Teresa Martin, Carmelita descalça de Lisieux, desejava ardentemente ser missionária. E foi-o, a ponto de poder ser proclamada Padroeira das Missões. O próprio Jesus lhe mostrou como haveria de viver essa vocação: praticando em plenitude o mandamento do amor, haveria de imergir-se no coração mesmo da missão da Igreja, sustentando os anunciadores do Evangelho com a força misteriosa da oração e da comunhão.
Entre os "Doutores da Igreja", Teresa do Menino Jesus é a mais jovem, mas o seu ardente itinerário espiritual demonstra muita maturidade, e as intuições da fé expressas nos seus escritos são tão vastas e profundas, que a tornam digna de ser posta entre os grandes mestres espirituais.
Teresa possui uma universalidade singular. A sua pessoa e a mensagem evangélica da "pequena via" da confiança e da infância espiritual encontraram e continuam a encontrar um acolhimento surpreendente, que transpôs todos os confins.
A influência da sua mensagem compreende, antes de tudo, homens e mulheres cuja santidade ou heroicidade das virtudes a própria Igreja reconheceu, pastores da Igreja, cultores da teologia e da espiritualidade, sacerdotes e seminaristas, religiosos e religiosas, movimentos eclesiais e comunidades novas, homens e mulheres de todas as condições e de todos os continentes. A todos Teresa traz a sua confirmação pessoal que o mistério cristão, do qual ela se tornou testemunha e apóstola fazendo-se na oração, como ela se exprime com audácia, "apóstola dos apóstolos" (Manuscrito A, 56 r), deve ser tomado à letra, com o maior realismo possível, porque tem um valor universal no tempo e no espaço. A força da sua mensagem está na ilustração concreta de como todas as promessas de Jesus encontram plena atuação no crente, que sabe acolher com confiança na própria vida a presença salvífica do Redentor.
No escondimento do seu Carmelo viveu a grande aventura da experiência cristã, até conhecer a largura, o comprimento, a altura e a profundidade do amor de Cristo (cf. Ef 3, 18-19). Deus quis que não permanecessem escondidos os Seus segredos, mas habilitou Teresa a proclamar os segredos do Rei (cf. Manuscrito C, 2 v). Com a sua vida, Teresa oferece um testemunho e uma ilustração teológica da beleza da vida contemplativa, como total dedicação a Cristo, Esposo da Igreja, e como afirmação viva da primazia de Deus sobre todas as coisas.
Teresa do Menino Jesus é não só a mais jovem Doutora da Igreja, mas também a mais próxima de nós no tempo, como que a sublinhar a continuidade com que o Espírito do Senhor envia à Igreja os seus mensageiros, homens e mulheres, como mestres e testemunhas da fé.
Teresa é Mestra para o nosso tempo, sedento de palavras vivas e essenciais, de testemunhos heróicos e críveis. Por isso ela é amada e acolhida também por irmãos e irmãs das outras Comunidades cristãs e até por quem nem sequer é cristão.
Grande é, por isso, a alegria da Igreja, neste dia que coroa as expectativas e as orações de tantos que intuíram, com a riqueza do Doutoramento, este especial dom de Deus e lhe favoreceram o reconhecimento e o acolhimento.
Sim, ó Pai, nós Vos bendizemos, juntamente com Jesus (cf. Mt 11, 25), porque escondestes os Vossos segredos "aos sábios e aos entendidos" e os revelastes a esta "pequenina", que hoje propondes de novo à nossa atenção e à nossa imitação. Obrigado pela sabedoria que lhe destes, tornando-a para a Igreja inteira uma singular testemunha e mestra de vida!
Obrigado pelo amor que derramastes sobre ela, e que continua a iluminar e aquecer os corações, impelindo-os à santidade!
Obrigado pelo amor que derramastes sobre ela, e que continua a iluminar e aquecer os corações, impelindo-os à santidade!
O desejo que
Teresa exprimiu, de "passar o seu Céu fazendo o bem sobre a terra", continua a realizar-se de modo
maravilhoso.
Obrigado, ó Pai,
porque hoje a tornais próxima de nós a novo título, para louvor e glória do
Vosso nome nos séculos. Amém!
São João Paulo II
--
--