Síria: Fundação Ajuda a Igreja que Sofre convida
comunidades a rezarem pela paz
A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) convida as
“pessoas de todas as crenças” a unirem-se numa semana de oração pela “paz e
reconciliação na Síria”, que termina nesta sexta-feira.
"Agora é o momento de rezar pelo povo Sírio e pela paz”, começa por explicar a AIS que apresenta a semana de oração como “urgente” devido às notícias e decisões “dos últimos dias” em que o presidente dos Estados Unidos da América, Barack Obama, disse que o país está pronto para intervir militarmente na Síria e que este ataque poderá acontecer a qualquer momento.
Gregório III Laham, patriarca Greco-Católico Melquita de Antioquia, sublinhou
que apesar da realidade atual na Síria, “as iniciativas de paz ainda são
viáveis”.
Por isso, para estes sete dias, que terminam sexta-feira, a Fundação ligada à Santa Sé preparou um conjunto de textos que destacam frases que chegam da Síria e onde o importante é transmitir as palavras porque nem sempre podem “citar fontes”. A AIS acredita no “poder” da oração e convida as comunidades de todo o mundo a unirem-se pela paz e pela reconciliação da Síria onde a guerra que começou a 15 de março de 2011, “já roubou muitas vidas”. O Papa Francisco, convidou “toda a Igreja, o mundo não católico e todos os homens de boa vontade” a realizarem uma jornada de oração e jejum pela paz na Síria, que começou no dia 7/09 e seguirá nesses sete dias. AIS/CB/JCP
"O sofrimento já ultrapassou todos os
limites. Toda a Síria se transformou num campo de batalha. Todos os aspectos da
democracia, dos direitos humanos, da liberdade, da laicidade e da cidadania se
perderam de vista e ninguém se preocupa. A crise já abateu milhares de milhares
de soldados, opositores, civis, homens, mulheres, crianças, xeques muçulmanos e
sacerdotes cristãos."Patriarca Gregório III Laham da Igreja
Greco-Católica Melquita
Síria, um campo de batalha. Destruído o mundo
laboral, a inocência das crianças, as famílias e os lares, as escolas, os
lugares de culto, os hospitais... Uma tragédia cruel perante o olhar silencioso
de tantos. Um país pequeno que carrega a dura e pesada imagem de Jesus com a
Cruz. "Simão de Cirene" ainda tem de aparecer.
São 6,8 milhões de pessoas afetadas pelo
conflito bélico na Síria. O tempo do silêncio está a aproximar-se... olhares
silenciosos, cheios de lágrimas e de corações despedaçados, são uma linguagem
que nos une ao Imaculado Coração de Maria aos pés da Cruz...
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A crise na Síria, que começou a 15 de Março de
2011, já roubou muitas vidas, demasiadas, e a política atual continua a
transformar e a agravar a situação sem precedentes neste país.
A ONU informa: mais de 100.000 mortos. Perante
este drama, as palavras têm pouco valor...
As cidades são destruídas e os projetos de
desenvolvimento estão nos cemitérios. Da Síria chega-nos um relato: Uma menina
de seis anos brincava às escondidas com o irmão, quando um franco-atirador
disparou contra ele... No cemitério, a menina gritava junto do túmulo do irmão:
"Sai do teu esconderijo! Já não quero brincar mais!"
Segundo o ACNUR (Alto Comissariado das Nações
Unidas para os Refugiados) atualmente existem 1.971.003 refugiados sírios,
sobretudo na Turquia, Líbano, Iraque e Jordânia. Além disso, há muitos
refugiados que não estão registrados por terem medo ou por estarem deslocados
dentro do próprio país. Em cada segundo do dia tenho um único desejo: regressar
à minha pátria. O meu coração está ferido. A única coisa que me prende aqui são
os meus filhos. Mesmo que regressar significasse morrer, eu regressaria,
lamenta-se, chorando, uma mãe de dois filhos refugiada na Turquia.
É impossível imaginar o futuro deste país, esta
terra pacífica que outrora foi o lar de muitos refugiados do Médio Oriente: Nós
fugimos do Iraque durante a guerra e fomos para a Síria. Tínhamos conseguido
refazer as nossas vidas, mas há quase dois anos tivemos de fugir novamente para
o Iraque. Aí o meu filho foi atingido por uma bala na cabeça enquanto jogava
futebol. Sobreviveu, mas ficou paralisado, e a bala ficou alojada na cabeça. É
uma cirurgia de risco. Chegamos à Turquia há dois meses. Uma família
acolheu-nos na sua casa. Talvez aqui nos possam ajudar.
No Líbano há mais de 700.000 refugiados. O Arcebispo, D. Darwish, escreve-nos: Há dez meses que estamos a ajudar. Começámos com dezanove famílias, mas o número aumentou drasticamente. Atualmente ajudamos 580 famílias. Se o conflito se complicar e a violência se propagar a todo o país, este número aumentará ainda mais.
O mais dramático é a ausência de diálogo nos últimos três anos, a angústia e o desespero que se estão a apoderar deste povo...
Já lá vão mais de dois anos de combates e
conflitos. Quem se lembra agora que, no início, o objectivo era combater a
injustiça, a falta de liberdade e a opressão? As frentes opostas do conflito
endureceram. O que começou por ser uma guerra civil tornou-se um tema
internacional, mas de forma negativa. Os interesses econmicos e geopolíticos
estão a ganhar uma batalha há muito alheia aos interesses do povo Sírio: Faz
com que acabe a guerra e que possamos voltar para casa! rezam as crianças
sírias dia após dia. É só isso que querem. É só isso que desejam, que acabe a
guerra.
A minoria cristã está sempre numa situação frágil, num
status quo ambíguo: Quando há conflitos no mundo árabe, os Cristãos normalmente
mantêm-se neutros: não apoiam o Governo, nem a oposição. ... É por essa razão
que acabam por ser rejeitados por ambas as partes. Ambos desejam a sua
lealdade. Assim, a neutralidade não salvou os dois bispos e três sacerdotes que
foram raptados, nem as centenas de cristãos que foram assassinados ou raptados,
nem evitou o êxodo massivo de jovens e família inteiras.
"Está na hora de acabar com o uso das armas e, em vez de apelar à violência, os poderes internacionais precisam de trabalhar para a paz. Durante todo este tempo de crise, as nossas igrejas têm estado quase cheias. As pessoas dão-se conta que, apesar dos problemas, Deus pode realizar milagres. Há um misto de esperança e desespero. As pessoas não sabem o que é que o futuro lhes reserva. As pessoas sentem medo mas, apesar de tudo, a sua fé é forte." Patriarca Gregório III, Laham da Igreja Greco-Católica Melquita.
"Está na hora de acabar com o uso das armas e, em vez de apelar à violência, os poderes internacionais precisam de trabalhar para a paz. Durante todo este tempo de crise, as nossas igrejas têm estado quase cheias. As pessoas dão-se conta que, apesar dos problemas, Deus pode realizar milagres. Há um misto de esperança e desespero. As pessoas não sabem o que é que o futuro lhes reserva. As pessoas sentem medo mas, apesar de tudo, a sua fé é forte." Patriarca Gregório III, Laham da Igreja Greco-Católica Melquita.
O QUE É A 'AJUDA À IGREJA QUE SOFRE'?
Fundada em 1947, pelo Padre Werenfried van Straaten, a
Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) - Kirche in Not, em alemão - é uma Fundação
Pontifícia que tem por missão apoiar projetos de cunho pastoral em países onde
a Igreja Católica está em dificuldades, quer por perseguição religiosa, por
causa de guerras e revoluções, quer pela miséria. Nas palavras de seu fundador,
a missão da AIS é "enxugar as lágrimas de Cristo onde quer que Ele
chore".
Através da oração, da informação e da ajuda
financeira, a AIS atende pedidos de socorro do mundo todo, onde os cristãos
sofrem perseguição ou onde a Igreja não tem como se manter. Milhares são
perseguidos por causa da fé, mas milhares também estão em risco de perder esta mesma
fé, simplesmente porque a miséria ronda as suas vidas. Perceber as necessidades
e repará-las é o que faz a Ajuda à Igreja que Sofre.
Atualmente, a AIS apoia, por ano, mais de 5.000
projetos em mais de 140 países em todo o mundo, sendo aproximadamente 400 deles
somente no Brasil. Entre seus números estão o auxílio a padres, religiosas e
seminaristas; doação de bíblias para as crianças e YouCat aos jovens;
construção e reconstrução de igrejas, capelas, etc; locomoção e transporte para
missionários e muitos outros projetos.
No Brasil, a Ajuda à Igreja que Sofre está presente
apoiando projetos da Igreja desde 1979, quando enviou 300 caminhões para os
missionários da região amazônica. Desde então, milhares de projetos vitais se
tornaram realidade. Hoje, A AIS conta com um escritório em São Paulo e outro no
Rio de Janeiro para manter contato com seus benfeitores e continuar ajudando a
Igreja no Brasil que, ainda hoje, sofre.
Sediada no Vaticano e com escritório em 17 países, o
trabalho correto e eficaz da AIS é zelado pela Santa Sé e auditado pela internacional
e independente KPMG.
As necessidades da Igreja são inúmeras no mundo
inteiro. Cada pedido de projeto feito à AIS pela Igreja é como uma carta do
Cristo que sofre e, por isso, precisa de ajuda. O amor dos benfeitores é o que
permite à AIS Brasil atender às necessidades deste Cristo sofredor.
Que este amor jamais cesse!
Que este amor jamais cesse!
AIS
VATICAN.VA