quarta-feira, maio 01, 2019

II DOMINGO DA PÁSCOA




O Evangelho sublinha a ideia de que Jesus vivo e ressuscitado é o centro da comunidade cristã; é à volta d’Ele que a comunidade se estrutura e é Dele que ela recebe a vida que a anima e que lhe permite enfrentar as dificuldades e as perseguições. Por outro lado, é na vida da comunidade (na sua liturgia, no seu amor, no seu testemunho) que os homens encontram as provas de que Jesus está vivo.  


Jesus vem e está no meio dos discípulos. Diz-lhes: “A paz esteja convosco!” Podemos compreender a saudação de Jesus como um desejo. Mas podemos também traduzir: “A paz para vós!” Isto é, segundo as próprias palavras de Jesus na tarde de Quinta-Feira Santa: “Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz!” Estas palavras são, doravante, realizadas, eficazes. Jesus não deseja somente que os seus discípulos estejam em paz. Dá-lhes verdadeiramente a sua paz. Não é a paz que o mundo dá. A paz do mundo é a ausência de guerra e de violência, muitas vezes a paz dos cemitérios! A paz que Jesus dá é a plena realização da vontade criadora do Pai.

 Deus cria os seres humanos, para que eles sejam “à sua imagem”, isto é, em dependência de amor com Ele. É construindo entre eles relações de amor que os seres humanos permitirão a Deus imprimir nessas mesmas relações a imagem do que é em si mesmo, no mistério do Pai, do Filho e do Espírito Santo. 

Enfim, a vontade criadora de Deus é também que os seres humanos “dominem a terra”, que façam do seu próprio corpo e do mundo material o lugar cósmico onde o amor pode espalhar-se e encarnar-se. A paz realiza-se apenas quando se cumpre esta tríplice harmonia:

 harmonia dos seres humanos na sua relação com Deus,
 harmonia nas suas relações mútuas,
 harmonia com o seu corpo e o cosmos.

 A paz é uma totalidade de luz. É isso que Jesus veio cumprir: reconciliar os homens com Deus, reconciliá-los entre si e, no seu corpo de Ressuscitado, fazer entrar o próprio cosmos nesta luz. A paz acontece, assim, plenamente dada na sua Presença, pela força do Espírito. Resta-nos, apenas, acolhê-la! Ora, o que é obstáculo à paz é a recusa da vontade criadora, a recusa do amor. Eis porque Jesus dá aos Apóstolos o poder de absolver os pecados, isto é, de afastar o obstáculo que impede a “livre circulação do amor”. Acolhendo a presença de Jesus, deixando-o depositar em nós a fonte de toda a reconciliação, para reaprender a amar, permitimos que Ele continue em nós a sua ação de paz.