segunda-feira, maio 27, 2019

VI DOMINGO DA PÁSCOA





À medida que nos aproximamos do final do Tempo Pascal, mais aparece o anúncio da vinda do Espírito Santo para a Igreja e para o mundo. No Evangelho que ouvimos, Jesus dizia que o Espírito Santo é enviado pelo Pai. Jesus promete o Espírito Santo e o Pai o envia. Envia para quê? Envia para harmonizar a Igreja, para que o Evangelho seja acolhido e para que a paz reine entre nós. O contrário disso é a desunião promovida pela lógica da exclusão, como dizia a 1ª leitura. Um motivo forte pelo qual o Espírito Santo é enviado consiste na recordação de tudo aquilo que Jesus ensinou. Nós conhecemos o Evangelho à medida que nos abrimos a ação do Espírito Santo; nós nos aprofundamos no conhecimento do Evangelho, à medida que o Espírito Santo o recorda, quer dizer, o torna vivo, atual, em nossos corações.
Para que fique bem gravado em nós, permita-me chamar sua atenção para duas consequências da atividade do Espírito Santo na Igreja. A primeira é a atividade harmonizadora da comunidade. Nós ouvimos, na 1ª leitura, a descrição de uma comunidade em conflito pela exclusão. É a comunidade de Antioquia, formada por muitos judeus que se converteram ao cristianismo e queriam que os pagãos fossem circuncidados, passassem por este rito do judaísmo como forma para garantir sua aderência à fé. Estamos diante de uma imposição de um grupo
sobre outro grupo. Isso é péssimo para uma comunidade porque em vez de unir, de criar unidade, cria divisão, desunião. O Espírito Santo de Deus une; os grupos que querem dominar impõem normas e divide. Isto aconteceu na comunidade de Antioquia e continua acontecendo em muitas comunidades cristãs, e pode acontecer até mesmo na nossa comunidade quando o Espírito Santo não é acolhido na comunidade.
O segundo elemento da atividade do Espírito Santo encontra-se no Evangelho, quando Jesus diz que o Espírito Santo não revelará nada de novo, mas irá recordar. Jesus está dizendo duas coisas importantes. Primeiro, que toda a revelação está no Evangelho. Ninguém precisa correr atrás de revelações, aparições, visões... tudo que Deus quis revelar para nossa Salvação está no Evangelho; o papel do Espírito Santo é recordar tudo isso. — Qual o sentido do verbo “recordar”? Significa colocar no coração. A palavra “cor”, em latim, é traduzida para o nosso português como “coração”. Recordar o Evangelho, portanto, é colocar o Evangelho no centro da vida; colocar o Evangelho no coração. Não somente conhecer mentalmente o Evangelho, mas aprofundar o Evangelho pela vivência, pelo modo de tratar as pessoas, condição para que Jesus e o Pai habitem em nossas vidas. Ora, quem faz isso em nós é o Espírito Santo e isso só pode acontecer quando acolhemos o Espírito de Deus para que habite em nossa existência. Amém!