quinta-feira, maio 29, 2014

A ASCENSÃO DO SENHOR

A festa cai sempre numa quinta-feira da Ascensão, porque a Ressurreição situa-se no domingo, o domingo de Páscoa.
Ora, o Senhor Jesus, depois de lhes ter falado, foi arrebatado aos céus e sentou-se à direita de Deus. 
E eles saíram a pregar por toda parte...
(Mc 16,19). 
Depois, levou-os até Betânia e, erguendo as mãos, abençoou-os. E enquanto os abençoava, distanciou-se deles e era levado aos céus. Eles se prostraram diante dele e depois voltaram a Jerusalém com grande alegria, e estavam continuamente no Templo, louvando a Deus. (Lc 24,50-53).
A Ascensão é correlativa à descida aos infernos. O filho de Deus feito homem, que desceu, por um momento mais baixo que a terra, vai ser elevado ao mais alto dos céus, segundo a simbologia bíblica do alto e do baixo. Na noite de Natal, os anjos cantavam: “Gloria a Deus mais alto dos céus”. Daí por diante, o Filho é associado à gloria de seu Pai.”
A entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, no dia de Ramos, profetizava esta entrada de Jesus no santuário celeste. (Sl 23/24).
Esse acontecimento marca a partida terrestre de Jesus, o ressuscitado. Ele foi crucificado, foi morto, ressuscitou no terceiro dia e, no quadragésimo, subiu aos céus sob os olhos de seus discípulos; e está sentado à direita de Deus, onde participa da gloria de seu Pai.
Esse dia é o ultimo dia em que seus discípulos o veem na terra, mas durante os quarenta dias precedentes, Jesus os fortaleceu a fim de transformá-los de discípulos em Apóstolos da Boa-nova da salvação. Além disso, Ele lhes promete o envio de uma força para acompanhá-los, o Espírito Santo, e permanecer com eles até o fim dos tempos:
Mas o Espírito Santo descerá sobre vós e dele recebereis força. Sereis, então, minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria, e até os confins da terra (At 1,6).
E eis que estou convosco todos os dias, até a consumação do século (Mt 28,20).
A conclusão da vida terrestre de Jesus vai, então, tornar possível sua presença junto aos homens de todos os tempos e de todos os lugares, porque Jesus deixa o mundo, mas não o abandona. Sua ação aí vai permanecer manifesta. Entretanto, para que nós pudéssemos receber o Espírito Santo, Jesus deve deixar o mundo: "No entanto, eu vos digo a verdade: é de vosso interesse que eu parta, pois, se eu não for, o Paráclito não virá a vós; mas se eu for, enviá-lo-ei a vós" (Jo 16,7).
Pode-se notar, aliás, que os discípulos não estão tristes, pois Lucas escreve que eles retornaram a Jerusalém cheios de alegria, e, Marcos, que eles saíram a pregar por toda parte.  
O Espírito Santo já estava agindo neles!
Jesus, desaparecendo fisicamente, permanece presente no mundo sob uma forma nova; cabe a nós saber contatar essa presença que pode ser encontrada nos Sacramentos, de modo particular na Eucaristia, mas também junto de todos os que o invocam rezando de todo coração: “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, ali estou eu no meio deles”, tinha ele dito a seus discípulos 
(Mt 18,20).
Essa festa da Ascensão completa a da Páscoa e anuncia a de Pentecostes, porque prepara a vinda do Espírito Santo, que permitirá que a mensagem de Páscoa se propague para além do círculo dos discípulos. Ela prefigura, assim, o nascimento da Igreja de Cristo. Todas essas três festas fazem uma só: a festa da esperança na Ressurreição, para todos os que abrirem seu coração a fim de receber a mensagem da Boa-nova, do Amor misericordioso de Deus e a puserem em prática com a ajuda do Espírito Santo.
Evangelho (Jo 16,16-20): "Um pouco de tempo, e não mais me vereis; e mais um pouco, e me vereis de novo". Alguns dos seus discípulos comentavam: "Que significa isto que ele está dizendo: ‘Um pouco de tempo e não mais me vereis, e mais um pouco, e me vereis de novo’ e ‘Eu vou para junto do Pai’?".
 Diziam ainda: "O que é esse ‘pouco’? Não entendemos o que ele quer dizer". Jesus entendeu que eles queriam fazer perguntas; então falou: "Estais discutindo porque eu disse: ‘Um pouco de tempo, e não me vereis, e mais um pouco, e me vereis de novo’? Em verdade, em verdade, vos digo: chorareis e lamentareis, mas o mundo se alegrará. Ficareis tristes, mas a vossa tristeza se transformará em alegria".
Momméja, Edith "As festas cristãs, Historia, sentido e tradição/Eduth Momméja - Tradução Margarida Maria Cichelli Oliva]. 1ª ed. São Paulo: Paulus 2014 - Retirado das paginas: 119,120,121 e 122.


ANÚNCIO DA VOLTA
 Jesus anuncia sua ida ao Pai, mas nos dá a esperança de sua volta. Os discípulos se abatem com a tristeza pela partida d’Ele. Jesus os reconforta dizendo que sua tristeza se transformará em alegria. Faz a comparação com as dores do parto e a alegria com o nascimento do filho. Acredito na volta de Jesus nos último dia? Espero essa volta? Essa esperança está apenas nessa vinda futura ou acreditamos que Ele está conosco hoje nesta vida? 
Ele não disse que ficará conosco até o final dos tempos? Aí está a nossa alegria já nesta vida, Jesus está conosco até o fim de nossa existência. Ele está comigo e nos dá o Espírito Santo de Deus para vivamos de conformidade com seu desejo: amando a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmo. Ele mantém uma comunhão de vida conosco como disse várias vezes que estará em nós se estivermos com Ele. João não fala da “Parusia”, mas sim da permanência entre nós, numa comunidade de amor.

VOSSA TRISTEZA SE TRANSFORMARÁ 
EM ALEGRIA 
Hoje contemplamos mais uma vez a palavra de Deus com a ajuda do evangelista João. Nestes últimos dias da Páscoa sentimos uma inquietação especial por viver esta palavra e entendê-la. A mesma inquietação dos primeiros discípulos que se expressa profundamente nas palavras de Jesus —«Um pouco de tempo, e não mais me vereis; e mais um pouco, e me vereis de novo» (Jo 16,16)— concentra a tensão de nossas inquietações de fé, da busca de Deus em nosso dia a dia.
Os cristãos do século XXI sentimos essa mesma urgência que os cristãos do primeiro século. Queremos ver Jesus, precisamos experimentar a sua presença em meio de nós para reforçar a nossa fé, esperança e caridade. Por isso, sentimos tristeza ao pensar que Ele não esteja entre nós, que não podamos sentir e tocar sua presença, sentir e escutar sua palavra. Mas essa tristeza se transforma em alegria profunda quando experimentamos sua presença segura entre nós.
Essa presença, era recordada pelo Papa João Paulo II na sua última Carta encíclica Ecclesia de Eucharistia, concretiza-se —especificamente— na Eucaristia: «A Igreja vive da Eucaristia. Esta verdade não exprime apenas uma experiência diária de fé, mas contém em síntese o próprio núcleo do mistério da Igreja». 
Ela experimenta com alegria, como se realiza constantemente, de muitas maneiras, a promessa do Senhor: `Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo’ (Mt 28,20). (...) A Eucaristia é mistério de fé, e ao mesmo tempo, “mistério de luz”. Quando a Igreja a celebra, os fiéis podem reviver, de algum jeito a experiência dos discípulos de Emaús: «Então se lhes abriram os olhos e o reconheceram (Lc 24,31)». 
Peçamos a Deus uma fé profunda, uma inquietação constante que se sacie na Eucaristia, ouvindo e compreendendo a Palavra de Deus; comendo e saciando a nossa fome no Corpo de Cristo. Que o espirito Santo enche de sua luz a nossa busca de Deus. 
D. Joan Pere PULIDO i Gutiérrez (Sant Feliu de Llobregat, Espanha)


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