ELE CONTINUA A OFERECER-SE PELA HUMANIDADE, E JUNTO DE VÓS É NOSSO
ETERNO INTERCESSOR. IMOLADO, JÁ NÃO MORRE; E, MORTO, VIVE ETERNAMENTE.
No
Quarto Domingo da Páscoa, Jesus se apresenta como o Bom Pastor: 'Eu sou o bom
pastor. O bom pastor dá a vida por suas ovelhas' (Jo 10, 11). Jesus, o Bom
Pastor, conhece e ama, com profunda misericórdia, cada uma de suas ovelhas
desde toda a eternidade: 'Eu sou o bom pastor. Conheço as minhas ovelhas, e
elas me conhecem, assim como o Pai me conhece e eu conheço o Pai. Eu dou minha
vida pelas ovelhas' (Jo 10, 14 - 15). A missão do Bom Pastor é universal,
porque o rebanho é universal e só um verdadeiramente é o Bom Pastor, que não
abandona nunca as suas ovelhas: 'Haverá um só rebanho e um só pastor' (Jo 10,
16).
Homilia de Padre Marcos Belizário
O que mais chama
atenção, na 1ª leitura, é o milagre realizado por Pedro curando o paralítico.
Não podemos negar que se trata de um feito maravilhoso. Curar um paralítico é
algo estupendo, um acontecimento que provoca admiração e questionamentos.
Lucas, o autor dos Atos dos Apóstolos, coloca ainda outros dois elementos que
gostaria de chamar atenção.
Primeiro, a reação dos chefes religiosos daquele
tempo. Gente de coração endurecido, modelados pela intransigência das leis e
sem alguma sensibilidade para o bem que se faz a uma pessoa. Viver a religião
de modo intransigente é fanatismo; é próprio de quem fica cego até mesmo vendo
evidências. O outro elemento, ao qual chamo atenção na 1ª leitura, é o discurso
de Pedro.
Um discurso corajoso porque ele — diz o texto — estava cheio do
Espírito Santo. Estar cheio do Espírito Santo de Deus é a condição primária
para se testemunhar publica e corajosamente que a Salvação da vida está
unicamente em Jesus Cristo, e em Jesus ressuscitado.
O que se entende
por Salvação? Já tive a oportunidade de formular esta pergunta em outras
ocasiões, mas é sempre bom voltar a este questionamento para entendermos cada
vez melhor e mais profundamente o conceito de Salvação. Hoje, a luz para
compreender o significado de Salvação vem da 1ª carta de João, que lemos na 2ª
leitura. Neste pequeno texto, a Salvação é entendida como participação na vida
divina. Mas não é uma participação superficial, feita de modo abstrato e
distante. Trata-se de uma participação profunda, própria de quem é filho e
filha de Deus.
Salvar-se, portanto, é tornar-se filho e filha de Deus. São João
conclui dizendo que, aqui na terra, essa filiação acontece nos limites de nossa
humanidade, mas um dia nós a viveremos plenamente, quando seremos semelhantes a
Jesus ressuscitado. O que isso diz para nós, que vivemos num mundo altamente
tecnológico, mergulhado na busca de entretenimento de todo tipo, com promessas
de realizações da vida unicamente do ponto de vista econômico? O que significa
ser filho de Deus? O que significa ser filha de Deus?
É uma questão que deixo em aberto, para que possamos pensar, refletir e assumir um modo de viver coerente com quem é filho e filha de Deus.
João dizia que o
mundo não conhece os filhos e filhas de Deus porque não conhece o Pai. Depois,
o mesmo João, mas desta vez no Evangelho, aponta outro caminho para se tomar
consciência do que significa ser filho e filha de Deus, através da imagem do
Bom Pastor. Jesus é o Bom Pastor, aquele que dá a vida por suas ovelhas.
O
filho e filha de Deus é aquele que recebe em si a vida divina, dada pelo Bom
Pastor. O filho e a filha de Deus é aquele que conhece Deus, conhece o Pai e,
por isso, ouve a voz do Pai, ouve a voz do Bom Pastor e direciona suas vidas
nos caminhos indicados pelo Bom Pastor. Cada um de nós precisa, no dia de hoje,
se perguntar sinceramente se a nossa vida é dirigida pela voz do Bom Pastor.
Jesus lembra que existem pessoas que se passam por pastores, mas que são
mercenários; não dão a vida e até roubam a vida das ovelhas. Corremos o risco
de perder a vida divina em nós por seguir mercenários e não o Bom Pastor.
Jo 10,11-18
Naquele tempo, disse Jesus: “Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida
por suas ovelhas. O mercenário, que não é pastor e não é dono das ovelhas, vê o
lobo chegar, abandona as ovelhas e foge, e o lobo as ataca e dispersa. Pois ele
é apenas um mercenário e não se importa com as ovelhas. Eu sou o bom pastor.
Conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem, assim como o Pai me conhece e eu
conheço o Pai. Eu dou minha vida pelas ovelhas. Tenho ainda outras ovelhas que
não são deste redil: também a elas devo conduzir; elas escutarão a minha voz, e
haverá um só rebanho e um só pastor. É por isso que o Pai me ama, porque dou a
minha vida, para depois recebê-la novamente.
Ninguém tira a minha vida, eu a dou por mim mesmo; tenho poder de entregá-la e tenho poder de recebê-la novamente; essa é a ordem que recebi do meu Pai.”
Ninguém tira a minha vida, eu a dou por mim mesmo; tenho poder de entregá-la e tenho poder de recebê-la novamente; essa é a ordem que recebi do meu Pai.”
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