte de Jesus, reergueu
aquela mulher, lhe encheu o coração com a experiência e um amor novo, tão
diferente daquele que a tinha iludido em seu adultério.
De modo que ela não deve ter mais procurado um momento de uma dúbia felicidade nos braços de um homem que, depois de tê-la talvez seduzido, a havia deixado tão covardemente abandonada pelas ruas da vida.
De modo que ela não deve ter mais procurado um momento de uma dúbia felicidade nos braços de um homem que, depois de tê-la talvez seduzido, a havia deixado tão covardemente abandonada pelas ruas da vida.
O que nos diz a nós, cristão de hoje,
o episódio da adultera? Esta página do evangelho sempre desconcertou um pouco os cristãos.
Adoração ao Santíssimo Sacramento no Retiro Espiritual em Preparação para a Páscoa de Nosso Senhor Jesus Cristo - Matriz de São Conrado - 16/03/2013 |
O que Jesus também quer com a
passagem de hoje é combater o vício de farejar, investigar os pecados alheios.
Não julgar; sede misericordiosos.