Decreto
autorizado pelo Papa reconhece o milagre atribuído à intercessão de Irmã Dulce;
beata será proximamente proclamada santa
Da
redação, com Vatican News
Missa
abre homenagens ao centenário de Irmã Dulce
A
beata Irmã Dulce será proclamada santa em solene celebração de canonizações/
Foto: Obras Sociais Irmã Dulce
O
Papa Francisco recebeu em audiência nesta segunda-feira, 13, o prefeito da
Congregação para as Causas dos Santos, cardeal Angelo Becciu, e autorizou o
Dicastério Vaticano a promulgar, nesta terça-feira, 14, oito novos decretos,
entre eles o que reconhece um milagre atribuído à intercessão da beata
brasileira Dulce Lopes Pontes, conhecida como Irmã Dulce, e prevê sua
canonização em uma próxima solenidade.
Irmã
Dulce é recordada como “O Anjo bom da Bahia”, por suas obras de caridade e de
assistência aos pobres e necessitados. Religiosa da Congregação das Irmãs
Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, a beata nasceu em Salvador
em 26 de maio de 1914 e ali faleceu em 22 de maio de 1992. Irmã Dulce foi
beatificada em 22 de maio de 2011.
Dez
curiosidades sobre a vida e obra de Irmã Dulce
1- Por causa de um enfisema pulmonar,
Irmã Dulce viveu os últimos 30 anos da sua vida com a saúde abalada seriamente
– tinha 70% da capacidade respiratória comprometida e chegou a pesar 38 quilos.
Entretanto, nem mesmo a doença a impediu de construir e manter uma das maiores
e mais respeitadas instituições filantrópicas do país. Morreu em 13 de março de
1992, pouco tempo antes de completar 78 anos.
2- Irmã Dulce foi uma criança cheia
de alegria, adorava brincar com sua boneca inseparável Celica, empinar pipa e
tinha especial predileção pelo futebol – era torcedora do Esporte Clube
Ipiranga, time formado pela classe trabalhadora, o primeiro a romper com o
perfil elitista do esporte baiano no início do século XX.
3- Irmã Dulce começou a praticar
caridade aos 13 anos, acolhendo mendigos e doentes em sua casa. Nessa época,
sua residência ficou conhecida como ‘A Portaria de São Francisco’, tal o número
de carentes que se aglomeravam no local. Quando entrou no Convento de Nossa
Senhora do Carmo, aos 19 anos, escolheu o nome de Irmã Dulce (seu nome
verdadeiro é Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes), em homenagem à mãe.
4- Por causa do grande número de
operários no bairro de Itapagipe, a religiosa criou, em 1936, a União Operária
São Francisco – primeira organização operária católica do estado, que depois
deu origem ao Círculo Operário da Bahia. O movimento era mantido com a
arrecadação de três cinemas construídos por meio de doações – o Cine Roma, o
Cine Plataforma e o Cine São Caetano.
5- Para abrigar doentes que recolhia
nas ruas, a religiosa chegou a invadir cinco casas na Ilha dos Ratos, em 1937.
Expulsa do lugar, ela peregrinou durante uma década, levando os seus doentes
por vários lugares. Por fim, em 1949, ocupou um galinheiro ao lado do convento,
com autorização da sua superiora, para abrigar os primeiros 70 doentes. Hoje,
no local, está o Hospital Santo Antônio, o maior da Bahia.
6- Em julho de 1979, Madre Teresa de
Calcutá recebeu convite de Dom Avelar para ir a Salvador fundar uma casa da
Ordem Missionária da Caridade, no bairro de Alagados. Irmã Dulce quis conhecer
a famosa religiosa, que receberia o Prêmio Nobel da Paz naquele ano. Com
dificuldades para manter as obras, devido à doença, Irmã Dulce chegou a
oferecê-las para a colega.
7- Em 1988, Irmã Dulce foi indicada
pelo então presidente da República, José Sarney, com o apoio da Rainha Sílvia,
da Suécia, para o Prêmio Nobel da Paz. Ela não o venceu, entretanto teve o
trabalho mais reconhecido. Quem levou a premiação foram as ‘Forças de Paz das
Nações Unidas’ (conhecidas como ‘Capacetes azuis’), pelos seus esforços a
serviço da preservação da paz.
8- Em sua segunda visita ao Brasil,
em 20 de outubro de 1991, o Papa João Paulo II fez questão de quebrar o rigor
da sua agenda e ir ao Convento Santo Antônio visitar Irmã Dulce, já bastante
debilitada, no seu leito de enferma. Cinco meses depois da visita do Pontífice,
os brasileiros chorariam a morte do ‘Anjo bom da Bahia’. No velório, cerca de
50 pessoas desmaiaram e o cenário se dividiu entre pobres e grandes
personalidades do país.
9- Na exumação do seu corpo, em junho
de 2010, os representantes do Vaticano e pessoas presentes se mostraram
impressionados com a mumificação natural do corpo, 18 anos após a morte da
religiosa. A exumação é a penúltima etapa do processo de beatificação. “A roupa
estava conservada mesmo após 18 anos, apesar de um pouco escura. O semblante
dela é muito sereno, não há odor”, disse a sobrinha e superintendente das Obras
Sociais Irmã Dulce, Maria Rita Pontes, em entrevista à imprensa na época.
10- No dia 22 de maio, Irmã Dulce
será a terceira religiosa, natural do Brasil, a ser beatificada. No hall das
beatas brasileiras, já temos Albertina Berkenbrock e Lindalva Justo de
Oliveira. A única beata estrangeira, mas com missão no país, é a austríaca
Bárbara Maix.