"Cristo bota fé nos jovens", afirmou o pontífice
argentino, que faz sua primeira viagem internacional desde que foi escolhido
sucessor de Bento XVI. O Papa fica no país até domingo (28) e ainda visitará a
cidade de Aparecida (SP), nesta quarta.
“Quis Deus na sua amorosa providência que a primeira
viagem internacional do meu Pontificado me consentisse voltar à amada América
Latina, precisamente ao Brasil, nação que se gloria de seus sólidos laços
com a Sé Apostólica e dos profundos sentimentos de fé e amizade que sempre a
uniram de modo singular ao Sucessor de Pedro. Dou graças a Deus pela sua
benignidade.
Aprendi que para ter acesso ao Povo Brasileiro, é
preciso ingressar pelo portal do seu imenso coração; por isso permitam-me que
nesta hora eu possa bater delicadamente a esta porta.
Peço licença para entrar e transcorrer esta semana com
vocês. Não tenho ouro nem prata, mas trago o que de mais precioso me foi dado:
Jesus Cristo! Venho em seu Nome, para alimentar a chama de amor fraterno que
arde em cada coração; e desejo que chegue a todos e a cada um a minha saudação:
“A paz de Cristo esteja com vocês!”
Saúdo com deferência a senhora presidenta e os
ilustres membros do seu governo. Obrigado pelo seu generoso acolhimento e por
suas palavras que externaram a alegria dos brasileiros pela minha presença em
sua Pátria. Cumprimento também o senhor governador deste Estado, que
amavelmente nos recebe na sede do governo, e o senhor prefeito do Rio de
Janeiro, bem como os Membros do Corpo Diplomático acreditado junto ao governo
brasileiro, as demais autoridades presentes e todos quantos se prodigalizaram
para tornar realidade esta minha visita.
Quero dirigir uma palavra de afeto aos meus irmãos no Episcopado, sobre quem pousa a tarefa de guiar o Rebanho de Deus neste imenso País, e às suas amadas igrejas particulares. Esta minha visita outra coisa não quer senão continuar a missão pastoral própria do Bispo de Roma de confirmar os seus irmãos na Fé em Cristo, de animá-los a testemunhar as razões da Esperança que d’Ele vem e de incentivá-los a oferecer a todos as inesgotáveis riquezas do seu Amor.
O motivo principal da minha presença no Brasil, como é
sabido, transcende as suas fronteiras. Vim para a Jornada Mundial da Juventude.
Vim para encontrar os jovens que vieram de todo o mundo, atraídos pelos braços
abertos do Cristo Redentor. Eles querem agasalhar-se no seu abraço para, junto
de seu Coração, ouvir de novo o seu potente e claro chamado: "Ide e fazei
discípulos entre todas as nações".
Estes jovens provêm dos diversos continentes, falam línguas diferentes, são portadores de variadas culturas e, todavia, em Cristo encontram as respostas para suas mais altas e comuns aspirações e podem saciar a fome de verdade límpida e de amor autêntico que os irmanem para além de toda diversidade.
Cristo abre espaço para eles, pois sabe que energia alguma pode ser mais potente que aquela que se desprende do coração dos jovens quando conquistados pela experiência da sua amizade. Cristo “bota fé” nos jovens e confia-lhes o futuro de sua própria causa: “Ide, fazei discípulos”. Ide para além das fronteiras do que é humanamente possível e criem um mundo de irmãos. Também os jovens “botam fé” em Cristo. Eles não têm medo de arriscar a única vida que possuem porque sabem que não serão desiludidos.
Ao iniciar esta minha visita ao Brasil, tenho
consciência de que, ao dirigir-me aos jovens, falarei às suas famílias, às suas
comunidades eclesiais e nacionais de origem, às sociedades nas quais estão
inseridos, aos homens e às mulheres dos quais, em grande medida, depende o
futuro destas novas gerações.
Os pais usam dizer por aqui: “os filhos são a menina
dos nossos olhos”. Que bela expressão da sabedoria brasileira que aplica aos
jovens a imagem da pupila dos olhos, janela pela qual entra a luz regalando-nos
o milagre da visão! O que vai ser de nós, se não tomarmos conta dos nossos
olhos? Como haveremos de seguir em frente? O meu auspício é que, nesta semana,
cada um de nós se deixe interpelar por esta desafiadora pergunta.
A juventude é a janela pela qual o futuro entra no
mundo e, por isso, nos impõe grandes desafios. A nossa geração se demonstrará à
altura da promessa contida em cada jovem quando souber abrir-lhe espaço;
tutelar as condições materiais e imateriais para o seu pleno desenvolvimento;
oferecer a ele fundamentos sólidos, sobre os quais construir a vida;
garantir-lhe segurança e educação para que se torne aquilo que ele pode ser;
transmitir-lhe valores duradouros pelos quais a vida mereça ser vivida,
assegurar-lhe um horizonte transcendente que responda à sede de felicidade
autêntica, suscitando nele a criatividade do bem; entregar-lhe a herança de um
mundo que corresponda à medida da vida humana; despertar nele as melhores
potencialidades para que seja sujeito do próprio amanhã e corresponsável do
destino de todos.
Concluindo, peço a todos a delicadeza da atenção e, se
possível, a necessária empatia para estabelecer um diálogo de amigos. Nesta
hora, os braços do Papa se alargam para abraçar a inteira nação brasileira, na
sua complexa riqueza humana, cultural e religiosa. Desde a Amazônia até os
pampas, dos sertões até o Pantanal, dos vilarejos até as metrópoles, ninguém se
sinta excluído do afeto do Papa. Depois de amanhã, se Deus quiser, tenho em
mente recordar-lhes todos a Nossa Senhora Aparecida, invocando sua proteção
materna sobre seus lares e famílias. Desde já a todos abençoo. Obrigado pelo
acolhimento!"
g1.globo.com
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