Constata o Papa que, graças aos progressos da medicina, a vida
prolongou-se, mas nossas sociedades não se organizaram suficientemente para
deixar espaço aos idosos, com o justo respeito e a concreta consideração pela
sua fragilidade e dignidade.
Quando jovens, somos levados a ignorar a velhice,
como se fosse uma enfermidade da qual nos devemos manter à distância; depois,
quando envelhecemos, especialmente se somos pobres, doentes e sós,
experimentamos as lacunas de uma sociedade programada sobre a eficácia que,
consequentemente, ignora os idosos. Mas os idosos são uma riqueza, não podem
ser ignorados!
No Ocidente, os estudiosos apresentam nosso século como o século do
envelhecimento, pois os filhos diminuem e os anciãos aumentam. Este
desequilíbrio é um grande desafio. Uma cultura do lucro insiste em fazer com
que os idosos pareçam um peso, pois não só não produzem, mas chegam a ser uma
carga, e devem ser descartados. Há algo de vil neste habituar-se à cultura do
descartável. E nós nos habituamos a descartar as pessoas.
Queremos remover o
nosso elevado medo da debilidade e da vulnerabilidade; mas agindo deste modo,
aumentamos nos anciãos a angústia de serem mal tolerados e até abandonados.
Na tradição da Igreja, assim como em povos de nosso tempo com respeito
cultivado aos mais velhos, existe uma bagagem de sabedoria que sempre sustentou
a proximidade aos anciãos e seu acompanhamento. A raiz está na
Sagrada Escritura.
Esta tradição está arraigada na Sagrada Escritura: "Não
desprezes alguém na sua velhice, pois nós também ficaremos velhos. Não te
escape o que contam os velhos, pois eles o aprenderam de seus pais: deles
aprenderás a inteligência e a arte de responder na hora oportuna"
(Eclo 8, 7.11-12).
"Nós,
idosos, somos todos um pouco frágeis. No entanto, alguns
são particularmente débeis, muitos vivem sozinhos, marcados por uma
enfermidade. Outros dependem de curas indispensáveis e da atenção dos outros.
Daremos por isso um passo atrás, abandonando-os ao seu destino?
Uma sociedade
sem proximidade, onde a gratuidade e o afago sem retribuição
começam a desaparecer, é uma sociedade perversa. Fiel à Palavra de Deus, a
Igreja não pode tolerar estas degenerações. Uma comunidade cristã em que a
proximidade e a gratuidade deixassem de ser consideradas indispensáveis
perderia juntamente com elas também a sua alma. Onde não há honra pelos idosos
não há porvir para os jovens".
E o Papa estimulou os sentimentos adequados
a serem cultivados, a gratidão, o apreço e a hospitalidade, que levem as
pessoas idosas a se sentirem parte viva da família e da comunidade.
Para ele, devemos despertar o sentido comunitário de gratidão, de apreço e de hospitalidade, que levem o idoso a sentir-se parte viva da sua comunidade, pois são homens e mulheres, pais e mães que antes de nós percorreram o nosso próprio caminho, estiveram na nossa mesma casa, combateram a nossa mesma batalha diária por uma vida digna.
O idoso somos nós: daqui a pouco ou daqui a muito tempo, inevitavelmente, embora não pensemos nisto.
Ensina o Papa
que o Senhor nos chama a segui-lo em todas as fases da vida. Para ele, a
velhice é uma vocação! Ainda não chegou o momento de se resignar. Para ele,
trata-se de delinear uma espiritualidade das pessoas idosas, e não faltam
testemunhos de santos e santas idosos!
No mês de outubro, pela primeira vez,
simultaneamente, um casal de pais de família será canonizado, durante o Sínodo
da Família. Trata-se dos pais de Santa Teresinha de Lisieux, Luís e Zélia Martin, exemplo
de santidade vivida no matrimônio, que educaram os filhos no caminho da
santidade. Em tempos de família em crise, justamente a santidade de um casal
que percorreu exemplarmente os passos da fidelidade à própria vocação se torna
um presente da Igreja ao mundo!
Ainda o Papa,
falando sobre a família, oferece uma imagem muito bonita, tirada o Evangelho de
São Lucas (Cf. Lc 2, 25-39): é a imagem de Simeão e Ana. Certamente eram
idosos, o velho Simeão e a profetisa Ana, que tinha oitenta e quatro anos, uma
mulher não escondia a sua idade! Todos os dias esperavam a vinda de Deus, havia
muitos anos. Este era o seu compromisso: esperar o Senhor e rezar. Ao
encontrarem Maria, José e o Menino, eles reconheceram o Menino e
descobriram uma nova força, para uma renovada tarefa: dar graças e
testemunhar este Sinal de Deus.
Dar graças, interceder, purificar o coração pela oração! É a recomendação do Papa aos idosos. Precisamos de anciãos que orem, pois a velhice nos é oferecida precisamente para isto. A oração dos idosos é bonita! E como é bonito o encorajamento que o ancião consegue transmitir ao jovem em busca do sentido da fé e da vida!
"Esta é
verdadeiramente a missão dos avós, a vocação dos idosos! Como gostaria de uma
Igreja que desafia a cultura do descartável com a alegria transbordante de um
novo abraço entre jovens e idosos! E é isto, este abraço, que hoje peço ao
Senhor", concluiu o Papa Francisco.
Confio à
proteção de São Joaquim e de Sant'Ana o tesouro que são os avós na Igreja e na
sociedade.
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ORAÇÃO
Senhor Deus de nossos pais, que concedestes a São Joaquim e Sant’Ana a
graça de darem a vida à Mãe de vosso Filho Jesus, fazei que, pela intercessão
de ambos, alcancemos a
salvação prometida a vosso povo. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na
unidade do Espírito Santo.
Amém!
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