Dom Fernando Arêas Rifan
Fui convidado pela
Deputada Federal Chris Tornietto, para, no dia 13 de maio, participar de um
evento especial por ela promovido, na Câmara Federal em Brasília, em homenagem
a Nossa Senhora de Fátima, cuja festa se celebrou nesse dia.
No meu discurso laudatório, ressaltei
que os portugueses nos legaram, junto com a civilização, a fé cristã. Suas
caravelas vinham ornadas com a Cruz da Ordem de Cristo. O primeiro monumento
erguido no Brasil foi uma cruz e a primeira cerimônia foi uma Missa, além do
nosso primeiro nome Terra de Santa Cruz. Pedro Álvares Cabral trazia, em sua
nau capitânia, a imagem de Nossa Senhora da Esperança, e, com ela, a devoção a
Nossa Senhora, Mãe de Jesus, Nosso Senhor e Deus, venerada sob diversos
títulos.
Portugal também nos trouxe a devoção a
Nossa Senhora de Fátima. Nessa pequena cidade de Portugal, Maria apareceu a
três pastorinhos, no dia 13 de maio de 1917, há 102 anos atrás. Os milagres que
acompanharam essa aparição foram testemunhados por milhares de pessoas e pelos
jornais da época, até os anticlericais. De lá, essa devoção se espalhou e
chegou ao Brasil. São sempre atuais e dignas de recordação as suas palavras e
seu ensinamento. Aquelas três simples crianças foram os portadores do “recado”
da Mãe de Deus para seus filhos.
Ali, Nossa Senhora nos alerta, entre
outras coisas, contra o perigo do materialismo comunista e seu esquecimento dos
bens espirituais e eternos, erro que, conforme sua predição, vai cada vez mais
se espalhando na sociedade moderna, vivendo os homens como se Deus não
existisse: o ateísmo prático, o secularismo. Todos os sistemas econômicos, se
também adotam o materialismo e colocam o lucro acima da moral e da pessoa
humana, assumem os erros do comunismo e acabam se encontrando na exclusão de
Deus. Sobre isso, no discurso inaugural do CELAM, em 13 de maio de 2007, em
Aparecida, o Papa Bento XVI alertou: “Aqui está precisamente o grande erro das
tendências dominantes do último século... Quem exclui Deus de seu horizonte,
falsifica o conceito da realidade e só pode terminar em caminhos equivocados e
com receitas destrutivas”. Fátima é, sobretudo, a lembrança de Deus e das
coisas sobrenaturais aos homens de hoje.
Aos pastorinhos e a nós, Nossa Senhora
pediu a oração, sobretudo a reza do Terço do Rosário todos os dias, e a
penitência, a mortificação nas coisas agradáveis e lícitas, pela conversão dos
pecadores e pela nossa santificação e perseverança. Explicou que o pecado, além
de ofender muito a Deus, causa muitos males aos homens, sendo a guerra uma das
suas consequências. Lembrança muito válida, sobretudo hoje, quando os homens
perderam o senso do pecado e o antidecálogo rege a vida moderna, como nos
lembrou São João XXIII.
Fátima é o resumo, a recapitulação e a
recordação do Evangelho para os tempos modernos. O Rosário, tão recomendado por
Nossa Senhora, é a “Bíblia dos pobres” (São João XXIII). Sua mensagem é sempre
atual. É a mãe que vem lembrar aos filhos o caminho do Céu.