Os povos indígenas do Brasil compreendem um grande número de
diferentes grupos étnicos que habitam o país desde milênios antes do início da colonização
portuguesa, que principiou no século XVI, fazendo parte do grupo maior dos povos
ameríndios.
No momento da Descoberta do Brasil, os povos nativos eram compostos
por tribos seminômades que subsistiam da caça, pesca, coleta e
da agricultura itinerante, desenvolvendo culturas diferenciadas. Apesar
de protegida por muitas leis, a população indígena foi amplamente exterminada
pelos conquistadores diretamente e pelas doenças que eles trouxeram, caindo de
uma população de milhões para cerca de 150 mil em meados do século XX, quando
continuava caindo.
Os povos indígenas brasileiros deram contribuições significativas para a
sociedade mundial, como a domesticação da mandioca e o aproveitamento
de várias plantas nativas, como o milho, a batata-doce, a pimenta, o caju,
o abacaxi, o amendoim, o mamão, a abóbora e o feijão.
Além disso, difundiram o uso da rede de dormir e a prática da peteca e
do banho diário, costume desconhecido pelos europeus do século XVI.
Para a língua portuguesa legaram uma multidão de nomes de lugares,
pessoas, plantas e animais (cerca de 20 mil palavras), e muitas de suas lendas
foram incorporadas ao folclore brasileiro, tornando-se conhecidas em todo
o país.
Também foram importantes aliados dos portugueses, mesmo involuntários,
na consolidação da conquista territorial, defendendo e fixando cada vez mais
distantes fronteiras, e deram grande contribuição à composição da atual população
nacional através da mestiçagem.
Suas culturas diversificadas compunham originalmente um rico mosaico de
tradições, línguas e visões de mundo que, depois de serem longamente
desprezadas como típicas de sociedades bárbaras, ingênuas e atrasadas, ou no
máximo apreciadas como exotismos e curiosidades, hoje já começam a ser vistas
em larga escala como culturas complexas, sofisticadas em muitos aspectos,
interessantes por si mesmas e portadoras de valores importantes para o mundo
moderno, como o respeito pela Natureza e um modo de vida sustentável, merecendo
consideração como qualquer outra. Mesmo assim, a degradação das
culturas tradicionais pelo contato assíduo com a civilização tem sido rápida
mesmo dentro das reservas, acarretando penosas repercussões sociais.
Para muitos
observadores, o destino dos povos indígenas do Brasil ainda é incerto, e
esperam muitas lutas pela frente. Os conflitos que os envolvem continuam a se
multiplicar; mortes, abusos, violência e disrupção interna continuam a afligir
muitas comunidades, mesmo com todos os avanços e toda proteção jurídica, com
toda a conscientização política das comunidades e sua mobilização conjunta, e
mesmo com o apoio de expressiva parcela da população brasileira não-índia e
organismos internacionais.
Há poderosos interesses políticos e econômicos em
jogo, e mesmo interesses culturais. Ainda falta
muito para que eles consigam garantir suas terras e uma sobrevivência
digna e independente da tutela do governo, que historicamente os entendeu como
incapazes e chamou a si a responsabilidade de "administrá-los", mas
tem sido também incapaz de assegurar-lhes os direitos que já foram
definidos constitucionalmente, e vem sendo acusado até de promover profundos
retrocessos de maneira deliberada que dão continuidade a um secular genocídio,
atraindo com isso pesadas e incessantes críticas em casa e no estrangeiro.
DIA
DOS POVOS INDÍGENAS
"Não se trata de uma data para festejar, mas sim para sensibilizar e
conscientizar a sociedade a respeito dos direitos desses povos. Em nosso atual
sistema, o índio é considerado um obstáculo ao chamado progresso, entendido
apenas do ponto de vista da taxa de crescimento econômico. Se entendermos
desenvolvimento como melhoria da qualidade de vida para todo o povo brasileiro,
os índios não só têm seu lugar, como sua sabedoria milenar é uma riqueza para o
país".
Dom Erwin Krautler Bispo do Xingu e Presidente do Cimi em 19/04/2014
53ª AG CNBB 2015
“Paixão é o que
move”, respondeu dom Erwin Kräutler ao ser apresentado por dom Dimas como um
bispo que mesmo vivendo sob ameaça de morte em decorrência de seu trabalho, não
perde a paixão pelo que faz.
Dom Erwin falou à imprensa que até pouco tempo atrás o Xingu era sinônimo de presença indígena, mas “de um tempo pra cá o Xingu remete à usina de Belo Monte, hidrelétricas e até lava-jato”.
O bispo lembrou que, na época da Assembleia Constituinte, à frente do Cimi, esteve aliado aos índios na luta e conquista por direitos, que encheram o país de orgulho. Entretanto, dom Erwin ressalta que os direitos não são cumpridos.
“O tempo passa e apesar do prazo para a demarcação das terras indígenas terem expirado em 1993, permanecemos até hoje sem que tenha sido efetivamente feito. Deixar as terras indígenas sem demarcação é deixar escancaradas as portas para a exploração, qualquer ocupação. A grande parte das violências contra povos indígenas estão de certa maneira ligadas aos conflitos de terra”, disse. De acordo com o bispo do Xingu, a paralisação das demarcações de terras indígenas está ligada aos interesses do agronegócio, que cada vez conquista mais representantes no congresso.
“Eu me pergunto sobre o que é defender o interesse nacional. Interesse de quem, da nação ou de alguns? Eu acho que estão defendendo o interesse de alguns em detrimento dos mais fracos, dos povos que vivem lá, indígenas, quilombolas, ribeirinhos, não fomos perguntados. Inclusive, a situação é inconstitucional, uma vez que as decisões interessadas à região são tomadas pelo Congresso, em Brasília, quando os povos indígenas deveriam ser consultados no que diz respeito às suas áreas”, defendeu dom Erwin.
"COMEMORAMOS O
DIA DOS POVOS E NAÇÕES INDÍGENAS, E RENOVAMOS COM ELES A ALIANÇA DA VIDA, NOS
SOLIDARIZAMOS COM SUAS LUTAS PELA DEMARCAÇÃO E POSSE LEGÍTIMA DE SUAS TERRAS"
"Parece que
apoiar a causa indígena fosse assunto reservado apenas para OGNs ou de
antropólogos desvariados que quisessem colocar estes povos numa redoma de
laboratório, ou de estudos etnológicos meramente acadêmicos. Estamos ao
lado dos indígenas não por folclore ou simplesmente por uma atitude
paternalista, mas porque eles além de serem nossos irmãos sofredores, são os
povos do futuro, pois são testemunhas e profetas da aliança das civilizações
centrada na vida, na partilha e no Deus de Amor e Bondade.
Que a Páscoa de
Cristo nos ilumine para valorizarmos o contributo destes povos para a
humanidade, e que nos comprometamos cada vez mais com a sua resistência, por
dignidade, justiça e paz. Que o dia do índio não seja apenas uma efeméride
histórica que nos lembra o passado, mas uma data que nos impulsiona a
construirmos o futuro com eles, numa maior consciência planetária, de
fraternidade universal e busca e sinalização do Reino. Deus seja louvado!" Dom
Roberto Francisco Ferreria Paz Bispo Diocesano
de Campos
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