domingo, setembro 01, 2013

XXII DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO C


Homilia de Padre Marcos Belizário Ferreira
Jesus diz: “sou manso e humilde”. A humildade seja então algo diferente do que nós pensamos habitualmente. E, de fato, é o que descobrimos, se olhamos melhor a obra de Jesus. O que Jesus fez para ser humilde? Jesus se abaixou, desceu: não com palavras, ou com os sentimentos, mas com os fatos. Começou quando, encontrando-se na condição divina, não considerou sua igualdade com Deus como um tesouro a ser conservado ciosamente.

Humilhou-se e foi obediente até a morte (Fl 2,6-8). Durante a vida, depois, foi sempre coerente com esta escolha: Ele, o Mestre, abaixa-se para lavar os pés dos discípulos, comporta-se como “aquele que serve”; desce, desce, desce até que – tendo chegado ao ponto mais baixo, no túmulo – chega o Pai para o apanhar, o eleva acima dos céus e o estabelece chefe do universo, colocando tudo sob os seus pés. Eis como Deus mesmo realizou sua Palavra: aquele que se humilhar será exaltado. 

 Doravante, ser humilde significa algo muito simples: ter os mesmo sentimentos de Cristo Jesus (Fl 2,5), comportar-se como Jesus se comportou.

A humildade é antes de tudo uma questão de fatos, de escolhas, de atitudes concretas, não uma maneira de sentir e falar de si. A palavra usada no Novo Testamento para indicar o ato de humilhar-se, significa literalmente: abaixar-se, tender para baixo, fazer-se pequeno. Humildade é disponibilidade a descer de nós mesmos, abaixar-se para os irmãos, é vontade de servir, e de servir por amor, não por algum cálculo ou vantagem ou glória que possam advir para nós mesmos.
Ser humilde, segundo o modelo de Jesus , significa perder-se para os outros, isto é, não procurando levar os outros para si( reduzindo-os, quem sabe, a escravos ou a objetos para nossas vantagens pessoais), mas procurando ir ao encontro dos outros. Por isso vangloriar-se, procurar a aprovação e a glória opõem-se à humildade: porque anulam a gratuidade: “já receberam a sua recompensa”.

Agora podemos nos colocar , de outro ponto de vista, a pergunta: o que é a humildade? Ela é um atitude para consigo mesmo e com os outros ou é uma atitude em relação a Deus? A resposta é a seguinte: uma e outra coisa junto! A que se descobre uma vez mais a suspeita parentela entre humildade e caridade: também a caridade, ou o AMOR, realiza-se em dois mandamentos estritamente unidos como duas portas que se abrem e se fecham junto: amar a Deus com todo o coração e amar o próximo como a si mesmos.

O mesmo acontece com a humildade: a primeira humildade é ser humilde diante de Deus, a segunda é semelhante a esta e é ser humilde com o próximo.
A humildade pode ajudar a muitos matrimônios diria até mesmo, salvá-los, pois ele, o matrimônio, nasce da humildade!  Enamorar-se de outra pessoa é o ato mais radical de humildade que se possa imaginar; significa sair de si mesmo, descer para o outro em atitude de quem implora, de mendigo, dizendo-lhe, com os fatos, mais ou menos assim: dá-me também o teu ser porque o meu não me basta a si mesmo, mas se completa doando-se. Deus, como se vê, inscreveu a humildade na própria carne do homem e da mulher.
Mas, se pensarmos bem, nada disso é fácil, pois vivemos no mundo da auto-suficiência e dos resultados. O homem já não mais se sente dependente de Deus; deseja ele mesmo fazer a vida do seu modo. Assim, se fecha para Deus e, para ele se fechando, já não mais reconhece no outro um irmão e, não experimentando a misericórdia gratuita de Deus, já não sabe mais dar gratuitamente: tudo tem que ter retorno, tudo tem que apresentar contrapartida, tudo tem que, cedo ou tarde, dá lucro, tudo é pensado na lógica do custo-benefício. Como é triste a vida, quando é vivida assim… Mas, não será o nosso caso?

Pensemos bem, porque se assim o for, jamais experimentaremos Deus de verdade, jamais 
conhecê-lo-emos de verdade. Nunca é demais recordar a advertência da Escritura: “Quem não ama não conhece a Deus!” 1Jo 4,8
“Deus criador e mestre do universo, proclamamos a grandeza do teu poder e, ao mesmo tempo, a humildade do teu Filho Jesus. Ele tornou-se pequeno para nascer entre os homens e aceitou a humilhação suprema, a da cruz.
Nós Te pedimos pelas nossas sociedades onde triunfam os dominadores e os poderosos. Que o teu Espírito nos impregne, que Ele nos livre do orgulho”.


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