A partir de hoje
até o dia do Batismo do Senhor, o domingo seguinte à Epifania, percorreremos com
a fé e o amor seis semanas litúrgicas de “tempo forte” que celebramos a Boa
Notícia: a vinda do Senhor. Advento é um tempo anual
para contemplar a vinda de Cristo ao mundo, esperá-la, desejá-la, prepará-la
nas nossas vidas e, em definitiva, celebrá-la.
Na expectativa do Natal, e com um profundo exame de consciência na espera
do Senhor que vem, preparamos nossa casa para alguém que, longe de ser um
hóspede, é o dono e Senhor do mundo e da nossa vida. O pedido de Isaías — “Ah, se
rompesses os céus e descesses!” — já foi atendido. Basta que abramos as portas
do nosso coração.
Homilia
de Padre Marcos Belizário Ferreira no
PRIMEIRO DOMINGO DO ADVENTO, 2014
Nem sempre é o desespero que destrói em nós a esperança e o desejo de
continuar caminhando diariamente cheios de vida. Ao contrário,
poder-se-ia dizer que a esperança vai se diluindo em nós quase sempre de
maneira silenciosa e quase imperceptível.
Talvez sem dar-nos conta, nossa vida vai perdendo cor e intensidade. Pouco a pouco parece que tudo começa a ser pesado e tedioso. Vamos fazendo mais ou menos o que temos que fazer, mas a vida não “satisfaz”.
Um dia comprovamos que a verdadeira alegria foi desaparecendo de nosso
coração. Já
não somos capazes de saborear o que há de bom, de belo e de grande na
existência
Pouco a pouco tudo foi se complicando para nós. Talvez já não esperemos grande coisa da vida nem de ninguém. Já não cremos nem sequer em nós mesmos.
Tudo parece inútil e quase sem sentido.
A amargura e o mau humor se apoderam de nós cada vez com mais facilidade. Já não cantamos. De nossos lábios não saem senão sorrisos forçados. Faz tempo que não conseguimos rezar.
Talvez comprovemos com tristeza que nosso coração foi se endurecendo e hoje não amamos quase ninguém de verdade. Incapazes de acolher e escutar os que encontramos diariamente em nosso caminho, só sabemos queixar-nos, condenar e desqualificar.
Pouco a pouco fomos caindo no ceticismo , na indiferença ou na “preguiça total”. Tendo cada vez menos forças para tudo o que exige verdadeiro esforço e superação, já não queremos correr novos riscos. Não vale a pena.
Preocuparmos com muitas coisas que nos pareciam importantes, a vida nos foi escapando. Envelhecemos interiormente e algo está a ponto de morrer dentro de nós. O que podemos fazer?
A primeira coisa é despertar e abrir os olhos.
Todos estes sintomas são indício claro de que temos a vida mal projetada. Esse mal-estar que sentimos é o toque de alarme que começou a soar dentro de nós.
A primeira coisa é despertar e abrir os olhos.
Todos estes sintomas são indício claro de que temos a vida mal projetada. Esse mal-estar que sentimos é o toque de alarme que começou a soar dentro de nós.
Nada está perdido. Não podemos de repente sentir-nos bem conosco mesmos, mas podemos reagir. Precisamos perguntar-nos o que é que descuidamos até agora, o que é que precisamos mudar, a que devemos dedicarmos mais atenção e mais tempo. As palavras de Jesus são dirigidas a todos: “Vigiai!” Talvez devamos tomar hoje mesmo alguma decisão.
A Arquidiocese do Rio de Janeiro celebra o Ano da Esperança, instituído pelo
nosso 11º PPC para 2014 e 2015. A Igreja do Brasil nos convida a viver desde agora um tempo de trabalho
pela
paz. A Novena do
Natal nos convoca ao encontro fraterno, no pequeno grupo que reza,
partilha
a vida e se prepara para bem acolher o Senhor.
Paróquia São Conrado
Pároco: Pe Marcos Belizário Ferreira
Imagens: Paula Brasil
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