quinta-feira, abril 09, 2015

SEMANA SANTA NO VATICANO COM PAPA FRANCISCO



*Dia 2 de abril quinta-feira santa* 
Na Igreja do “Pai Nosso” do Estabelecimento Prisional de Rebibbia em Roma, o Santo Padre presidiu à Missa “in Cena Domini” a qual lavou os pés a alguns prisioneiros e prisioneiras do Cárcere Feminino
 Aplausos, beijos e abraços acolheram no final da tarde desta Quinta-feira Santa o Papa Francisco no complexo penitenciário de Rebibbia, zona leste de Roma, onde celebrou a Missa da Ceia do Senhor, com o rito do Lava-pés. 
Na igreja, o Papa encontrou 300 detentos; 150 mulheres, incluindo 15 mães com as crianças, e 150 homens. Durante a celebração lavou os pés de doze deles:
 seis mulheres e seis homens, dos quais um brasileiro. Um dos momentos mais emocionantes foi quando Francisco lavou inclusive os pés de uma criança que estava no colo da mãe detenta.
“Eu também preciso ser lavado pelo Senhor, e por isso rezem durante esta Missa para que o Senhor lave também as minhas sujeiras”: foi o que disse o Papa Francisco, momentos antes de lavar os pés dos doze detentos.
*Dia 3 de abril, Sexta-feira Santa*
Celebração da Paixão do Senhor, o Santo Padre presidiu na Basílica de São Pedro, a Liturgia da Palavra, a Adoração da Cruz e o Rito da Comunhão. De Noite, presidiu no Coliseu de Roma, à celebração da Via Sacra, e concedeu a sua Bênção Apostólica aos fiéis presentes.
homilia da celebração foi feita pelo Pregador da Casa Pontifícia, Frei Raniero Cantalamessa, que baseou a sua reflexão nas palavas de Pilatos: “Eis o homem”, recordando os muitos “Eis o homem” de nossos dias vítimas da fome, pobreza, injustiça e exploração.“Desses males já se fala muitas vezes, embora nunca o suficiente, e há o risco de se tornarem abstrações. Categorias, não pessoas. 
Pensemos agora no sofrimento dos indivíduos, das pessoas com nome e identidade concreta; nas torturas decididas a sangue frio e infligidas voluntariamente, neste exato momento, por seres humanos contra outros seres humanos, inclusive crianças”, frisou Frei Cantalamessa.
“A exclamação "Eis o homem!" não se aplica somente às vítimas, mas também aos carnífices. Ela quer dizer: eis aqui do que o homem é capaz! Com temor e tremor, digamos ainda: eis do que somos capazes nós, homens! Muito distante da marcha inexorável do Homo sapiens sapiens, o homem que, segundo alguns, nasceria da morte de Deus e tomaria o seu lugar”, frisou.
 Recordando o sofrimento dos cristãos, Frei Cantalemessa destacou que eles “não são, certamente, as únicas vítimas da violência homicida que há no mundo, mas não se pode ignorar que, em muitos países, eles são as vítimas marcadas e mais frequentes. 
 Jesus disse um dia aos seus discípulos: "Chegará uma hora em que aqueles que vos matarem julgarão estar honrando a Deus". 
Talvez estas palavras nunca tenham achado na história um cumprimento tão pontual quanto hoje”, disse ele.
“Os mártires perfeitos celebraram a mais esplêndida das festas pascais ao ser admitidos no banquete celeste. 
*Dia 4 de abril, Sábado Santo*
O Papa Francisco presidiu na Basílica Vaticana, à solene Vigília Pascal da Ressurreição do Senhor, com a bênção do fogo novo, no átrio da Basílica; o canto do Exultet; aos ritos da Liturgia da Palavra, do Batismo e da Eucaristia, nos quais concelebraram Cardeais, Bispos e Presbíteros presentes em Roma.
Na Vigília Pascal na Basílica de S. Pedro, numa liturgia densa de símbolos de purificação e de vida nova como o fogo e a água, o Papa Francisco batizou e crismou dez homens e mulheres da Itália, do Camboja, do Quénia, da Albânia e também de Portugal.

“Esta é uma noite de vigília.
Não dorme o Senhor, vigia o Guardião do seu povo (Sl 121/120, 4) para fazê-lo sair da escravidão e abrir-lhe a estrada da liberdade.
O Senhor vigia e, com a força do seu amor, faz passar o povo através do Mar Vermelho; e faz passar Jesus através do abismo da morte e da mansão dos mortos.
 Foi uma noite de vigília para os discípulos e as discípulas de Jesus. Noite de desolação e de medo. Os homens permaneceram fechados no Cenáculo. As mulheres, ao contrário, ao alvorecer do dia depois do sábado foram ao sepulcro para ungir o corpo de Jesus. Tinham o coração cheio de angústia e perguntavam-se: «Como faremos para entrar? Quem nos fará rolar a pedra do sepulcro?».
  Mas eis o primeiro sinal do Evento: a grande pedra já fora removida e o túmulo estava aberto!
«Entrando no sepulcro, viram uma jovem sentada à direita, vestido com uma túnica branca» (Mc 16, 5). As mulheres foram as primeiras a ver este grande sinal: o túmulo vazio; e foram as primeiras a entrar nele.
«Entrando no sepulcro». Faz-nos bem, nesta noite de vigília, deter-nos a refletir sobre a experiência das discípulas de Jesus, que nos interpela a nós também. Realmente é para isto que estamos aqui: para entrar, entrar no Mistério que Deus realizou com a sua vigília de amor.
 Não se pode viver a Páscoa, sem entrar no mistério. Não é um fato intelectual, não é só conhecer, ler... É mais, é muito mais!
«Entrar no mistério» significa capacidade de contemplação; capacidade de escutar o silêncio e ouvir o sussurro de um fio de silêncio sonoro em que Deus nos fala (1 Re 19, 12).
Entrar no mistério requer de nós que não tenhamos medo da realidade: não nos fechemos em nós mesmos, não fujamos perante aquilo que não entendemos, não fechemos os olhos diante dos problemas, não os neguemos, não eliminemos as questões...
Entrar no mistério significa ir além da comodidade das próprias seguranças, além da preguiça e da indiferença que nos paralisam, e pôr-se à procura da verdade, da beleza e do amor, buscar um sentido não óbvio, uma resposta não banal para as questões que põem em crise a nossa fé, a nossa lealdade e nossa razão.
Para entrar no mistério, é preciso humildade, a humildade de rebaixar-se, de descer do pedestal do meu eu tão orgulhoso, da nossa presunção; a humildade de se reajustar, reconhecendo o que realmente somos: criaturas, com valores e defeitos, pecadores necessitados de perdão. 

Aprendamos com elas a vigiar com Deus e com Maria, nossa Mãe, para entrar no Mistério que nos faz passar da morte à vida.
*Dia 5 de abril, Domingo de Páscoa*
O Bispo de Roma presidiu, no adro da Basílica Vaticana, à solene celebração Eucarística da Ressurreição do Senhor. Após a Santa Missa, o Santo Padre subiu ao balcão central da Basílica de São Pedro, e se dirigiu aos milhares de fiéis, presentes na Praça São Pedro, suas felicitações de Santa Páscoa e concedeu a sua Bênção “Urbi e Orbi” à Cidade de Roma e ao mundo inteiro.
Jesus Cristo ressuscitou!
O amor venceu o ódio, a vida venceu a morte, a luz afugentou as trevas! Por nosso amor, Jesus Cristo despojou-Se da sua glória divina; esvaziou-Se a Si próprio, assumiu a forma de servo e humilhou-Se até à morte, e morte de cruz. Por isso, Deus O exaltou e fê-Lo Senhor do universo.

Jesus é Senhor!
Com a sua morte e ressurreição, Jesus indica a todos o caminho da vida e da felicidade: este caminho é a humildade, que inclui a humilhação. Esta é a estrada que leva à glória. Somente quem se humilha pode caminhar para as «coisas do alto», para Deus (cf. Col 3, 1-4). O orgulhoso olha «de cima para baixo», o humilde olha «de baixo para cima».
Na manhã de Páscoa, informados pelas mulheres, Pedro e João correram até ao sepulcro e encontraram-no aberto e vazio. Então aproximaram-se e «inclinaram-se» para entrar no sepulcro. Para entrar no mistério, é preciso «inclinar-se», abaixar-se. Somente quem se abaixa compreende a glorificação de Jesus e pode segui-Lo na sua estrada.
A proposta do mundo é impor-se a todo o custo, competir, fazer-se valer… Mas os cristãos, pela graça de Cristo morto e ressuscitado, são os rebentos duma outra humanidade, em que se procura viver ao serviço uns dos outros, ser não arrogantes mas disponíveis e respeitadores.

Isto não é fraqueza, mas verdadeira força! Quem traz dentro de si a força de Deus, o seu amor e a sua justiça, não precisa de usar violência, mas fala e age com a força da verdade, da beleza e do amor.

Do Senhor ressuscitado imploramos a graça de não cedermos ao orgulho que alimenta a violência e as guerras, mas termos a coragem humilde do perdão e da paz. A Jesus vitorioso pedimos que alivie os sofrimentos de tantos irmãos nossos perseguidos por causa do seu nome, bem como de todos aqueles que sofrem injustamente as consequências dos conflitos e das violências em curso.


«A paz esteja convosco!» (Lc 24, 36). «Não temais! Ressuscitei e estou convosco para sempre!» (cf. Missal Romano, Antífona de Entrada no dia de Páscoa).
Na saudação aos fiéis Francisco disse:
Queridos irmãos e irmãs,
dirijo minhas felicitações de Feliz Páscoa a todos vocês presentes nesta praça provenientes de vários países, como também a todos aqueles que nos acompanham através dos meios de comunicação. 
Levem para suas casas e às pessoas que encontrarem o alegre anúncio de que o Senhor da vida ressuscitou, trazendo consigo amor, justiça, respeito e perdão! Obrigado pela sua presença, por sua oração e pelo entusiasmo de sua fé. Obrigado pelas flores que também este ano vieram da Holanda. Feliz Páscoa a todos!

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