FESTA NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO, COM MUITA DEVOÇÃO E ORAÇÃO AO SANTO PADROEIRO, MILHARES DE PESSOAS ACOMPANHARAM A PROCISSÃO DE SÃO SEBASTIÃO. 20/01/2014
Saindo às 16h da Igreja dos Capuchinhos, na Tijuca, Zona Norte do Rio,
em direção à Catedral Metropolitana, no Centro, tendo à frente o arcebispo e
futuro cardeal Dom Orani João Tempesta,
acompanhado por bispos, padres e seminaristas e o prefeito do Rio. O arcebispo
discursou sobre a fé cristã e pediu a São Sebastião que os cariocas possam
espalhar o amor ao próximo neste dia de devoção. O dia marcou a abertura do Ano
Arquidiocesano da Caridade.
ANO
DA CARIDADE
A Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro viverá em 2014 o Ano
da Caridade. Trata-se de uma decisão assumida na assembléia final do 11º Plano
de Pastoral e ratificada pelo Arcebispo Dom Orani.
De acordo com o 11º PPC, 2013 foi o Ano da Fé, 2014, ano da Caridade e 2015, da Esperança. Esta foi uma escolha feita pela Igreja no Rio de Janeiro para assumir a grande responsabilidade histórica da Nova Evangelização. Estamos num tempo de fortes transformações, em que os fundamentos maiores da vida de pessoas e povos encontram-se de tal modo abalados que se torna necessário anunciar, testemunhar e irradiar o amor de Deus, mesmo que em meio a situações sofridas e desafiadoras. Esta é uma realidade que o Documento de Aparecida indica com clareza.
Deste modo, a experiência de ter a Fé confirmada (2013) deve se traduzir necessariamente em atitudes de amor ao próximo (2014), sempre com o olhar para o futuro, ainda que o presente possa não se manifestar tão favorável (2015). Nessa seqüência de anos temáticos, encontra-se a milenar sabedoria cristã: amar a Deus (Ano da Fé), amar os irmãos, especialmente os que mais precisam (Ano da Caridade), numa atitude que nunca desiste, apesar das intempéries (Ano da Esperança).
No Ano da Fé, os católicos cariocas ganharam um grande presente: a Jornada Mundial da Juventude. Vivê-la e mesmo prepará-la foi nosso modo de reafirmar em nós e para os demais que Jesus é nosso valor maior. Por isso, fomos, por exemplo, capazes de abrir nossas portas a pessoas vindas de lugares que às vezes nem tínhamos ouvido falar. Foi pela Fé que, mesmo diante de um momento tenso, vivido por todo o Brasil, milhões de jovens caminharam por nossa cidade testemunhando exatamente a pacífica alegria de crer.
Foi pela Fé que
a praia de Copacabana experimentou um silêncio tão grande que o barulho das
ondas soava em nós como o coração de Deus a pulsar de amor. Como foi bonito ver
as comunidades se organizando, as famílias acolhendo, a diferença de culturas e
idiomas sendo vencida e a paz sendo testemunhada.
Ora,
quem ganhou um presente assim tão divino reconhece que este mesmo presente se
tornou também uma grande tarefa: fazer de cada dia, de cada instante, uma
pequena JMJ, onde irmãos se encontram, se ajudam, se solidarizam, se perdoam,
se reconciliam. Um tempo, portanto, de amor e de caridade, dois termos que
nosso idioma distingue, mas que a Escritura Sagrada identifica.
O Ano da
Caridade é, deste modo, um tempo mais do que propício para que sejam
incessantemente tomadas atitudes de amor ao próximo, como consequência do amor
de Deus, do amor a Deus.
No 11º PPC,
existem algumas indicações muito concretas para se viver o Ano da Caridade (nº
135): fortalecer em cada pessoa a importância do amor ao próximo, integrar as
ações e entidades que atuam no âmbito caritativo e trabalhar para que surjam
políticas públicas sempre mais voltadas para o bem comum, com atenção especial
aos mais necessitados. Estas, porém, são apenas as grandes linhas indicativas
para um tempo que, na verdade, nem precisaria existir, pois viver a caridade é
consequência lógica de quem, pela Fé, se descobre amado por Deus e por Ele se
apaixona.
Por isso, cada batizado é, neste 2014, convocado a descruzar os
braços, rever toda a sua vida e perceber o quanto ainda precisa fazer em
benefício do próximo. É um tempo para zerarmos nossa possível calculadora de
boas ações e dizer a nós mesmos: há muito por fazer, pouco fizemos, façamos
juntos. Se bem pensarmos, o Ano da Caridade é um tempo para nos perguntarmos
porque um ano assim. Não será porque não estamos vivendo a Caridade como
deveríamos?
Olhando nossa cidade, encontramos muitas formas de sofrimento. Conhecemos as que saem às ruas ou ganham os noticiários. Imaginemos, porém, o quanto de angústia silenciosa reside nos corações de quem está até mesmo bem perto de nós. O Ano da Caridade se torna, assim, um tempo para rompermos com tudo que destrói a vida, banaliza a existência, desconsidera o ser humano e comercializa a relação com Deus e com o próximo. É um tempo que precisa ser assumido dentro de cada um de nós, através de um firme exame de consciência.
É um tempo para que o grande Amor do
Deus-Amor se manifeste desde os pequenos gestos até aquelas grandes atitudes
que, à semelhança do que aconteceu durante a Jornada Mundial da Juventude,
mudam a história, transformando corações e sociedades.
2014 precisa ser
para os católicos cariocas um tempo para olhar mais em direção ao irmão,
sorrir, parar, escutar, acolher e socorrer. Precisa ser um tempo em que sejamos
capazes, principalmente com atitudes, de dizer a quem quer seja “tua dor é
minha dor”. Precisa ser um tempo em que nossas obras sociais se integrem,
unindo forças, mostrando a capacidade de acolherem mais pessoas.
Precisa ser um tempo em que façamos uma grande revisão de nosso tempo, do modo como usamos o nosso tempo. Tanta correria atropela as pessoas e esmigalha a ternura. O consumismo nos desumaniza, o individualismo nos resseca, a religião comercializada nos ilude. Só o amor ao próximo, com renúncia ao olhar excessivo sobre nós mesmos, é capaz de compreender e acolher Jesus Cristo, ele que, sendo de condição divina, não se fechou em si mesmo, mas se esvaziou até a morte e morte de cruz (cf Filip 2,5ss).
2014 deve ser um
tempo para descobrirmos em nós os bons samaritanos do século XXI (cf. Lc
10,29-37). Deve ser um tempo para fugirmos da tentação de querer “ser cristãos,
mantendo uma prudente distância das chagas do Senhor” (Papa Francisco,
Evangelii Gaudium 270), escondendo-nos em “abrigos pessoais ou comunitários que
permitem manter-nos à distância do nó do drama humano” (idem). A “abertura de
coração é fonte de felicidade porque a felicidade está mais em dar do que em
receber. Não se vive melhor fugindo dos outros, escondendo-se, negando-se a
partilhar, resistindo a dar, fechando-se na comodidade. Isso não é senão um
lento suicídio” (idem, nº 272).
O
Ano da Caridade vai terminar em 23 de novembro, na festa de Cristo Rei. Até lá,
as paróquias, os movimentos e demais associações são convidados a reverem suas
ações a fim de motivar a prática pessoal e comunitária da caridade. Na
quaresma, viveremos a Campanha da Fraternidade, refletindo sobre o flagelo do
tráfico humano. No mês de setembro, deverá ser proposto um gesto comum a todos.
Ao longo do ano, nossa Arquidiocese terá a visita missionária de imagens e
relíquias de alguns santos e beatos cujas vidas foram sinais inequívocos de que
é possível amar o próximo, em especial o que sofre. Quando, enfim, chegarmos à
festa do Cristo Rei, possamos estar com o coração mais próximo do Senhor de
toda Caridade e, quando for o momento, podermos ouvir dele: vinde; estive
fragilizado e me socorreste
(cf Mt 25,31-46).
Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro
Vicariato para a Comunicação Social
Vicariato para a Comunicação Social
Jornalismo Carlos Moioli – ArqRio
Dom Orani João Tempesta - Arcebispo e futuro cardeal
Monsenhor Joel Portella Amado - Coordenador de Pastoral da Arquidiocese do RJ
Monsenhor Joel Portella Amado - Coordenador de Pastoral da Arquidiocese do RJ