DOIS PÓLOS, O TEMPO E A ETERNIDADE, PODEM NOS SERVIR
PARA ORGANIZAR OS TEXTOS DESTE DOMINGO. ISTO É EVIDENTE NO TEXTO EVANGÉLICO QUE
PÕE O HOMEM RICO E O POBRE LÁZARO PRIMEIRO NESTE MUNDO E DEPOIS NA ETERNIDADE.
E implicitamente na Primeira Leitura, segundo o qual
os ricos samaritanos vivem em orgias e luxo m esquecendo o juízo futuro de
Deus. A fé viva em Cristo oferece uma garantia segura para se viver dignamente
no tempo e conquistar a eternidade com Deus (Segunda Leitura).
Para aqueles que têm fé na eternidade, o tempo é um
tesouro, uma verdadeira riqueza, porque é nele que se coloca em jogo nossa
situação na eternidade.
A parábola do
rico e de Lázaro não enfatiza o problema da diferença entre ricos e pobres. Na
verdade, enfatiza o juízo de Deus na eternidade sobre a atitude frente à
riqueza e à pobreza.
O rico que
neste mundo se dedica a banquetear e levar uma vida boa, despreocupando-se dos
pobres, verá sua sorte mudada na eternidade. Assim aconteceu com o rico da
parábola. O pobre que nesta vida aceita sua condição com serenidade, sem
queixas e sem ódios, será recompensado na eternidade com a Riqueza que é o
próprio Deus. Isto foi o que aconteceu com o pobre Lázaro. O primeiro vive como
se a eternidade não existisse.
O segundo é um pobre de Javé, que colocou sua confiança na recompensa que Deus lhe dará na vida futura. Não é repreensível ao rico da parábola de não ter misericórdia, não se importar com quem jaz à sua porta . Lázaro não é retribuído na outra vida por sua condição de pobreza, mas por sua paciência e resignação, ao estilo de Jó.
O RICO PÕE SUA
RIQUEZA A SERVIÇO DE SUA SENSUALIDADE, LÁZARO PÕE SUA POBREZA A SERVIÇO DE SUA
ESPERANÇA.
Na parábola Jesus nos ensina que na eternidade se
retribuirá a cada um segundo suas obras. Este ensinamento deve iluminar nossa
vida presente. Ou seja, o pensamento do mundo futuro nos conduzirá a ser justos
e solidários no mundo presente.
O contrário acontece com os nobres da Samaria que
“dormem em camas de marfim , deitam-se em almofadas, que bebem vinho em taças e
se perfumam com os mais finos unguentos..”(Amós)
Paulo exorta Timóteo, homem de Deus, fiel e cristão autêntico, a fugir destas coisas. Que coisas são estas? A avareza, a cobiça, o amor ao dinheiro. Deve fugir “porque nada trouxemos ao mundo, como tampouco nada podemos levar.”
Depois o exorta a “combater o bom combate da fé” nesta vida para poder alcançar a eterna, na qual reina o Senhor Jesus Cristo, o Rei dos reis, o Senhor dos senhores.
A fé é como a morada na qual o cristão já vive no tempo a eternidade. E porque já vive a eternidade no tempo “procura com todo empenho a piedade, a fé, a caridade, a paciência, a mansidão”.
Lemos no Catecismo: “os bens da criação estão
destinados a todo gênero humano”. Esta afirmação é absoluta e não está
submetida à mudança de épocas ou de mentalidade, a progresso técnico ou à
globalização econômica. Por outro lado, sempre houve na história da humanidade
diferenças na posse dos bens, sempre existiram e seguirão existindo “ricos e
pobres”.
E não poucas ocasiões estas diferenças provém de
grandes injustiças que atravessam a geografia de nosso planeta.
Diante destes três fatores, os cristãos têm uma grande
obra a realizar entre os homens. A primeira, sem dúvida, é a de relativizar a
riqueza. A riqueza não é um deus, ao qual tenhamos que render culto às custas
do pobre e do necessitado. É um bem, mas é o único, nem supremo. Um bem que
está em nossas mãos, que foi dado por Deus a cada uma de nós, mas que não é
inteiramente nosso, ou seja, que não podemos fazer com ele o que quisermos,
porque seu destino é universal. E com isto já aparece a segunda tarefa: “a riqueza
nos foi dada para servir, não para dominar”, e deste modo fazer mais livres
aqueles que necessitam dela.
Como cristãos, seremos os primeiro a viver o evangelho
da pobreza. Seremos um exemplo para
todos e um grito de que o dinheiro não serve para nada, pelo menos aos
olhos da fé, aos olhos de Deus.
O pobre Lázaro está ali , morrendo de fome “junto à sua porta”, mas o rico evita todo contato e continua vivendo “esplendidamente”, alheio a seu sofrimento. Não atravessa essa “porta”para que o aproximaria do mendigo. No final descobre, horrorizado, que se abriu entre eles um “imenso abismo”.
“Pai dos pobres e defensor dos oprimidos, nós Te bendizemos pelos profetas que nos envias, quando deixamos os caminhos da justiça, e pela glória que reservas àqueles que os homens desprezam.
Presos nas redes de uma sociedade que produz tantos pobres, nós Te pedimos: ilumina-nos com o teu Espírito, conduz-nos nos caminhos da justiça”.
Presos nas redes de uma sociedade que produz tantos pobres, nós Te pedimos: ilumina-nos com o teu Espírito, conduz-nos nos caminhos da justiça”.
----