“Sou Eu!” Quem de nós não exclamou tantas vezes
esta expressão? Nem é necessário dizer o nome… Hoje, diz Jesus: “Eu sou o Bom
Pastor..:” Coloca-Se num registo de uma relação de intimidade para falar da sua
ligação com os discípulos. Foi isso que Ele viveu com eles durante três anos.
Tornaram-se seus amigos. Várias vezes, Jesus só precisou deste grito para Se
fazer reconhecer: “Sou Eu!” Os discípulos não podiam enganar-se: esta voz era a
sua, única no mundo. Não serve de nada dizer a um desconhecido: “Sou Eu!” Para
entrar na intimidade de alguém, é preciso uma relação longa, um “viver-com”,
uma familiaridade, no sentido pleno da palavra. Isso só se pode viver na
duração, na fidelidade, na paciência. Com Jesus, é exatamente a mesma coisa.
Não é o meu nervo auditivo que vibra à sua voz, mas a “audição do coração” que
me torna atento quando a sua Palavra é proclamada em Igreja, quando leio e
medito esta Palavra. É ela que vem fazer vibrar o meu ser profundo, que me toca
o coração. Torno-me então, pouco a pouco, capaz de integrar na minha vida, na
minha maneira de pensar e de agir, a sua maneira própria de falar e de agir.
Pouco a pouco, a minha vida toma uma cor evangélica, a minha consciência
afina-se, torno-me discípulo de Jesus, reconheço a sua presença na minha
vida.
Que segurança para nós! Saber que
estamos em segurança na mão de Deus: criando-nos e recriando-nos, tal como o
oleiro, modela-nos e renova-nos. Perdoando-nos, tal como o pai do filho
pródigo, reconcilia-nos com Ele, conosco mesmos e com os outros. Guiando-nos,
tal como o Bom Pastor, faz-nos caminhar no caminho da felicidade.
Oferecendo-nos a sua vida, tal como o Filho na cruz, faz de nós vivos.