Santo Antônio,
Conhecido como protetor dos pobres, protetor dos namorados, o auxilio na busca
de pessoas e objetos perdidos, o amigo nas causas do coração. Assim é feito Santo
Antônio de Pádua, Frei Franciscano Português que trocou o conforto de uma
abastada família burguesa pela vida religiosa.
No último
período da sua vida, Antônio escreveu dois ciclos de “Sermões”, intitulados,
respectivamente, “Sermões dominicais” e “Sermões sobre os santos”, destinados
aos pregadores e professores de estudos teológicos da ordem franciscana. Neles,
comentou os textos da Sagrada Escritura apresentados pela liturgia, utilizando
a interpretação patrístico-medieval dos quatro sentidos: o literal ou
histórico, o alegórico ou cristológico, o tropológico ou moral e o anagógico,
que orienta à vida eterna. Trata-se de textos teológicos-homiléticos, que
recolhem a pregação viva, na qual Antônio propõe um verdadeiro e próprio
itinerário de vida cristã. É tanta a riqueza de ensinamentos espirituais
contida nos “Sermões”, que o venerável Papa Pio XII, em 1946, proclamou Antônio
como Doutor da Igreja, atribuindo-lhe o título de “Doutor Evangélico”, porque
destes escritos surge a frescura e beleza do Evangelho; ainda hoje podemos
lê-los com grande proveito espiritual.
Nos “Sermões”,
ele fala da oração como uma relação de amor, que conduz o homem a conversar
docemente com o Senhor, criando uma alegria inefável, que envolve suavemente a
alma em oração. Antônio nos recorda que a oração precisa de uma atmosfera de
silêncio, que não coincide com o afastamento do barulho externo, mas é experiência
interior, que procura evitar as distrações provocadas pelas preocupações da
alma. Segundo o ensinamento deste insigne Doutor franciscano, a oração se
compõe de quatro atitudes indispensáveis que, no latim de Antônio, definem-se
como: obsecratio, oratio, postulatio, gratiarumactio. Poderíamos traduzi-las
assim: abrir com confiança o próprio coração a Deus, conversar afetuosamente
com Ele, apresentar-lhe as próprias necessidades, louvá-lo e agradecer-lhe.
Neste
ensinamento de Santo Antônio sobre a oração, conhecemos um dos traços
específicos da teologia franciscana, da qual ele foi o iniciador, isto é, o
papel designado ao amor divino, que entra na esfera dos afetos, da vontade, do
coração, e que é também a fonte de onde brota um conhecimento espiritual que
ultrapassa todo conhecimento. Antônio escreve: “A caridade é a alma da fé, é o
que a torna viva; sem o amor, a fé morre” (Sermões Dominicais e Festivos II).
Só uma alma que
reza pode realizar progressos na vida espiritual: este foi o objeto
privilegiado da pregação de Santo Antônio. Ele conhecia bem os defeitos da
natureza humana, a tendência a cair no pecado; por isso, exortava continuamente
a combater a inclinação à cobiça, ao orgulho, à impureza e a praticar as
virtudes da pobreza e da generosidade, da humildade e da obediência, da
castidade e da pureza.
No começo do
século XIII, no contexto do renascimento das cidades e do florescimento do
comércio, crescia o número de pessoas insensíveis às necessidades dos pobres.
Por este motivo, Antônio convidou os fiéis muitas vezes a pensar na verdadeira
riqueza, a do coração, que, tornando-os bons e misericordiosos, leva-os a
acumular tesouros para o céu. “Ó ricos – exorta – tornai-vos amigos (…); os
pobres, acolhei-os em vossas casas: serão depois eles que os acolherão nos
eternos tabernáculos, onde está a beleza da paz, a confiança da segurança e a
opulenta quietude da saciedade eterna” (Ibid.).
Antônio, na
escola de Francisco, sempre coloca Cristo no centro da vida e do pensamento, da
ação e da pregação. Este é outro traço típico da teologia franciscana: o
cristocentrismo. Alegremente, ela contempla e convida a contemplar os mistérios
da humanidade do Senhor, particularmente o do Natal, que suscitam sentimentos
de amor e gratidão pela bondade divina.
Também a visão
do Crucificado lhe inspira pensamentos de reconhecimento a Deus e de estima
pela dignidade da pessoa humana, de forma que todos, crentes e não crentes,
possam encontrar um significado que enriquece a vida. Antônio escreve: “Cristo,
que é a tua vida, está pregado diante de ti, porque tu vês a cruz como em um
espelho. Nela poderás conhecer quão mortais foram tuas feridas, que nenhum
remédio teria podido curar, a não ser o sangue do Filho de Deus. Se olhas bem,
poderás perceber quão grandes são tua dignidade e teu valor (…). Em nenhum
outro lugar o homem pode perceber melhor o quanto vale, a não ser no espelho da
cruz” (Sermões Dominicais e Festivos III).
Que Antônio de
Pádua, tão venerado pelos fiéis, interceda pela Igreja inteira, sobretudo por
aqueles que se dedicam à pregação. Que estes, inspirando-se em seu exemplo,
procurem unir a doutrina sã e sólida, a piedade sincera e fervorosa e a
incisividade da comunicação.
O Papa João
Paulo II definiu Santo Antônio "homem evangélico".
Este altíssimo
reconhecimento está contido no discurso que o Papa fez em Pádua, no dia 12 de
Setembro de 1982, por ocasião da sua memorável visita à Basílica de Santo
Antônio.
Apresentamos
aqui algumas das passagens mais importantes, para que através das palavras do
Papa apreciemos ainda mais Santo Antônio.
"Durante
toda a sua existência Santo Antônio foi um homem evangélico. E se nós o
veneramos como tal, é porque nós acreditamos que o Espírito Santo habitou nele
de modo extraordinário,o enriquecendo-o com os seus maravilhosos dons e
levando-o 'a partir de dentro', a exercer uma atividade que foi notável nos 36
anos da sua existência, mas que está bem longe de ser esgotada no tempo - ela
permanece, com vigor e providencialmente, ainda nos nossos dias.
Queria pedir a
todos vós que mediteis exatamente sobre este marco de evangelização. Esse é
também a razão pela qual Santo Antônio é proclamado "O Santo".
Sem fazer
exclusões ou preferências, este é um sinal que nele a santidade alcançou metas
de excepcional altitude. A santidade impôs-se sobre tudo o resto, por meio do
poder do exemplo e deu à devoção a Santo Antônio uma expansão extrema no mundo.
É verdadeiramente difícil encontrar uma cidade ou um país na urbe católica onde
não exista pelo menos um altar ou uma imagem do Santo. O seu rosto sereno
ilumina com um gentil sorriso milhões de casas cristãs, onde, através dele, a
fé nutre a esperança na providência do Pai celeste. Crentes, os mais pequenos e
os menos defendidos sobretudo, sentem-no e consideram-no o seu Santo, um
intercessor sempre pronto e potente em seu favor.
Exulta,
Lusitania felix; O felix Padua, gaude. Exulta, feliz Portugal; ó feliz Pádua,
alegra-te. Eu repito estas palavras juntamente com o meu predecessor Pio XII.
Alegra-te, Pádua, nas tuas origens romanas e mesmo pré-romanas; aos esplêndidos
acontecimentos da tua história tu acrescentas o nobilíssimo título de guardiã
da vivente e palpitante memória de Santo Antônio, no seu glorioso túmulo. De
ti, de fato, o seu nome se difundiu e ressoa ainda em todo o mundo, por esta
especial característica: a genuinidade do seu perfil evangélico".
Esta oração de
louvor - ou responso - em honra de Santo Antônio foi redigida por frei Giuliano
da Spira. O responso faz parte do "Officium rhythmicum s. Antonii"
(Ofício rítmico em honra de Santo Antônio"), que surgiu em 1233, dois anos
depois da morte do Santo. É cantado na Basílica de Santo Antônio em Pádua e, em
cada terça-feira, em muitas igrejas do mundo inteiro.
"Se milagres
desejais, recorrei a Santo Antônio
Vereis fugir o demônio e as tentações infernais.
Recupera-se o perdido.
Rompe-se a dura prisão,
e no auge do furacão cede o mar embravecido.
Vereis fugir o demônio e as tentações infernais.
Recupera-se o perdido.
Rompe-se a dura prisão,
e no auge do furacão cede o mar embravecido.
Pela sua
intercessão, foge a peste, o erro, a morte, O fraco torna-se forte, e torna-se
o enfermo são.
Recupera-se o
perdido. Rompe-se a dura prisão, e no auge do furacão cede o mar embravecido.
Todos os males
humanos se moderam, se retiram,
Digam-no aqueles que o viram, e digam-no os paduanos.
Digam-no aqueles que o viram, e digam-no os paduanos.
Recupera-se o
perdido. Rompe-se a dura prisão,
e no auge do furacão cede o mar embravecido.
e no auge do furacão cede o mar embravecido.
Glória ao Pai,
ao Filho e ao Espírito Santo.
Recupera-se o perdido.
Recupera-se o perdido.
Rompe-se a dura
prisão, e no auge do furacão cede o mar embravecido.
Rogai por nós,
bem-aventurado Antônio
Para que sejamos dignos das promessas de Cristo".
Para que sejamos dignos das promessas de Cristo".
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