quinta-feira, agosto 29, 2013

O SACRAMENTO DO BATISMO


Jesus entra em contato com o Pai e o céu abre-se sobre Ele. O céu abre-se sobre nós no Sacramento. Quanto mais vivemos em contato com Jesus na realidade do nosso Batismo, tanto mais o céu se abre sobre nós.

O sinal da cruz, no princípio da celebração, manifesta a marca de Cristo impressa naquele que vai passar a pertencer-Lhe, e significa a graça da redenção que Cristo nos adquiriu pela sua cruz.

O anúncio da Palavra de Deus ilumina com a verdade revelada os candidatos e a assembleia e suscita a resposta da fé, inseparável do Batismo. 

Na verdade, o Batismo é, de modo particular, o “sacramento da fé”, uma vez que é a entrada sacramental na vida da fé. Batismo significa a libertação do pecado.
A água batismal é então consagrada, a Igreja pede a Deus que, pelo seu Filho, o poder do Espírito Santo desça a esta água, para que os que nela forem batizados “nasçam da água e do Espírito” (Jo 3, 5).
O batismo propriamente dito, significa e realiza a morte para o pecado e a entrada na vida da Santíssima Trindade, através da configuração com o mistério pascal de Cristo.

 O Batismo é realizado, do modo mais significativo, pela tríplice imersão na água batismal.
PADRE MARCOS BELIZÁRIO FERREIRA - PARÓQUIA SÃO CONRADO RJ
O sentido e a graça do sacramento do Batismo aparecem claramente nos ritos da sua celebração. Seguindo, com participação atenta, os gestos e as palavras desta celebração, os fiéis são iniciados nas riquezas que este sacramento significa e realiza em cada novo batizado.
Em Jesus Cristo vemos que Deus vem ao nosso encontro. No Batismo cristão, instituído por Cristo, não agimos sozinhos com o desejo de sermos purificados, com a oração para alcançar o perdão.
SÍMBOLOS DA CELEBRAÇÃO DO BATISMO 
Sinal da Cruz: é traçado no peito e na testa da pessoa, para significar que pelo batismo, ela participa da morte e ressurreição libertadora de Cristo. 
Água: significa purificação e fonte de vida. Ninguém pode viver sem água.
Vela acesa: significa a vinda do Espírito Santo sobre os apóstolos. É sinal da presença do Espírito na vida da pessoa.
Óleo: se uma gota de óleo cair na roupa logo se espalha no tecido. O Espírito de Cristo deve penetrar na vida do cristão e fortalecê-lo na luta contra as forças do mal. Como o óleo penetra na pele da criança, assim Cristo penetra na vida da pessoa.
Veste Branca: símbolo de que o cristão foi revestido de Cristo. Veste da graça.

 No Batismo é o próprio Deus que age, é Jesus que age através do Espírito Santo. No Batismo cristão está presente o fogo do Espírito Santo. É Deus que age, e não apenas nós. Deus está presente. Ele assume e torna os seus filhos vossos filhos.
O Batismo apaga o pecado original, opera o perdão dos pecados, torna-nos filhos de Deus, irmãos e irmãs de Jesus Cristo, membros da Igreja. Somos irmãos e irmãs uns dos outros e podemos dizer de verdade: "Pai nosso que estais no céu". O Batismo é um começo, primícia de Deus que é preciso fazer frutificar ao longo de toda a vida. Se formos fiéis a Cristo na fé, na esperança e na caridade, então, a graça recebida no Batismo atua em nós e cresce. O Batismo encontra, portanto, a sua plena realização na santidade a que todos somos chamados e que se realiza progressivamente graças ao crescimento da vida de Deus em nós.

Fotografia Cris Rezende
contato@crisrezende.com 





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MARTÍRIO DE JOÃO BATISTA


O “maior nascido de mulher” morreu mártir por ter censurado a Herodes Agripa pela sua conduta desonesta e imoral. Foi vítima da fé e da missão que exerceu. A sua degolação aconteceu na fortaleza de Maqueronte, junto ao Mar Morto, lugar de férias de Herodes. 

O sangue de João Batista sela o seu testemunho em favor de Jesus: com a sua morte, completou a missão de precursor. A Igreja celebra hoje o seu nascimento para o céu, talvez por, nesta data, foi dedicada em sua honra uma antiga basílica, erguida em Sebaste, na Samaria.

Naquele tempo, Herodes tinha mando prender João e pô-lo a ferros na prisão, por causa de Herodíade, mulher de Filipe, seu irmão, que ele desposara. Porque João dizia a Herodes: "Não te é lícito ter contigo a mulher do teu irmão." Herodíade tinha-lhe rancor e queria dar-lhe a morte, mas não podia, porque Herodes temia João e, sabendo que era homem justo e santo, protegia-o; quando o ouvia, ficava muito perplexo, mas escutava-o com agrado. Mas chegou o dia oportuno, quando Herodes, pelo seu aniversário, ofereceu um banquete aos grandes da corte, aos oficiais e aos principais da Galileia. Tendo entrado e dançado, a filha de Herodíade agradou a Herodes e aos convidados. O rei disse à jovem: "Pede-me o que quiseres e eu to darei." E acrescentou, jurando: "Dar-te-ei tudo o que me pedires, nem que seja metade do meu reino." Ela saiu e perguntou à mãe: "Que hei-de pedir?" A mãe respondeu: "A cabeça de João Batista." Voltando a entrar apressadamente, fez o seu pedido ao rei, dizendo: "Quero que me dês imediatamente, num prato, a cabeça de João Batista." O rei ficou desolado; mas, por causa do juramento e dos convidados, não quis recusar. Sem demora, mandou um guarda com a ordem de trazer a cabeça de João. O guarda foi e decapitou-o na prisão; depois, trouxe a cabeça num prato e entregou-a à jovem, que a deu à mãe. Tendo conhecimento disto, os discípulos de João foram buscar o seu corpo e depositaram-no num sepulcro. Marcos 6, 17-29
Marcos coloca a narrativa do martírio de João Batista no caminho de Jesus para Jerusalém, como uma etapa fundamental. Com ela, concluiu-se o ciclo da vida do profeta e preludia-se o martírio de Jesus.

Não devemos deixar-nos impressionar apenas pelos pormenores narrativos, aliás muito sugestivos, desta página de Marcos. O evangelista não pretende evidenciar nem os vícios de Herodes nem a malícia de Herodíade e nem sequer a leviandade da filha. A sua intenção é dar o devido realce à figura de João Batista, que é como que o "mentor" do Nazareno, e mostrar como este grande profeta leva a termo a sua vida do mesmo modo e pelos mesmos motivos que Jesus.

Este é o "pequeno mistério pascal" de João Batista que, depois de experimentar a adversidade dos inimigos do evangelho, conhece agora o silêncio do sepulcro, onde espera a ressurreição.

Das Homilias de São Beda Venerável:
O santo precursor do nascimento, da pregação e da morte do Senhor  mostrou o vigor de seu combate, digno dos olhos divinos, como diz a Escritura:  E se diante dos homens sofreu tormentos, sua esperança está repleta de imortalidade (cf. Sb 3,4).  Temos razão de celebrar a festa do dia do nascimento daquele  que o tornou solene para nós por sua morte, e o ornou com o róseo fulgor de seu sangue. É justo venerarmos com alegria espiritual  a memória de quem selou com o martírio o testemunho que deu em favor do Senhor.

Não há que duvidar, se João suportou o cárcere e as cadeias, foi por nosso Redentor, de quem dera testemunho como precursor. Também por ele deu a vida. O perseguidor não lhe disse que negasse a Cristo, mas que calasse a verdade. No entanto, morreu por Cristo.

Porque Cristo mesmo disse: Eu sou a verdade (Jo 14,6);  por conseguinte, morreu por Cristo  já que derramou o sangue pela verdade. Antes, quando nasceu, pregou e batizou, dava testemunho de quem iria nascer, pregar, ser batizado.  Também apontou para aquele que iria sofrer, sofrendo primeiro.

Um homem de tanto valor terminou a vida terrena pela efusão do sangue, depois do longo sofrimento da prisão.  Aquele que proclamava o Evangelho da liberdade e da paz celeste, foi lançado  por ímpios às cadeias;  foi fechado na escuridão do cárcere  quem veio dar testemunho da luz e por esta mesma luz, que é Cristo, tenha merecido ser chamado de lâmpada ardente e luminosa.  

Foi batizado no próprio sangue aquele a quem tinha sido dado batizar o Redentor do mundo, ouvir sobre ele  a voz do Pai, ver descer a graça do Espírito Santo.  Contudo, para quem tinha conhecimento de que seria  recompensado  pelas alegrias perpétuas não era insuportável sofrer tais tormentos  pela verdade, mas, pelo contrário,  fácil e desejável.

Considerava desejável aceitar a morte, impossível de evitar por força da natureza, junto com a palma da vida perene, por ter confessado o nome de Cristo. Assim disse bem o Apóstolo:  Porque vos foi dado por Cristo não apenas crer nele, mas ainda sofrer com ele (Fl 1,29).  Diz ser dom de Cristo que os eleitos sofram com ele, conforme diz também:  Os sofrimentos desta vida não se comparam à futura glória que se revelará em nós  (Rm 8,18).
Liturgia das Horas  IV, p.  1237-1239



"Ó glorioso S. João Batista, pregador corajoso e coerente da verdade, intercede por nós e por todos quantos, na Igreja, são chamados a exercer a missão profética. Que a exerçam com clareza, com coerência de vida, com coragem, dispostos a selar com o próprio sangue o seu testemunho. Que todos os homens apostólicos se assemelhem a ti, a fim de prepararem os caminhos do Senhor, entre os caminhos dos homens de hoje. Que o fogo da caridade divina arda em nossos corações, para sermos zelosos e perseverantes no testemunho do seu amor e no serviço da reconciliação". Amem






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terça-feira, agosto 27, 2013

SANTA MÔNICA E SANTO AGOSTINHO


Santa Mônica, a quem a Igreja recorda no dia 27 de agosto, com sua maneira exemplar de viver “sua missão de esposa e mãe”: por um lado, ajudando seu marido Patrício a descobrir a beleza da fé em Cristo e a força do amor evangélico.

O próprio Santo Agostinho, que ao princípio fez a sua mãe sofrer com seu temperamento rebelde, reconhecia que ela lhe havia gerado duas vezes, a segunda exigiu uma longa tribulação espiritual, feita de oração e de lágrimas, mas coroada ao final pela alegria de vê-lo não só abraçar a fé e receber o Batismo, mas também dedicar-se inteiramente ao serviço de Cristo.

Em um fatigoso itinerário, e com ajuda da oração de sua mãe, Agostinho abriu-se cada vez mais à plenitude da verdade e do amor, e ao final, não sem uma longa tempestade interior, descobriu em Cristo o sentido último e pleno da própria vida e de toda a história humana.

“O último dos antigos” e o “primeiro dos modernos”, santo Agostinho foi o primeiro filósofo a refletir sobre o sentido da história, mas tornou-se acima de tudo o arquiteto do projeto intelectual da Igreja Católica.

“Amando o próximo e cuidando dele, vais percorrendo o teu caminho. Ajuda, portanto, aquele que tens ao lado enquanto caminhas neste mundo, e chegarás junto daquele com quem desejas permanecer para sempre.” Santo Agostinho

As obras mais importantes de santo Agostinho são De Trinitate (Da Trindade), sistematização da teologia e filosofia cristãs, divulgada de 400 a 416 em 15 volumes; De civitate Dei (Da cidade de Deus), divulgada de 413 a 426, em que são discutidas as questões do bem e do mal, da vida espiritual e material, e a teologia da história; Confessiones (Confissões), sua autobiografia, divulgada por volta de 400; e muitos trabalhos de polêmica (contra as heresias de seu tempo), de catequese e de uso didático, além dos sermões e cartas, em que interpreta minuciosamente passagens das Escrituras.
No pensamento de santo Agostinho, o ponto de partida é a defesa dos dogmas (pontos de fé indiscutíveis) do cristianismo, principalmente na luta contra os pagãos, com as armas intelectuais disponíveis que provêm da filosofia helenístico-romana, em especial dos neoplatônicos como Plotino. 

Para pregar o novo Evangelho, é indispensável conhecer a fundo as Escrituras, que só podem ser bem interpretadas através da fé, pois apenas esta sabe ver ali a revelação de verdades divinas. Compreender para crer e crer para compreender, tal é a regra a seguir.

Uma contribuição decisiva é sua doutrina sobre a Santíssima Trindade. Para Agostinho a unidade das três pessoas é perfeita: não se podem separar, nem uma se subordina à outra, como defenderam Orígenes e Tertuliano, mas a natureza divina seria anterior ao aparecimento das três pessoas; estas se apresentam como os três modos de se revelar o mistério de Deus. A alma, para santo Agostinho, se confunde com o pensamento, e sua expressão, sua manifestação é o conhecimento: por meio deste a alma — ou o pensamento — se ama a si mesma. Assim, o homem recompõe nele próprio o mistério da Trindade e se vê feito à imagem e semelhança de Deus: se ele ama e se conhece dessa maneira, ele conhece e ama a Deus, conseqüentemente mais interior ao ser humano do que este mesmo.

A salvação do homem, na teologia agostiniana, é algo completamente imerecido e que depende tão só da graça de Deus; graça que, no entanto, se manifesta aos homens por meio dos sacramentos da igreja visível, católica.
Uma das mais belas concepções de santo Agostinho é a da cidade de Deus. Amando-se uns aos outros no amor a Deus, os cristãos, embora vivam nas cidades temporais, constituem os habitantes da eterna cidade de Deus. Na aparência, ela se confunde com as outras, como o povo cristão com os outros povos, mas o sentido da história e sua razão de ser é a construção da cidade de Deus, em toda parte e todo tempo. 

A obra de santo Agostinho, em si mesma imensa, de extraordinária riqueza, antecipa, além disso, o cartesianismo e a filosofia da existência; funda a filosofia da história e domina todo o pensamento ocidental até o século XIII, quando dá lugar ao tomismo e à influência aristotélica. Voltando à cena com os teólogos protestantes (Lutero e, sobretudo, Calvino), hoje é um dos alicerces da teologia dialética. Santo Agostinho morreu em Hipona, em 28 de agosto de 430. E nessa data, 28 de agosto, é festejado como doutor da igreja.


Ninguém falou melhor do lado de Jesus aberto pela lança para daí deixar escapar o sangue e a água, símbolo dos sacramentos e da Igreja. Viu nas chagas de Jesus um refúgio para a nossa alma. 

As belas invocações da oração Anima Christi são tiradas das suas efusões de amor para com o Salvador: "Água do lado de Jesus, dizia, purificai-me. – Jesus, escondei-me nas vossas chagas". 

Quem melhor do que ele cantou o amor de Deus? - "Ó Deus, dizia, é possível a alguém saber que sois Deus e que vos não ame? – Ó beleza sempre antiga e sempre nova, tarde vos conheci, tarde vos amei! – Fizestes-nos para vós, Senhor, e o nosso coração está sempre agitado, enquanto não repousa em vós". 

A regra composta por ele para a sua ordem religiosa foi justamente chamada a regra de amor.

Alma de Cristo, santifica-me
Corpo de Cristo, salva-me
Sangue de Cristo, extasia-me
Água que vem de Cristo, lava-me
Paixão de Cristo, conforta-me
Ó bom Jesus, escute-me
Entre suas feridas, esconde-me
Não permita que me separe de ti
E dos exércitos do maligno, defenda-me
E na hora da Morte, chama-me
E deixe-me ir a ti
e Com teus santos, louvar a ti
Pelos séculos dos séculos
Amém
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RASTROS DE LUZ: DOM LUCIANO MENDES E DOM HELDER CÂMARA


O arcebispo marianense, Dom Luciano Pedro Mendes de Almeida, é lembrado pela sua grandeza espiritual. Não foi apenas bispo, mas também companheiro, pastor, irmão de todos, doce e amável no trato. Quem o conheceu teve dele uma acolhida marcante e ímpar. Dia 27 de agosto remonta àquele de 6 anos atrás, quando este grande homem despedia-se deste mundo e adentrava aos céus com as palavras “Deus é bom!”
Ele teve uma atuação que se projetou
 em toda a América Latina e em
 muitos países na Europa, 
especialmente na Itália. Dom Luciano
 é um dos iniciadores da
 Pastoral do Menor no Brasil e 
marcou muito a arquidiocese de Mariana.
O “bispo dos pobres” como era comumente chamado viveu sua fé na radicalidade e por isso se tornou um eco profundo de que se deve acreditar em Deus e  colocar em prática os valores evangélicos. Ele sabia como ninguém amalgamar a vida e a oração, não apenas em sua expressão verbal ou declarativa; mas plena na ação real e concreta. Ele soube, em meio às dores físicas e espirituais, aceitar a cruz por si mesma, pelos outros, pelos sofredores anônimos que padecem e por isso tocaram com profundidade a alma de Dom Luciano.

As palavras, os gestos, a vida de Dom Luciano colocam em xeque as nossas palavras, gestos e a nossa vida. O bispo marianense sofria de alto senso de dignidade humana, que, muitas vezes, era incompreendido. Ele sofria com o outro, comportava-se com os outros tratando todos como iguais, dignos de confiança. Ele via em cada pessoa uma criatura amável e admirável. Por tudo isso, ele foi deixando um rastro de luz por onde passou.

Em São Paulo teve uma atuação muito importante, especialmente junto às crianças e menores. Ele é um dos iniciadores da Pastoral do Menor no Brasil e marcou muito a arquidiocese de Mariana. O clero e o povo de Mariana têm uma profunda veneração por dom Luciano. Um sinal disso é a visitação de seu tumulo, na cripta da Catedral de Mariana, onde há sempre pessoas em oração.
"Quando encaminhamos o pedido a Santa Sé para a autorização ao início do processo de beatificação, pudemos contar com o apoio de mais de 300 bispos que subscreveram este pedido enviado à Congregação para as causas dos Santos. Estamos aguardando a resposta, sabemos que estes processos caminham muito lentamente". Dom Geraldo Lyrio Rocha

É também neste dia, que nossas memórias se misturam pela lembrança de outra figura singular, Dom Helder Câmara, que foi arcebispo de Olinda e Recife. 
Ambos, dom Luciano e dom Helder, souberam viver neste mundo a diaconia cristã, do serviço fraterno, alegre e impetuoso, pois eram tomados pela fé em Cristo e em seu projeto de salvação. 

Na expressão completa de fidelidade ao Evangelho, sabiam que o mundo, sofrido, complexo, pluricultural, midiático e ideário, é espaço absoluto e completo da ação do evangelizador. 
O arcebispo foi, também, um dos
 fundadores da Conferência Nacional 
dos Bispos do Brasil (CNBB), em 1952. 
A congregação abraçou as suas idéias
 e se tornou a primeira entidade episcopal
 da Igreja Católica no mundo a interpretar
 o Evangelho sob o prisma das questões sociais,
atuando diretamente nos setores populares, 
principalmente por meio das 
Comunidades Eclesiais de Base (CEBs).
Souberam anunciar as verdades da fé cristã no amor ao pobre, ao sofredor, à criança órfã, ao doente abandonado, ao faminto que clamava um pedaço de pão...
Caracterizam estes santos homens a expressão de que souberam revestir-se de cotidiano as verdades eternas do Reino prometido. Esta atitude exige ser tomado pela pura humildade na mais completa atitude de ser servidor, tornando presente o amor de Jesus aos simples e pequenos. 
Dom Hélder e Dom Luciano também ensinaram o verdadeiro significado do amor. Eles não aprenderam a amar nas universidades (Dom Luciano era jesuíta e Doutor em Filosofia, e Dom Hélder foi formado no rigor disciplinar da formação lazarista e tinha uma inteligência extraordinária). 

Eles aprenderam a amar quando se dispuseram a amar mais as pessoas do que os ofícios que exerciam: despojaram de todo espírito de superioridade e prepotência e revestiram-se do espírito de Cristo. Servindo aos pobres aprenderam a levar uma vida humilde e simples.

Eram profeticamente comprometidos com as causas dos pobres e com a promoção da justiça e da paz.

No dia 27 de agosto de 1999, aos 90 anos de idade, Dom Helder entregou-se definitivamente nos braços do Pai. Na mesma data do ano de 2006, aos 75 anos, Dom Luciano viveu a mesma experiência pascal.

O testemunho destes santos Bispos chama a atenção para a necessidade de a Igreja escutar os profetas, pois sem eles não há profecia e sem esta não há Reino de Deus. Escutemos, pois, os profetas e convertamo-nos.


CNBB / NEWS.VA



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AOS CATEQUISTAS, COM GRATIDÃO!


Logo depois de termos celebrado a Semana Nacional da Família, quando nossas famílias foram convidadas a serem transmissoras da nossa fé, dentro do tema do Mês das Vocações que está em sintonia com o tema da JMJ Rio 2013, gostaria de fazer chegar a todos os catequistas uma mensagem especial pelo seu dia, neste último final de semana de agosto, refletindo acerca de sua importante missão. Catequista, você é uma pérola especial e um tesouro para Deus e sua amada Igreja. A sua singular vocação foi gerada no coração de Deus Pai, para que pudesse chegar aos corações dos seus filhos e filhas com a mensagem da vida – Jesus Cristo. Catequista, você não é apenas um transmissor de ideias, conhecimentos, doutrina ou, mais ainda, um professor de conteúdos e teorias, mas é um canal da experiência viva do encontro intrapessoal com a pessoa de Jesus Cristo.

Essa experiência é comunicada pelo Ser, Saber e Saber Fazer em comunidade, no coração da missão catequética. O ser e o saber do catequista se fundamentam numa dinâmica divina pautada na espiritualidade da gratuidade, da confiança, da entrega, da certeza de que somos impulsionados pelo Espírito Santo, fortalecidos pelo Cristo e amparados pelo Pai.

Catequista, com certeza são muitos, grandes e difíceis os desafios hoje de nossa catequese. Vivemos numa realidade que muitas vezes é contrária àquilo que anunciamos em nossa missão de levar e testemunhar a mensagem de Jesus Cristo. Mas temos a certeza de que não caminhamos sozinhos, somos assistidos pela grande catequista, a Virgem Santíssima.

Por isso, peço-lhe que a experiência do encontro com Jesus Cristo seja a força motivadora capaz de lhe trazer o encantamento por esse fascinante caminho de discipulado, cheio de desafios, mas que o faz crescer e acabam gerando profundas alegrias.

"A catequese é uma educação da fé das crianças, dos jovens e dos adultos, a qual compreende especialmente um ensino da doutrina cristã, dado em geral de maneira orgânica e sistemática, com o fim de iniciá-los na plenitude da vida cristã" (CT). Ensina o Catecismo da Igreja Católica: "no centro da catequese encontramos essencialmente uma Pessoa, a de Jesus Cristo de Nazaré, Filho único do Pai...”(cf CIC 1992). A finalidade definitiva da catequese é levar à comunhão com Jesus Cristo: só Ele pode conduzir ao amor do Pai no Espírito e fazer-nos participar da vida da Santíssima Trindade. Todo catequista deveria poder aplicar a si mesmo a misteriosa palavra de Jesus: 'Minha doutrina não é minha, mas Daquele que me enviou' (Jo 7,16) (CIC, 426-427).

Catequista, acolha, neste dia, nosso afetuoso abraço de gratidão de nossa amada mãe Igreja, nos seus bispos, padres e de milhares de pessoas, vidas agradecidas pela sua presença na educação da fé de nossos catequizandos, crianças, adolescentes, jovens e adultos. Em sua ação se traduz, de uma forma única e original, a vocação da Igreja-Mãe que cuida maternalmente dos filhos que gerou na fé, pela ação do Espírito.
Parabéns catequistas!

Poderíamos dizer muitas coisas, palavras eloquentes e profundas, mas uma só é necessária: Deus lhe pague! E que a Força da Palavra continue a suscitar-lhe a fé e o compromisso missionário!

Que a comunidade continue sendo o referencial da experiência do encontro com Cristo naqueles que sofrem, naqueles que buscam acolhida e necessitam ser amados, amparados e cuidados.
A ternura amorosa do Pai, a paz afável do Filho e a coragem inspiradora do Espírito Santo que cuida com carinho dos seus filhos e filhas, que um dia nos chamou a viver com alegria a vocação de catequista discípulo missionário, estejam na sua vida, na vida da sua comunidade hoje e sempre!

Dom Orani João Tempesta
Arcebispo da Arquidiocese da Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro






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domingo, agosto 25, 2013

SEM RENÚNCIA NÃO SE GANHA NEM ESTA VIDA, NEM A VIDA ETERNA.


De acordo com o relato de Lucas, um desconhecido faz a Jesus uma pergunta frequente naquela sociedade religiosa: "São poucos os que se salvam?" Jesus não responde diretamente à sua pergunta. Não lhe interessa especular sobre esse tipo de questões estéreis, tão ao gosto de alguns mestres da época. Vai diretamente ao essencial e decisivo: como devemos atuar para não ficarmos excluídos da salvação que Deus oferece a todos?

"Esforçai-vos por entrar pela porta estreita". Estas são suas primeiras palavras. Deus abre a todos a porta da vida eterna, porém devemos nos esforçar e trabalhar para entrar por ela. Esta é a atitude sadia. Confiança em Deus, sim; frivolidade, despreocupação e falsas seguranças, não.


21º Domingo do Tempo Comum - Ano C
Homilia de Padre Marcos Belizário Ferreira
Lucas 13,22-30
É sem dúvida, uma das frases mais duras de Jesus para os ouvidos do homem contemporâneo: “esforçai-vos por entrar pela porta estreita”. O que pode significar hoje esta exortação evangélica? Jesus exorta ao esforço e à renúncia pessoal como atitude indispensável para salvar a vida.

Não podia ser de outra maneira. Embora a sociedade permissiva pareça esquecê-lo, o esforço e a disciplina são absolutamente necessários. Não há outro caminho. Se alguém pretende conseguir sua realização pelo caminho do agradável e prazeroso, logo descobrirá que é cada vez menos dono de si mesmo. Ninguém alcança na vida uma meta realmente valiosa sem renúncia e sacrifício.

Esta renúncia não deve ser entendida como uma maneira estúpida de prejudicar-se a si mesmo, privando-se da dimensão prazerosa contida num modo de viver saudável. Trata-se de assumir as renúncias necessárias para viver de maneira digna e positiva.

Assim, por exemplo, a verdadeira vida é harmonia. Coerência entre o que creio e o que faço. Nem sempre é fácil esta harmonia pessoal. Viver de maneira coerente comigo mesmo exige renunciar ao que contradiz minha consciência. Sem esta renúncia, a pessoa não cresce.

A vida é também verdade. Ela tem sentido quando a pessoa ama a verdade, busca-a e anda atrás dela. Mas isto exige esforço e disciplina e renúncia a tanta mentira e autoengano que desfiguram nossa pessoa e nos fazem viver numa realidade falsa. Sem esta renúncia não há vida autêntica.

A vida é amor. Quem vive fechado em seus próprios interesses, escravo de suas ambições, poderá conseguir muitas coisas, mas sua vida é um fracasso. O amor exige renunciar a egoísmos, invejas e ressentimentos. Sem esta renúncia não há amor, e sem amor não há crescimento da pessoa.

A vida é dom, mas é também tarefa. Ser humano é uma dignidade, mas é também um trabalho. Não há grandeza sem desprendimento; não há liberdade sem sacrifício; não há vida sem renúncia. 

Um dos erros mais graves da sociedade permissiva é confundir a “felicidade”com a “facilidade”. A advertência de Jesus conserva toda a sua gravidade também em nossos dias. Sem renúncia não se ganha nem esta vida nem a vida eterna.
Cf José Antonio Pagola

JESUS, DIVINO MESTRE, QUE CHAMASTES APÓSTOLOS E DISCÍPULOS PRA VOS SEGUIR, CONTINUAI A PASSAR PELOS NOSSOS CAMINHOS, PELAS NOSSAS FAMÍLIAS E PELAS NOSSAS ESCOLAS E REPETI O CONVITE AOS NOSSOS JOVENS E ÀS PESSOAS DE BOA VONTADE.

DAI CORAGEM E FORÇA AOS CONVIDADOS PARA QUE SEJAM FIÉIS COMO APÓSTOLOS LEIGOS, COMO SACERDOTE, RELIGIOSOS E RELIGIOSAS, PARA O BEM DO POVO DE DEUS E DE TODA A HUMANIDADE.
VÓS, QUE VIVEIS E REINAIS PARA SEMPRE. AMÉM










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sábado, agosto 24, 2013

SANTA ROSA DE LIMA, VIRGEM - Padroeira da América Latina

AOS MUDOS E CEGOS DÁ VOZ E VISÃO, E A TODOS SOCORRE COM SUA ORAÇÃO.
COM ROSA A TRINDADE, NA TERRA, LOUVEMOS; COM ELA NO CÉU, UM DIA CANTEMOS.

Nasceu em Lima (Peru) no ano 1586; já durante o tempo que viveu em sua casa, dedicou-se de modo invulgar à prática das virtudes cristãs; mas quando tomou o hábito da Ordem Terceira de São Domingos, fez os maiores progressos no caminho da penitência e da contemplação mística. Morreu no dia 24 de agosto de 1617.

ISABEL, QUE SE TORNOU ROSA DE SANTA MARIA...
Seu nome de batismo era Isabel Mariana de Jesus Paredes Flores y Oliva.
Ela era descendente de conquistadores espanhóis, foi a terceira dos onze filhos do próspero casal Gaspar de Flores, um espanhol que prestava serviço ao Vice-Rei do Peru como arcabuzeiro, e de Maria de Oliva, uma distinta senhora que vivia em Lima.

Isabel nasceu na Vila de Quives, na cidade de Lima, capital do Peru, no dia 30 de abril do ano de 1586.
Na casa de seus pais vivia uma índia que se chamava Mariana. Como criada, ela ajudava Dona Maria de Oliva nos serviços domésticos e era muito prestativa. Num dia em que toda a família estava reunida, Mariana dirigiu-se a Isabel exclamando: "Você é bonita como uma rosa!
A família inteira ouviu a afirmação e todos concordaram com a fiel índia. Dai surgiu o apelido de "Rosa". A extraordinária beleza de Isabel motivou a mudança de seu nome. Sua mãe mesma, ao ver aquele rosto rosado e belo, começou a chamar a filha de "Rosa".
De Isabel ela passou a ser chamada de Rosa. E um dia a menina mesma mostrou como gostaria de ser chamada: Rosa de Santa Maria.
Bem mais tarde ainda, Isabel Mariana de Jesus Paredes Flores y Oliva tornou-se conhecida no mundo todo pelo título que a Santa Igreja lhe deu: Rosa de Lima, ou melhor, Santa Rosa de Lima!"

MILAGRES, SOFRIMENTOS E ESPÍRITO MISSIONÁRIO
Aqueles que com ela conviveram ou escreveram sua biografia afirmam que, ainda em vida, era grande intercessora junto a Deus e por sua mediação foram atribuídos acontecimentos e fatos prodigiosos. Entre aqueles que atestam sua poderosa intercessão ainda em vida, encontramos Frei Juan de Lorenzana que, além de ter convivido com Rosa, foi confessor da Santa. Ela tinha dons e carismas especiais, afirma.
A ela são atribuídos milagres de curas, de conversões, de propiciações de chuvas e amenizações do clima. Todos eles são unanimes em admitir que suas orações foram que impediram que Lima fosse invadida por piratas holandeses em 1615.
Apesar de ter sido agraciada com experiencias místicas incomuns e com o dom dos milagres, nunca lhe faltou as dificuldades na vida. Em toda sua vida, a cruz foi sua companheira inseparável.

Ela aproveitou-se de sua vida crucificada para, de certo modo, compartilhar com os sofrimentos do Divino Salvador. Eram sofrimentos provindos, muitas vezes de incompreensões gratuitas e perseguições descabidas, sem falar de sofrimentos físicos, das agudas dores causadas por uma prolongada doença que a acompanhou até o final de seus dias.

Seus sofrimentos pareciam inexplicáveis. E ela tentava mostrar seus sentimentos e não sabia como: "Posso explicá-los só com o silêncio" e admitia: "eu não acreditava que uma criatura pudesse ser acometida de tão grandes sofrimentos". Finalmente, as atitudes que tomava demonstravam que, por amor a Deus, ela tinha uma aceitação plena de tudo que lhe era oferecido pela Providencia Divina: --- "Meu Deus, podes aumentar os sofrimentos, contanto que aumentes meu amor por ti", dizia ela, enquanto rezava.

Rosa era particularmente devota de Nossa Senhora e pedia insistentemente à Santa Mãe de Deus pelo crescimento da Igreja, sobretudo entre os indígenas americanos.

Era tão grande seu amor apostólico pelos índios que em certa ocasião afirmou que, se não fosse mulher, seria um missionário entre esses seres que também foram redimidos pelo sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo. Como missionário, ela acreditava poder dedicar-se inteiramente à salvação de todos eles, poderia fazer por eles ainda mais do que já fazia.

UM MOSTEIRO NO QUINTAL DA CASA
No jardim e quintal da casa de seus pais, edificou um eremitério.  Construiu para si uma pequena e estreita cela e passou a levar uma vida religiosa de austeridade, de mortificação e de abandono à vontade de Deus.
Praticava a penitencia e castigava seu corpo com jejuns constantes consumindo o mínimo necessário de alimentos para sua sobrevivência. Quase não bebia água.
Sua cama era um tábua coberta com um saco de estopa.

Na simplicidade de vida de leiga que levava, foi modelo de vida de penitencia, de pureza ilibada, de oração perseverante e do contínuo serviço espiritual e material aos irmãos.

Ela conseguiu eliminar de sua vida todo orgulho, amor próprio e vaidade, tendo sido cumpridas nela as palavras de Cristo: "Quem se humilha será exaltado". Meditava com frequência e ao olhar para o crucifixo. 

Dentro da vida austera, pobre e alegre que levava, seu coração voava. E em seus voos contemplativos ela admirava a beleza das coisas criadas à imagem e semelhança do Criador e a Ele prestava louvor, honra e glória.

De fato, dentro e sua vida simples e de abandono à vontade de Deus, alcançou um alto grau de vida contemplativa e de experiência mística. Compreendeu em profundidade o mistério da paixão e morte de Nosso Senhor Jesus Cristo. Suas orações e penitências conseguiram converter muitos pecadores. 
Rosa de Santa Maria foi extremamente bondosa e caridosa para com todos, especialmente para com os índios e negros, aos quais prestava os serviços mais humildes em caso de doença. Frequentemente visitava os enfermos e os pobres.
NÚPCIAS ETERNAS E CANONIZAÇÃO
Todos os anos, na festa de São Bartolomeu, Rosa passava o dia inteiro em oração. Quando lhe perguntavam por que aquela data a deixava tão contemplativa, mais orante e mais posta nas mãos de Deus, ela dava uma resposta que seus ouvintes não chegavam a compreender bem: - "É porque este é o dia das minhas núpcias eternas", dizia.

A cada 24 de agosto o fato se repetia. E os que a cercavam continuavam sem entender. Isso aconteceu até o ano de 1617. Rosa vinha suportando uma grave enfermidade que insistia em não abandoná-la. No dia de São Bartolomeu desse ano, ela morreu. Tinha apenas 31 anos.
Como ela havia anunciado, aconteceu o que ela já previra: o dia 23 e agosto seria o dia de seu encontro eterno com Deus, seria o dia de suas "núpcias eternas" com Nosso Senhor Jesus Cristo! Suas últimas palavras foram: - Jesus está comigo!

O Peru inteiro chorou sua morte. Seu sepultamento foi apoteótico. Seu túmulo, os locais onde viveu e trabalhou pela Igreja bem cedo tornaram-se locais de peregrinações. Muitos milagres começaram a acontecer. A beatificação de Rosa de Santa Maria deu-se no ano de 1667, logo no primeiro ano do pontificado do Papa Clemente IX.

A concretização de sua canonização demorou um pouco mais para acontecer. O Papa Clemente X relutava em elevá-la à glória dos altares. Mas o Papa convenceu-se de que deveria canonizá-la depois que presenciou uma milagrosa chuva de pétalas de rosas que caiu sobre ele e que todos atribuíram à ação da Beata Rosa de Santa Maria.

Clemente X a canonizou em 12 de abril de 1671.

ROSA, A MENINA QUE UM DIA FOI CRISMADA POR SÃO TURÍBIO DE MONGROVEJO, PASSOU A SER CONHECIDA NO MUNDO CATÓLICO COMO SANTA ROSA DE LIMA. ERA A PRIMEIRA MULHER DA AMÉRICA A RECEBER ESSA HONRA TÃO EXCELSA. SANTA ROSA DE LIMA É A PADROEIRA DA AMÉRICA LATINA E DAS FILIPINAS. (JSG)

DOS ESCRITOS DE SANTA ROSA DE LIMA, VIRGEM
CONHEÇAMOS A SUPEREMINENTE CARIDADE DA CIÊNCIA DE CRISTO
O Senhor Salvador levantou a voz e com incomparável majestade disse: “Saibam todos que depois da tribulação se seguirá a graça; reconheçam que sem o peso das aflições não se pode chegar ao cimo da graça; entendam que a medida dos carismas aumenta em proporção da intensificação dos trabalhos. Acautelem-se os homens contra o erro e o engano; é esta a única verdadeira escada do paraíso e sem a cruz não há caminho que leve ao céu”.

Ouvindo estas palavras, penetrou-me um forte ímpeto como de me colocar no meio da praça e bradar a todos, de qualquer idade, sexo e condição: “Ouvi, povos; ouvi, gentes. A mandado de Cristo, repetindo as palavras saídas de seus lábios, quero vos exortar: Não podemos obter a graça, se não sofrermos aflições; cumpre acumular trabalhos sobre trabalhos, para alcançar a íntima participação da natureza divina, a glória dos filhos de Deus e a perfeita felicidade da alma”.

O mesmo aguilhão me impelia a publicar a beleza da graça divina; isto me oprimia de angústia e me fazia transpirar e ansiar. Parecia-me não poder mais conter a alma na prisão do corpo, sem que, quebradas as cadeias, livre, só e com a maior agilidade fosse pelo mundo, dizendo: “Quem
dera que os mortais conhecessem o valor da graça divina, como é bela, nobre, preciosa; quantas riquezas esconde em si, quantos tesouros, quanto júbilo e delícia! Sem dúvida, então, eles empregariam todo o empenho e cuidado para encontrar penas e aflições! Iriam todos pela terra a procurar, em vez de fortunas, os embaraços, moléstias e tormentos, a fim de possuir o inestimável tesouro da graça. É esta a compra e o lucro final da paciência. Ninguém se queixaria da cruz nem dos sofrimentos que lhe adviriam talvez, se conhecessem a balança, onde são pesados para serem distribuídos aos homens”.
 (Ad medicum Castillo: edit. L. Getino, La Patrona de América, Madrid 1928, pp. 54-55) (Séc.XVII)

NOSSA SENHORA RAINHA DO UNIVERSO

A RAINHA DO CÉU, MÃE DA CABEÇA E DOS MEMBROS DO CORPO MÍSTICO, AUGUSTA SOBERANA E RAINHA DA IGREJA, QUE A TORNA PARTICIPANTE NÃO SÓ DA DIGNIDADE REAL DE JESUS, MAS TAMBÉM DO SEU INFLUXO VITAL E SANTIFICADOR SOBRE OS MEMBROS DO CORPO MÍSTICO.

Essa festividade, paralela a de Cristo Rei, foi instituída por Pio XII em 1955. Era celebrada, até a recente reforma do calendário litúrgico, a 31 de maio, como coroação da singular devo­ção mariana do mês a ela dedicado. Para o dia 22 de agosto estava re­servada a comemoração do Imaculado Coração de Maria, em cujo lu­gar entrou a festa de Maria Rainha do Universo para aproximar a realeza da Vir­gem á sua gloriosa Assunção ao céu.

Este lugar de singularidade e de proeminência, ao lado de Cristo Rei, deriva-lhe dos vários títulos, ilustrados por Pio XII na carta encíclica A Rainha do Céu (11 de outubro de 1954): Mãe da Cabeça e dos membros do Corpo místico, Au­gusta soberana e Rainha da Igreja, que a torna participante não só da dignidade real de Jesus, mas também do seu influxo vital e santificador sobre os membros do Corpo místico.

Evangelho: Lucas 1, 26-38
Naquele tempo, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia chamada Nazaré, a uma virgem desposada com um homem chamado José, da casa de David; e o nome da virgem era Maria. Ao entrar em casa dela, o anjo disse-lhe: “Salve, ó cheia de graça, o Senhor está contigo”. Ao ouvir estas palavras, ela perturbou-se e inquiria de si própria o que significava tal saudação. Disse-lhe o anjo: “Maria, não temas, pois achaste graça diante de Deus. Eis que conceberás e darás à luz um filho, ao qual porás o nome de Jesus. Será grande e vai chamar-se Filho do Altíssimo. O Senhor Deus vai dar-lhe o trono de seu pai David, reinará eternamente sobre a casa de Jacob e o seu reinado não terá fim”. Maria disse ao anjo: “Como será isso, se eu não conheço homem algum?” O anjo respondeu-lhe: “O Espírito Santo virá sobre ti e a força do Altíssimo estenderá sobre ti a sua sombra. Por isso, o menino que vai nascer será chamado santo, Filho de Deus. Também a tua parente Isabel concebeu um filho na sua velhice e já está no sexto mês, ela, a quem chamavam estéril, porque nada é impossível a Deus.” Maria disse, então: “Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra”. E o anjo retirou-se.

Em toda esta bela cena, Deus é o principal ator: fala pelo seu anjo, age de modo criador por meio do Espírito, atualiza-se no “Filho”, que nasce de Maria. Maria é expressão da humildade que se mantém aberta ao mistério de Deus, é enriquecida pelo mesmo Deus, e concretiza a esperança de Israel. Isabel terá toda a razão quando proclamar, dirigindo-se a Maria: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. E donde me é dado que venha ter comigo a mãe do meu Senhor?” (Lc 1, 43). O apelativo “bendita” oferece-nos uma pequena janela que nos permite entrever a senhoria ou realeza de Maria. De fato, é “Bendito seja o Rei que vem em nome do Senhor!” (Lc 19, 37) e “Bendito seja o que vem em nome do Senhor! Bendito o Reino do nosso pai David que está a chegar.” (Mc 11, 9s.). Jesus é o fruto “bendito” do ventre de Maria. O clarão que ilumina a consciência de Maria remete para a senhoria do filho concebido por obra do Espírito Santo, e não tanto para qualquer sua soberania pessoal. Por isso, exulta em Deus, seu salvador (cf. Lc 1, 46ss.).

Somos chamados a contemplar Aquela que, sentada à direita do rei dos séculos, resplandece como rainha e intercede por nós como mãe. A figura da rainha-mãe permanece em muitas culturas populares como protótipo de solenidade, de senhoria, de cordialidade, de benevolência. O culto e a própria iconografia representam espontaneamente Maria na postura de uma rainha, revestida de beleza e de glória, muitas vezes sentada e coroada de estrelas, feita, ela mesma, trono do filho que tem nos braços, o Menino Jesus. 

A liturgia contempla esse ícone de Maria, mãe e rainha. Contempla a ligação de Maria serva a Senhor Deus como participação na realeza de Cristo. Trata-se de uma realeza que é serviço, colaboração com Cristo na salvação da humanidade. A obra de Cristo exigiu a sua morte no Calvário. Junto dele estava a sua mãe. A realeza de Cristo custou-lhe a Paixão e a Morte. A de Maria custou-lhe as dores que a Paixão e a Morte de Jesus lhe causaram.
O povo cristão costuma invocar Maria como Rainha da Paz. Trata-se de uma conotação com o oráculo de Isaías que fala do “príncipe da paz”. Jesus Cristo é a nossa paz, afirma Paulo (cf. Ef 2, 14). Maria é mãe do príncipe da paz. O Menino que nasceu para nós é o fruto bendito do ventre de Maria, é o Senhor, fonte da paz. A paz é sonho e utopia, que convidam ao acolhimento do Senhor da Paz, Jesus Cristo, filho de Maria. Ela é a Virgem pacificada e operadora de paz. O sonho e a utopia convidam-nos a acreditar em Jesus e a realizar obras de paz, que são testamento seu e dom do Espírito.

O privilégio da maternidade divina de Maria, fonte e a causa das suas grandezas, das suas graças, do seu poder e da sua glória, faz dela a Rainha de todas as criaturas. Veneremo-la, tenhamos confiança nela, amemo-la.

No alto cume dos seres,
Rainha e Virgem estás.
Com tal beleza adornada,
imperas sobre as demais.

Na criação resplandeces
como obra-prima criada,
para gerares o Filho
que te criou, destinada.

Rei purpurado no sangue,
no lenho morre Jesus;
com ele a cruz partilhando,
és Mãe dos vivos, na luz.

De tanta graça repleta,
vela por nós, pecadores;
escuta a voz dos teus filhos,
que hoje te cantam louvores.

Louvor ao Pai e ao Paráclito
e glória ao Filho também,
que te vestiram de graça
no Reino eterno. Amém.
Liturgia das Horas
Sacerdotes do Coração de Jesus - Dehonianos







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sexta-feira, agosto 23, 2013

PAOLO DALL´OGLIO E O INFINDÁVEL COMBATE PELA PAZ por Maria Clara Lucchetti Bingemer

HÁ MUITOS ANOS, EM 1980, O JESUÍTA ITALIANO PAOLO DALL´OGLIO TEVE UM SONHO: REFUNDAR EM PAÍS ÁRABE O MOSTEIRO CATÓLICO SIRÍACO DE MAR MUSA, CHAMADO DE SÃO MOISÉS O ABISSÍNIO, NO DESERTO DE DAMASCO, NA SÍRIA.

O desejo de Paolo era  que fosse uma comunidade orante inter-religiosa, onde as tradições pudessem se reunir, rezar juntas, partilhar a vida e viver realmente em comunidade. E foi então que em 1992, lá instalou a Comunidade religiosa ecumênica mista al-Khalil ( amigo de Deus em árabe), nome bíblico e corânico do patriarca Abraão.
 Sempre apaixonado, enquanto religioso católico, pelo diálogo com o Islã, Paolo dall´Oglio viu-se em meio à guerra que vitima a Síria, seu país de eleição, e viveu isso com extrema dor.  Começou a denunciar abertamente os crimes do regime de Bachar el-Assad e, em consequência, foi expulso do país em junho de 2012. Em julho de 2013, retornou à Síria na parte norte, controlada pelos rebeldes, onde foi capturado com paradeiro ignorado. Sua entrada no país tinha o objetivo de negociar e obter a libertação de vários militantes. 
 Desde então circulam inúmeros boatos sobre seu paradeiro e destino.  Alguns sites da internet, bem como alguns organismos da imprensa internacional já noticiaram sua morte mais de uma vez.  Mas até agora isso não foi comprovado. E foi mesmo desmentido por outras fontes, inclusive pela Chanceler italiana. 

Os que conhecem o religioso que se inculturou de maneira plena na Síria, ali derramando todo o fervor de sua vocação temem por sua vida.  E esse temor se enraíza no fato de conhecerem não apenas o grande amor que tem pelo país, como sua profunda mística que não teme sacrifícios nem riscos para que a paz volte a reinar em sua tão amada Síria.  
A comunidade muçulmana não é externa à minha consciência mais íntima, mas ela é realmente minha carne, meu corpo humano ao qual pertenço, minha comunidade, minha identidade.  Esta guerra civil é insuportável para mim.  Eu gostaria de fazer qualquer coisa para detê-la.”
A comunidade muçulmana não é externa à minha consciência mais íntima, mas ela é realmente minha carne, meu corpo humano ao qual pertenço, minha comunidade, minha identidade.  Esta guerra civil é insuportável para mim.  Eu gostaria de fazer qualquer coisa para detê-la.”

O religioso está consciente e sempre esteve do risco que corria para conseguir que soltassem os reféns e negociar uma pacificação, na cidade de Rakka, ao norte da Síria, que se encontrava naquele momento sob a administração da charia.  Mas pode-se estar seguro igualmente que fosse qual fosse o risco, Paolo não recuaria.  

Para comprová-lo, basta a declaração de seus próximos de que, desde o início da guerra, em uma declaração com sabor crístico, afirmou desejar tomar sobre si todo o sofrimento dos sírios.

Quem viu o recente e admirável filme francês “Homens e deuses” pode bem entender o desejo que brota do coração do místico cristão apaixonado pelo Islã.  Seu compromisso com a comunidade muçulmana que vive no país de sua eleição e se tornou sua comunidade o leva até o extremo de desejar sofrer em lugar deles.  Ou pelo menos em comunhão com eles.  E não estar fora e a salvo do perigo que corre o povo que ama. 
Na história religiosa da humanidade existem muitas dessas figuras crísticas semelhantes ao Pe. Dall´Oglio.  Simone Weil, na Londres não ocupada em plena Segunda Guerra Mundial, ansiava entrar de novo na França ocupada para poder dar sua vida em comunhão com os que ali padeciam. Etty Hillesum, a jovem judia holandesa citada no sermão de Quarta-feira de cinzas pelo Papa Bento XVI, ofereceu-se voluntariamente para ir ao campo de Westerbork, a fim de ajudar a Deus e ser um bálsamo para as feridas de seu povo. E assim muitos que, seguindo o movimento de kenosis de Jesus, dos santos e dos mártires, foram ao encontro do sofrimento e da morte, a fim de não estar separados do povo ao qual entregaram a vida. 
 A uma jornalista em Rakka, o Pe. Dall´Oglio declarou: “Jejuo e faço o Ramadã para pedir a Deus a graça da unidade para o povo sírio”.  Enquanto rezamos por sua vida, unamo-nos igualmente a ele pedindo para que os sofridos povos árabes, especialmente a Síria e o Egito, possam finalmente conhecer a paz que tanto desejam e que tanto lhes tem sido negada. 


 Copyright 2013 – 
MARIA CLARA LUCCHETTI BINGEMER
Maria Clara Lucchetti Bingemer, teóloga e professora do Centro de Teologia e Ciências Humanas da PUC-Rio, é autora de vários livros como 'Um rosto para Deus' (Ed. Paulus) e, o mais recente, 'O  mistério e o mundo – Paixão por  Deus em tempo de descrença' (Editora Rocco).







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