quinta-feira, maio 01, 2014

52ª ASSEMBLEIA GERAL DOS BISPOS DO BRASIL

O arcebispo de Aparecida (SP) e presidente da CNBB, cardeal Raymundo Damasceno Assis, presidiu ontem 30/04, a sessão de abertura da 
52ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasil, que prosseguirá até 9 de maio, no Centro de Eventos Padre Vitor Coelho, em Aparecida (SP). Na ocasião, dom Damasceno agradeceu a presença dos participantes e pediu orações pelo evento.
“Acabamos de celebrar a Santíssima Eucaristia, de nos revigorar na fonte do amor, pois é o “amor de Cristo que nos impele” (2 Cor 5,14) a evangelizar. O Papa Francisco, no 5º capítulo da Evangelii Gaudium, dedicado à espiritualidade dos evangelizadores, nos recorda que “a primeira motivação para evangelizar é o amor que recebemos de Jesus, aquela experiência de sermos salvos por Ele que nos impele a amá-Lo cada vez mais. 
Com efeito, um amor que não sentisse a necessidade de falar da pessoa amada, de a apresentar, de a tornar conhecida, que amor seria?
 [...] Como nos faz bem deixar que Ele volte a tocar a nossa vida e nos envie para comunicar a sua vida nova! Sucede então que, em última análise, “o que nós vimos e ouvimos, isso anunciamos” (1 Jo 1,3)” (EG, 264). 

ENTRE OS TEMAS PRIORITÁRIOS, estão os fiéis leigos e leigas e a questão agrária. Dos fiéis leigos e leigas, caros irmãos, recordo uma afirmação do Papa Francisco, que precisa ser tomada em séria consideração. Ele diz que “a tomada de consciência da responsabilidade laical que nasce do Batismo e da Confirmação não se manifesta de igual modo em toda a parte; nalguns casos, porque não se formaram para assumir responsabilidades importantes, noutros por não encontrar espaço nas suas Igrejas particulares para poderem exprimir-se e agir por causa dum excessivo clericalismo que os mantém à margem das decisões” (EG, 102). 
A propósito da questão agrária, quero recordar que nossa palavra de pastores, manifestada colegialmente, se reveste de importância especial. Será ouvida em toda parte, acolhida por muitos, talvez recebida com indiferença, por outros. Mas a nossa palavra de pastores quer ser uma contribuição para o desenvolvimento com justiça social de nosso país, visando somente o bem comum da sociedade brasileira. Vários outros temas e atividades estão em nosso programa, entre os quais destaco a importância da 3ª Assembleia Extraordinária do Sínodo dos Bispos, pela qual o Papa já pediu orações de toda a Igreja.
O Cardeal Raymundo Damasceno Assis, presidiu a Celebração Eucarística de Abertura da 52ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasil.
Na homilia, o cardeal lembrou que a Assembleia tem a marca da alegria das recentes canonizações de São João XXIII,  São João Paulo II e, especialmente, do Apóstolo do Brasil, São José de Anchieta. 
“A santidade é uma vocação universal e as canonizações são um estímulo para nós, pois nos apresentam um modelo de vida cristã”, declarou dom Raymundo.
A partir da liturgia do dia, o cardeal recordou que a razão da alegria cristã foi a plenitude da revelação em Jesus Cristo: “Deus é amor”. “É esta a mensagem que os cristãos devem anunciar hoje no mundo”. Ele também destacou os principais temas que estão na pauta da Assembleia, como a renovação das paróquias e a atuação dos leigos.
 “A IGREJA NO BRASIL QUER, À LUZ DOS 50 ANOS DO CONCÍLIO, AVALIAR E APOIAR A ATUAÇÃO E VOCAÇÃO DOS LEIGOS E LEIGAS, NA IGREJA E NA SOCIEDADE BRASILEIRA”.
Uma marca especial desta 52ª Assembleia Geral da CNBB é a alegria da santidade, causada pelas Canonizações deste último domingo, de S. João XXIII e S. João Paulo II, e pela Canonização de S. José de Anchieta, Apóstolo do Brasil, dia 03 de abril passado. A santidade é uma vocação universal. As canonizações são um estímulo para nós, porque nos oferecem modelos concretos de santidade e intercessores na comunhão do Corpo Místico de Cristo, que é a Igreja.
A  CNBB - por Dom Fernando Areas Rifan
Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney
Do dia 30/04 até 09/05, acontece em Aparecida a 52ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), na qual estou presente com os outros irmãos no episcopado, demonstrando a nossa comunhão eclesial efetiva e afetiva. Que todos os católicos rezem, pois o bom fruto da Assembleia é do interesse de todos!

       A natureza das conferências episcopais foi exposta na Carta Apostólica Apostolos suos, de S. João Paulo II, onde cita o decreto Christus Dominus do Concílio Vaticano II, que considera “muito conveniente que, em todo o mundo, os Bispos da mesma nação ou região se reúnam periodicamente em assembleia, para que, da comunicação de pareceres e experiências, e da troca de opiniões, resulte uma santa colaboração de esforços para bem comum das Igrejas”.
Ensina ele que “a união colegial do Episcopado manifesta a natureza da Igreja... Assim como a Igreja é una e universal, assim também o Episcopado é uno e indiviso, sendo tão extenso como a comunidade visível da Igreja e constituindo a expressão da sua rica variedade. Princípio e fundamento visível dessa unidade é o Romano Pontífice, cabeça do corpo episcopal”.  

        Mas a Conferência Episcopal, instituição eclesiástica, não existe para anular o poder dos Bispos, instituição divina. O Papa emérito Bento XVI, quando Cardeal, falou sobre um dos “efeitos paradoxais do pós-concílio”: “A decidida retomada (no Concílio) do papel do Bispo, na realidade, enfraqueceu-se um pouco, ou corre até mesmo o risco de ser sufocada pela inserção dos prelados em conferências episcopais sempre mais organizadas, com estruturas burocráticas frequentemente pesadas. No entanto, não devemos esquecer que as conferências episcopais... não fazem parte da estrutura indispensável da Igreja, assim como querida por Cristo: têm somente uma função prática, concreta”.
 É, aliás, continua, o que confirma o Direito Canônico, que fixa os âmbitos de autoridade das Conferências, que “não podem agir validamente em nome de todos os bispos, a menos que todos e cada um dos bispos tenham dado o seu consentimento”, e quando não se trate de “matérias sobre as quais haja disposto o direito universal ou o estabeleça um especial mandato da Sé Apostólica”. E recorda o Código e o Concílio: “o Bispo é o autêntico doutor e mestre da Fé para os fiéis confiados aos seus cuidados”. “Nenhuma Conferência Episcopal tem, enquanto tal, uma missão de ensino: seus documentos não têm valor específico, mas o valor do consenso que lhes é atribuído pelos bispos individualmente”.  
           E continua o Papa emérito: “O grupo dos bispos unidos nas Conferências depende, na prática, para as decisões, de outros grupos, de comissões específicas, que elaboram roteiros preparatórios. Acontece, além disso, que a busca de um ponto comum entre as várias tendências e o esforço de mediação dão lugar, muitas vezes, a documentos nivelados por baixo, em que as posições precisas são atenuadas”. E ele recorda que, em seu país, existia uma Conferência Episcopal já nos anos 30: “Pois bem, os textos realmente vigorosos contra o nazismo foram os que vieram individualmente de prelados corajosos. Os da Conferência, no entanto, pareciam um tanto abrandados, fracos demais com relação ao que a tragédia exigia” (A Fé em crise, IV).

A 52ª Assembleia Geral da CNBB reúne até o dia 9 de maio cerca de 350 bispos, vindos de mais de de 270 dioceses brasileiras, e reflete sobre a renovação das paróquias.


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