Homilia
de Padre Marcos Belizário Ferreira
24º Domingo do Tempo Comum
O PAI BOM
Podemos identificar as personagens das parábolas da
ovelha perdida, da moeda de prata extraviada e do pai misericordioso: o pastor
que procura a ovelha, a mulher que varre a casa para encontrar a moeda, e o pai
do filho que volta para casa, é o próprio Deus, que manifesta seu amor na
prática de Jesus. A ovelha perdida, a moeda extraviada e o filho mais jovem são
os pecadores, a riqueza de Deus. Ele os procura incansavelmente. Sem eles, Deus
se sente vazio.
No entanto, em nenhuma outra parábola Jesus conseguiu
penetrar tão profundamente no mistério de Deus e no mistério da condição
humana. Nenhuma outra é tão atual para nós como esta do “pai bom”.
O filho mais moço diz ao pai: “Pai, dá-me a parte da
herança que me cabe”. Ao reclamá-la, está de alguma forma pedindo a morte do
pai. Quer ser livre, romper amarras. Não será feliz enquanto seu pai não
desaparecer. O pai consente com seu desejo sem dizer nenhuma palavra: o filho
deve escolher livremente seu caminho.
Não é esta a situação atual? Muitos querem hoje ver-se
livres de Deus, ser felizes sem a presença de um Pai eterno em seu horizonte.
Deus deve desaparecer da sociedade e das consciências. E, da mesma forma que na
parábola, o Pai mantém silêncio. Deus não coage ninguém.
O filho parte para “um país distante”. Precisa viver
longe de seu pai e de sua família, O pai vê partir, mas não o abandona; seu
coração de pai o acompanha; cada manhã o estará esperando. A sociedade moderna
se afasta sempre mais de Deus, de sua autoridade, de sua lembrança... Não está
Deus nos acompanhando enquanto o vamos perdendo de vista?
Logo o filho se instala numa “vida desordenada'. O
termo original não sugere apenas uma desordem moral. Mas um existência insana,
descontrolada, caótica. Em pouco tempo sua aventura começa a transformar-se em
drama. Sobrevém uma “fome terrível' e ele só sobrevive cuidando de porcos, como
escravo de um estranho. Suas palavras revelam sua tragédia:”Eu aqui morro de
fome”.
O vazio interior e a fome de amor podem ser os
primeiros sinais de nosso afastamento de Deus. Não é fácil o caminho da
liberdade. O que nos falta? O que poderia encher o nosso coração? Temos quase
tudo, então por que sentimos tanta fome?
O jovem “entrou em sim mesmo”e, aprofundando-se em seu
próprio vazio, recordou o rosto de seu pai, associado à abundância de pão: na
casa de meu pai eles “têm pão” e aqui “eu morro de fome”. Em seu interior
desperta o desejo de uma liberdade nova junto a seu pai. Ele reconhece seu erro
e toma uma decisão: “Pôr-me-ei a caminho e irei procurar meu pai”.
Pôr-nos-emos a caminho para Deus, nosso Pai? Muitos o
fariam se conhecessem este Deus que, segundo a parábola de Jesus, “sai correndo
ao encontro do filho, lança-se ao seu pescoço e põe-se a beijá-lo efusivamente”.
Estes abraços falam de seu amor melhor que todos os livros de teologia. Junto a
ele sempre poderemos encontrar uma liberdade mais digna e feliz.
cf.
José Antonio Pagola, O Caminho aberto por Jesus, Vozes , página 258-259 .
SENHORA DAS DORES,
Ó Mãe de Jesus e nossa mãe, Senhora das
Dores, nós vos contemplamos pela fé, aos pés da cruz, tendo nos braços o corpo
sem vida do vosso Filho. Uma espada de dor transpassou vossa alma como
predissera o velho Simeão. Vós sois a Mãe das dores. E continuais a sofrer as
dores do nosso povo, porque sois Mãe companheira, peregrina e solidária.
Recolhei em vossas mãos os anseios e as angústias do povo sofrido, sem paz, sem
pão, sem teto, sem direito a viver dignamente. E com vossas graças, fortalecei
aqueles que lutam por transformações em nossa sociedade. Permanecei conosco e
dai-nos o vosso auxílio, para que possamos converter as lutas em vitórias e as
dores em alegrias. Rogai por nós, ó Mãe, porque não sois apenas a Mãe das
dores, mas também a Senhora de todas as graças. Amém !
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