Com tantos países desejando contar com a presença do Papa
Francisco, necessita explicação a escolha destes três países. É característica
deste papa ressaltar o simbolismo daquilo que ele faz ou deixa de fazer. Também
suas viagens se inscrevem nesta intenção de universalizar os seus gestos,
destacando o significado de suas iniciativas.
Neste contexto,
parece evidente que o Papa fez uma escolha proposital. Ele privilegiou os três
países mais pobres da América Latina. Outras visitas ficam para depois.
“Primeiro os pobres”! Este o recado que logo deixa para a política, para a
economia, e para a Igreja também. Mais que geograficamente, esta viagem se
situa na sequência da definição de um surpreendente pontificado.
Lembramos a
primeira de todas as viagens do Papa Francisco, poucos meses depois de eleito.
Foi o memorável encontro mundial da juventude, no Rio de Janeiro. Aquela viagem
já estava agendada, por Bento 16, e precisou ser assumida pelo novo papa, como
primeiro grande desafio para a sua missão de “bispo de Roma”, como ele insistia
em se identificar. Superou o teste, surpreendendo a todos pela sua
simplicidade, e ao mesmo tempo pela desenvoltura ao enfrentar os variados
compromissos que tinham sido colocados em sua agenda.
Depois do Rio,
todos esperavam por Buenos Aires, imaginando que o Papa retornasse ao seu país,
de onde tinha saído como Cardeal, e não tinha mais voltado para casa.
Mas, não! Até
hoje não está marcada a viagem para o seu país, a Argentina. Ele deixa bem
claro que a prioridade absoluta é cumprir sua missão, relativizando seu
compreensível desejo de se reencontrar com seus compatriotas. Tanto mais eles o
receberão com respeito e admiração, que ele decidir visitar seu país, não mais
como Cardeal, mas como Papa.
Voltando agora
para a viagem desta semana, percebemos uma agenda muito carregada de
compromissos, que se refletem nos mais de vinte pronunciamentos já marcados.
Repartidos de tal modo que sejam destinados aos interlocutores diretos que ele
terá pela frente, e ao mesmo tempo válidos para os três países visitados, para
os outros países da América Latina, e afinal para toda a Igreja.
Entre os
diversos encontros já previstos, alguns se destacam, pela evidente intenção de
ampliar seus destinatários. Na Bolívia, por exemplo, o Papa terá um
encontro com os diversos movimentos sociais, dando seguimento ao encontro já
realizado em Roma, tempos atrás, com alguns representantes desses movimentos,
que pela primeira vez recebiam um apoio tão explícito da parte da Igreja. Desta
vez, na Bolívia, a presença será certamente muito mais ampla.
Diante da
crescente autoridade moral do Papa Francisco, o mundo acompanhará com muito
interesse os passos que o levarão nesta semana ao encontro dos povos do
Equador, da Bolívia e do Paraguai.
Desde a noite em
que apareceu como novo Papa na sacada da Basílica de São Pedro, ele continua
pedindo orações. Que Deus o acompanhe nesta viagem, e que suas mensagens sejam
bem acolhidas por todos!
Evangelii
Gaudium e Laudato Si
Ajuda aos
pobres, proteção do meio-ambiente e a misericórdia são três mensagens que
Bergoglio levará à América Latina. "Em uma mão levará
sua Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, onde falará de uma Igreja que deve
ser missionária, misericordiosa e solidária. Uma Igreja que deve ser para e com
os pobres". Na outra, Francisco terá sua primeira Encíclica, a Laudato Si,
"que fala da interligação poderosa que significa vincular a ecologia
ambiental e a ecologia social e a ecologia natural à humana".
Meio-ambiente e
misericórdia
O Papa deverá se
pronunciar reiteradas vezes sobre o meio-ambiente, pois nestes países existem
grandes problemas sobre os quais Francisco faz referência na Encíclica. Não
deverá faltar, também, menções ao Jubileu da Misericórdia, que terá início em 8
de dezembro, estendendo-se até novembro de 2016, como demonstra o desejo do
Papa de visitar o Santuário da Misericórdia em Guayaquil, Equador.
Camadas sociais
desfavorecidas
“O primeiro
abraço ao povo será em Guayaquil, no Equador, onde estão sendo esperadas cerca
de um milhão e quinhentas mil pessoas, com a missa dedicada à família. Duas
importantes visitas aos santuários marianos da Divina Misericórdia, em
Guayaquil, e da Imaculada, em Caacupé, no Paraguai. Marcam a viagem do Papa
vários encontros com as camadas desfavorecidas: os idosos no Equador, os
encarcerados, em Palmasol, na Bolívia, e as crianças doentes do hospital
pediátrico de Assunção, no Paraguai. A visita ao bairro pobre e alagado, de
Assunção, Banado Norte, e a participação ao II Encontro Mundial dos Movimentos
Populares em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia.”
O encontro
conclusivo da viagem de Francisco será com os jovens em Costanera, Paraguai,
está prevista a participação de 200 mil pessoas.
LOSSERVATORE
ROMANO
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