domingo, junho 14, 2015

DIA 13 DE JUNHO, DIA DE SANTO ANTONIO


Santo Antônio, Conhecido como protetor dos pobres, protetor dos namorados, o auxilio na busca de pessoas e objetos perdidos, o amigo nas causas do coração. Assim é feito Santo Antônio de Pádua, Frei Franciscano Português que trocou o conforto de uma abastada família burguesa pela vida religiosa.

No último período da sua vida, Antônio escreveu dois ciclos de “Sermões”, intitulados, respectivamente, “Sermões dominicais” e “Sermões sobre os santos”, destinados aos pregadores e professores de estudos teológicos da ordem franciscana. Neles, comentou os textos da Sagrada Escritura apresentados pela liturgia, utilizando a interpretação patrístico-medieval dos quatro sentidos: o literal ou histórico, o alegórico ou cristológico, o tropológico ou moral e o anagógico, que orienta à vida eterna. Trata-se de textos teológicos-homiléticos, que recolhem a pregação viva, na qual Antônio propõe um verdadeiro e próprio itinerário de vida cristã. É tanta a riqueza de ensinamentos espirituais contida nos “Sermões”, que o venerável Papa Pio XII, em 1946, proclamou Antônio como Doutor da Igreja, atribuindo-lhe o título de “Doutor Evangélico”, porque destes escritos surge a frescura e beleza do Evangelho; ainda hoje podemos lê-los com grande proveito espiritual.

Nos “Sermões”, ele fala da oração como uma relação de amor, que conduz o homem a conversar docemente com o Senhor, criando uma alegria inefável, que envolve suavemente a alma em oração. Antônio nos recorda que a oração precisa de uma atmosfera de silêncio, que não coincide com o afastamento do barulho externo, mas é experiência interior, que procura evitar as distrações provocadas pelas preocupações da alma. Segundo o ensinamento deste insigne Doutor franciscano, a oração se compõe de quatro atitudes indispensáveis que, no latim de Antônio, definem-se como: obsecratio, oratio, postulatio, gratiarumactio. Poderíamos traduzi-las assim: abrir com confiança o próprio coração a Deus, conversar afetuosamente com Ele, apresentar-lhe as próprias necessidades, louvá-lo e agradecer-lhe.

Neste ensinamento de Santo Antônio sobre a oração, conhecemos um dos traços específicos da teologia franciscana, da qual ele foi o iniciador, isto é, o papel designado ao amor divino, que entra na esfera dos afetos, da vontade, do coração, e que é também a fonte de onde brota um conhecimento espiritual que ultrapassa todo conhecimento. Antônio escreve: “A caridade é a alma da fé, é o que a torna viva; sem o amor, a fé morre” (Sermões Dominicais e Festivos II).

Só uma alma que reza pode realizar progressos na vida espiritual: este foi o objeto privilegiado da pregação de Santo Antônio. Ele conhecia bem os defeitos da natureza humana, a tendência a cair no pecado; por isso, exortava continuamente a combater a inclinação à cobiça, ao orgulho, à impureza e a praticar as virtudes da pobreza e da generosidade, da humildade e da obediência, da castidade e da pureza.
No começo do século XIII, no contexto do renascimento das cidades e do florescimento do comércio, crescia o número de pessoas insensíveis às necessidades dos pobres. Por este motivo, Antônio convidou os fiéis muitas vezes a pensar na verdadeira riqueza, a do coração, que, tornando-os bons e misericordiosos, leva-os a acumular tesouros para o céu. “Ó ricos – exorta – tornai-vos amigos (…); os pobres, acolhei-os em vossas casas: serão depois eles que os acolherão nos eternos tabernáculos, onde está a beleza da paz, a confiança da segurança e a opulenta quietude da saciedade eterna” (Ibid.).
Antônio, na escola de Francisco, sempre coloca Cristo no centro da vida e do pensamento, da ação e da pregação. Este é outro traço típico da teologia franciscana: o cristocentrismo. Alegremente, ela contempla e convida a contemplar os mistérios da humanidade do Senhor, particularmente o do Natal, que suscitam sentimentos de amor e gratidão pela bondade divina.

Também a visão do Crucificado lhe inspira pensamentos de reconhecimento a Deus e de estima pela dignidade da pessoa humana, de forma que todos, crentes e não crentes, possam encontrar um significado que enriquece a vida. Antônio escreve: “Cristo, que é a tua vida, está pregado diante de ti, porque tu vês a cruz como em um espelho. Nela poderás conhecer quão mortais foram tuas feridas, que nenhum remédio teria podido curar, a não ser o sangue do Filho de Deus. Se olhas bem, poderás perceber quão grandes são tua dignidade e teu valor (…). Em nenhum outro lugar o homem pode perceber melhor o quanto vale, a não ser no espelho da cruz” (Sermões Dominicais e Festivos III).

Que Antônio de Pádua, tão venerado pelos fiéis, interceda pela Igreja inteira, sobretudo por aqueles que se dedicam à pregação. Que estes, inspirando-se em seu exemplo, procurem unir a doutrina sã e sólida, a piedade sincera e fervorosa e a incisividade da comunicação.

O Papa João Paulo II definiu Santo Antônio "homem evangélico". 
Este altíssimo reconhecimento está contido no discurso que o Papa fez em Pádua, no dia 12 de Setembro de 1982, por ocasião da sua memorável visita à Basílica de Santo Antônio.
Apresentamos aqui algumas das passagens mais importantes, para que através das palavras do Papa apreciemos ainda mais Santo Antônio.

"Durante toda a sua existência Santo Antônio foi um homem evangélico. E se nós o veneramos como tal, é porque nós acreditamos que o Espírito Santo habitou nele de modo extraordinário,o enriquecendo-o com os seus maravilhosos dons e levando-o 'a partir de dentro', a exercer uma atividade que foi notável nos 36 anos da sua existência, mas que está bem longe de ser esgotada no tempo - ela permanece, com vigor e providencialmente, ainda nos nossos dias.
Queria pedir a todos vós que mediteis exatamente sobre este marco de evangelização. Esse é também a razão pela qual Santo Antônio é proclamado "O Santo".

Sem fazer exclusões ou preferências, este é um sinal que nele a santidade alcançou metas de excepcional altitude. A santidade impôs-se sobre tudo o resto, por meio do poder do exemplo e deu à devoção a Santo Antônio uma expansão extrema no mundo. É verdadeiramente difícil encontrar uma cidade ou um país na urbe católica onde não exista pelo menos um altar ou uma imagem do Santo. O seu rosto sereno ilumina com um gentil sorriso milhões de casas cristãs, onde, através dele, a fé nutre a esperança na providência do Pai celeste. Crentes, os mais pequenos e os menos defendidos sobretudo, sentem-no e consideram-no o seu Santo, um intercessor sempre pronto e potente em seu favor.

Exulta, Lusitania felix; O felix Padua, gaude. Exulta, feliz Portugal; ó feliz Pádua, alegra-te. Eu repito estas palavras juntamente com o meu predecessor Pio XII. Alegra-te, Pádua, nas tuas origens romanas e mesmo pré-romanas; aos esplêndidos acontecimentos da tua história tu acrescentas o nobilíssimo título de guardiã da vivente e palpitante memória de Santo Antônio, no seu glorioso túmulo. De ti, de fato, o seu nome se difundiu e ressoa ainda em todo o mundo, por esta especial característica: a genuinidade do seu perfil evangélico".
 
Esta oração de louvor - ou responso - em honra de Santo Antônio foi redigida por frei Giuliano da Spira. O responso faz parte do "Officium rhythmicum s. Antonii" (Ofício rítmico em honra de Santo Antônio"), que surgiu em 1233, dois anos depois da morte do Santo. É cantado na Basílica de Santo Antônio em Pádua e, em cada terça-feira, em muitas igrejas do mundo inteiro.

"Se milagres desejais, recorrei a Santo Antônio
Vereis fugir o demônio e as tentações infernais.
Recupera-se o perdido.
Rompe-se a dura prisão,
e no auge do furacão cede o mar embravecido.
Pela sua intercessão, foge a peste, o erro, a morte, O fraco torna-se forte, e torna-se o enfermo são.
Recupera-se o perdido. Rompe-se a dura prisão, e no auge do furacão cede o mar embravecido.
Todos os males humanos se moderam, se retiram,
Digam-no aqueles que o viram, e digam-no os paduanos.
Recupera-se o perdido. Rompe-se a dura prisão,
e no auge do furacão cede o mar embravecido.
Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo.
Recupera-se o perdido.
Rompe-se a dura prisão, e no auge do furacão cede o mar embravecido.
Rogai por nós, bem-aventurado Antônio
Para que sejamos dignos das promessas de Cristo".
--