DENTRE OS ACONTECIMENTOS DE JULHO, NESTE ANO COMEMORAMOS 60 ANOS DA REALIZAÇÃO DO ÚNICO CONGRESSO EUCARÍSTICO INTERNACIONAL OCORRIDO NO BRASIL ATÉ HOJE. FOI NO RIO DE JANEIRO!
Um Congresso
Eucarístico é uma demonstração pública de Fé na Presença Real da Santíssima
Eucaristia, com manifestações de ensinamento e adoração. Através de serviços
litúrgicos, celebrações religiosas públicas, precedidas por missões
especializadas, reuniões de estudo, e todo um aparato solene, a revelar o
grande valor de uma celebração organizada ao mais alto nível, um Congresso
Eucarístico, reveste-se de um significado espiritual, evangelizador e didático
do maior valor, pelo que se considera da maior necessidade em todos os tempos.
Um Congresso
Eucarístico pode ser realizado:
A nível
Diocesano ou Interdiocesano, em que são chamados a participar, todo o clero e
fiéis da(s) Diocese(s) organizadora(s). Pode ser também Nacional, em que ficam
envolvidos, todo o clero e fiéis de uma nação inteira. Aqui intervém a CNBB
para organizar e se responsabilizar junto com a Diocese que acolhe. No Brasil,
o próximo será em 2016 em Belém do Pará para comemorar 400 anos da cidade. Em
âmbito Internacional, em que deve haver a organização da Santa Sé sempre há
também grande representação dos países do mundo católico.
O primeiro
Congresso Eucarístico Internacional, começou com uma proposta de Marie Marthe
Tamisier de Touraine, sob a organização e dos esforços de Mons. Louis Gaston de
Segur, com a co-participação do industrial Philibert Vrau. Teve a aprovação do
papa Leão XIII (1879-1903) e realizou-se na Universidade de Lille, França, com
a presença de 800 pessoas da França, da Bélgica, da Holanda, da Inglaterra, da
Espanha e da Suíça.
Os Congressos
nasceram "para acender em todos o fogo celeste que Cristo trouxe à terra e
que quer acender, sobretudo por meio da Eucaristia", afirmava o papa Leão
XIII aos organizadores do 1° Congresso Eucarístico Internacional.
É um objetivo
que as mais recentes orientações da Santa Sé concretizam em três direções: Uma
catequese mais intensa - sobre a Eucaristia, especialmente enquanto mistério de
Cristo, vivo e operante na Igreja; Uma participação mais ativa - na sagrada
liturgia, que promova a religiosa escuta da Palavra de Deus e o sentido
fraterno da comunidade; Uma busca atenta de iniciativas e uma cuidadosa
realização de obras sociais - que favoreçam a promoção humana e a devida
comunhão de bens, inclusive temporais, a exemplo da comunidade cristã
primitiva, de modo que a mesa Eucarística seja o centro difusor do fermento do
Evangelho. (Aliás esse gesto ficou marcado para sempre em nossa Arquidiocese,
pois sempre em Corpus Christi, junto com a celebração do Mistério Eucarístico
recolhemos os alimentos para os pobres).
Este enunciado
deixa facilmente perceber que um Congresso Eucarístico não se pode resumir
apenas a uma semana de palestras, de adorações ao Santíssimo, celebrações
festivas da Eucaristia, encontro e convívio de pessoas de muitas nações, raças
e cores, nem a um acontecimento passageiro, ainda que grandioso e espetacular,
nem a alguns milhares de pessoas com possibilidade de se deslocarem a qualquer
parte.
O fundamental
dum Congresso Eucarístico consiste antes numa caminhada evangelizadora que as
pessoas e as comunidades são chamadas a fazer, para que a Eucaristia se torne
"mistério de fé", "mistério de doação", e "fonte de
Liberdade".
Em 1955 a cidade
do Rio de janeiro foi sede do XXXVI Congresso Eucarístico Internacional.
Porém,
logo de início, surge uma curiosidade. Na época, não havia onde receber os
milhares de fiéis que viriam de todo o mundo, dos estados brasileiros e da
própria cidade para assistir a esse acontecimento. Aqui foi utilizado o aterro
do Flamengo que estava acontecendo. “A primeira fase do aterramento foi entre a
Rua Santa Luzia e o Passeio Público. Assim essa região foi transformada na
Praça do Congresso. Ali, em confessionários improvisados, fiéis de todo mundo
podiam contar seus pecados e receber a absolvição”. Para o Congresso, uma
imagem de Nossa Senhora Aparecida veio do Santuário de Aparecida do Norte de
trem.
A fé arrastou
multidões para o local, com capacidade prevista para 1 milhão e 220 mil
pessoas. Durante uma semana, a cidade se voltou para os mistérios divinos,
acompanhando as procissões, a chegada de Nossa Senhora de Fátima, vinda de
Portugal, dos cardeais, dos peregrinos de inúmeros países com suas vestimentas
tradicionais. Ou seja, um espetáculo de louvor religioso ao qual ninguém ficou
indiferente, mesmo os que professavam outra fé.
“Na abertura do
Congresso, o presidente Café Filho fez uma saudação aos peregrinos. No dia 24
de julho, o Papa Pio XII mandou uma mensagem, por rádio, aos fiéis reunidos no
Rio.
O representante de Sua Santidade foi o Cardeal Dom Bento Aloisi Masella,
que veio de navio da Itália, desembarcando na Praça Mauá.” Na ocasião era
Arcebispo do Rio de Janeiro o Cardeal Dom Jaime de Barros Câmara. As gravações
de voz e os textos desse Congresso se conservam até hoje. Esse Congresso foi um
marco em nossa história!
Ao completar os
60 anos da celebração deste grande Encontro mundial da Eucaristia, relembro uma
frase do Papa Pio XII que me marcou ao ler sua mensagem que na época foi via a
rádio: “E vós em particular, os que no céu da pátria vedes brilhar o Cruzeiro,
aceso pelo Criador, como a lembrar-vos constantemente que sois “Terra de Santa
Cruz”, povo à sombra da cruz nascido, organizado em nação à volta do altar e do
trono eucarístico, que na Eucaristia encontrastes as melhores energias para
“fazer cristandade” e para assegurar com feitos memoráveis a integridade de
pátria e a unidade da fé, que vos encontrais aí, na
Cidade de São Sebastião,
fundada ao pé do altar do Senhor, e, quase antes de nascer, salva para a fé
católica mais pelo valor haurido na comunhão, que pela força das armas, vós
singularmente deveis voltar a vossos lares, decididos a ser paladinos do Rei
eucarístico sempre e por toda a parte, tanto na vida individual como na
familiar, tanto na social e civil como na vida pública; para que o Redentor e
Rei divino, não só de direito, mas de fato, reine em quantos corações palpitam
do Amazonas ao Prata, estabelecendo em todos o seu reinado de paz e amor, de
justiça e santidade, que só assim será, mesmo temporalmente, segundo as divinas
promessas, reino de “Ordem e Progresso” , de tranquilidade e concórdia e
prosperidade verdadeiras” (Discurso do Papa Pio XII em ocasião do Congresso
Eucarístico do Rio de Janeiro- 24/07/1955).
Ao relembrar
esta data tão querida de todo o povo carioca convido para participar da
Eucaristia no dia 26 deste mês na Praça Paris. Queremos louvar ao Senhor por
esse belo momento e agradecer pelos dons e nos comprometer para o futuro.
O
nosso predecessor D. Sebastião Leme já tinha criado o Santuário de Adoração
Perpétua na Igreja de Santana. Por isso uma feliz continuidade com todo esse
movimento Eucarístico, e mesmo para nos preparar para o próximo Congresso
Eucarístico Nacional convido toda a nossa Igreja Arquidiocesana a não se
descuidar, que na Igreja da Adoração Perpétua, no Santuário de Santana, no
Centro do Rio de Janeiro, durante as vinte e quatro horas de todos os dias,
Jesus Eucarístico está exposto esperando pela nossa adoração. Venite adoremos!
Cardeal Orani
João Tempesta
Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ)
Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ)
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