sábado, junho 01, 2019

SÃO JUSTINO NOS AJUDA A REZAR A EUCARISTIA







São Justino era filho da Terra Santa, nascido no ano 100, não muito longe de Jerusalém e Belém. Professor de filosofia em Alexandria, um dos grandes centros culturais do Império Romano, converteu-se por uma conversa providencial com um ancião, passeando na praia. Tornou-se um dos principais escritores cristãos, enumerado entre os chamados “Padres da Igreja”. Entre suas obras, conservamos duas “Apologias” em favor dos cristãos, endereçadas ao Imperador Filósofo, Marco Aurélio, sob cujas ordens viria a ser martirizado. No texto selecionado para nossa oração, ele explica ao Imperador o que é e como se celebra a divina Eucaristia. Sua veneração não se limita á Igreja Católica, mas é praticada entre Ortodoxos, Luteranos, Anglicanos. Sua celebração litúrgica é em 1º de junho.





Da Primeira Apologia (Ofício das Leituras – 30 de abril – cc. 66-67; PG 427-431)


A celebração da Eucaristia


A ninguém é permitido participar da Eucaristia, a não ser àquele que, admitindo como verdadeiros os nossos ensinamentos e tendo sido purificado pelo Batismo para a remissão dos pecados e a regeneração, leve uma vida como Cristo ensinou.


Jesus, bem sabes que não levo uma vida evangélica e, frequentemente, percebo que não a desejo lá no fundo de mim, porque, infelizmente, ainda sou atraído pela sedução das coisas deste mundo. Limpa e muda meu coração! Faze meu coração semelhante ao Teu! Que Teu Sangue me lave! Que o Divino Espírito me prepare para receber humilde e dignamente a Ti no Santíssimo Sacramento! São Justino teve a honra de morrer mártir. Não peço a mesma grandeza, mas suplico ser um discípulo fiel e missionário!


Pois não são pão e vinho comuns que recebemos. Com efeito, do mesmo modo como Jesus Cristo, nosso Salvador, se fez homem pelo Verbo de Deus e assumiu a carne e o sangue para nossa Salvação, também nos foi dado como alimento sobre o qual foi pronunciada a Ação de Graças com as mesmas palavras de Cristo e que, depois de transformado, nutre nossa carne e nosso sangue, é a própria carne e o sangue de Jesus, que se encarnou.


Não sabemos se o Imperador leu esta Apologia. Mas admiro que esta exata exposição lhe tenha podido impressionar. Imagino que São Justino punha sua esperança não tanto no testemunho que dava, mas, sobretudo, na ação do Teu Espírito. Como já se exprimia São João Batista, nossas palavras soam no deserto, mas, como disseste, Jesus, o Espírito sopra onde quer! Ele sopra agora e sempre e gera novos cristãos por toda parte, impele filhos pródigos na volta à casa, e nos regenera também no Sacramento do Perdão. E é Ele, por quem falaram os Profetas e foram inspirados os Escritores Sagrados da Bíblia, é Ele quem nos inspira e conduz por Ti, Jesus, o Caminho para o Pai! Dá-nos crer, esperar e amar!


Os Apóstolos, em suas memórias, que chamamos “Evangelhos”, nos transmitiram a recomendação que Jesus lhes fizera. Tendo Ele tomado o pão e dado graças, disse: “Fazei isto em memória de mim. Isto é meu Corpo” (Lc 22,19; Mc 14,22). Tomando, igualmente, o cálice e dando graças, disse: “Este é meu Sangue” (Mc 14,24). Então os deu somente a eles (os Apóstolos). Desde então, nunca mais deixamos de recordar essas coisas entre nós.


Fico profundamente agradecido porque o que nos dás, de geração em geração, não são coisas, mas és Tu mesmo, Tua Carne e Teu Sangue, que nos alimentam, ó Pão Vivo, Pão descido dos Céus! Que todos os cristãos Te adorem e amem no Santíssimo Sacramento! Que a Divina Eucaristia, Teu Corpo dado, Teu Sangue derramado, nos congreguem na mesma Igreja, Teu Corpo Místico, sem ciúmes, discórdias, divisões!


Com o que possuímos, socorremos os necessitados e estamos sempre unidos uns aos outros. E por todas as coisas com que nos alimentamos, bendizemos o Criador do universo, por Seu Filho Jesus Cristo e pelo Espírito Santo.


Que vergonha se nos desinteressamos de socorrer os desvalidos e necessitados! Que vergonha nossas mútuas desconfianças, nossa “economia” de bondade, nossas brigas e desunião! Converte-nos pela força do Teu Dom! Faze-nos, pelo Teu imenso Amor, dignos de participar, de consciência tranquila dos Teus Altares!


No dia chamado “do Sol (“Sunday”, domingo), reúnem-se no mesmo lugar, todos os que moram nas cidades e nos campos. Lêem-se as memórias dos Apóstolos (ver acima: Evangelhos) ou os escritos dos Profetas (Antigo Testamento), na medida em que o tempo o permite. Terminada a leitura, aquele que preside toma a palavra para aconselhar e exortar os presentes à imitação de tão sublimes ensinamentos (“homilia”). Depois, nós nos levantamos e elevamos nossas preces (“preces da comunidade”). Como já dissemos acima, quando acabamos de rezá-las, apresentam-se o pão, o vinho e a água (“ofertório”). Então, o que preside eleva ao céu, com todo seu fervor, preces e ações de graça (“oração eucarística” ou “anáfora”), e o povo aclama: “Amém!”. Em seguida, se faz entre os presentes a distribuição e a partilha dos alimentos, que foram eucaristizados (“consagrados”), que também são enviados aos ausentes, por meio dos diáconos (hoje, mais comumente, pelos ministros extraordinários da comunhão eucarística).


Gestos tão simples! Maná que parece tão sem gosto para tantos, mas que, para os abençoados, tem sabor do céu! Senhor Jesus, dá-nos amar a Santa Missa!


Os que possuem muitos bens dão livremente o que lhes agrada. O que se recolhe é colocado à disposição do que preside. Ele socorre os órfãos, as viúvas e os que, por doença ou por qualquer outro motivo, se acham em dificuldade, bem como os prisioneiros, e os hóspedes, que estão em viagem. Numa palavra, ele assume o encargo de todos os necessitados.


Jesus, que Tua Caridade continue atuando, livremente, entre todos os cristãos! Que nossos corações e mãos se abram para servir-Te nos pobres, nos enfermos, nos que vamos encontrando caídos à beira do caminho de nossas vidas! Que não faltem à Igreja missionários e missionárias da caridade!


Nós nos reunimos todos no Dia do Sol, não só porque foi o primeiro dia em que Deus, transformando as trevas e a matéria, criou o mundo, mas também porque, nesse mesmo dia (o primeiro da semana), Jesus Cristo, nosso Salvador, ressuscitou dos mortos. Crucificaram-no na véspera do Dia de Saturno (“Saturday”, sábado) e no dia seguinte a este (o Dia do Sol, domingo) aparecendo a Seus discípulos, ensinou-lhes tudo o que também nós vos propusemos como digno de consideração.


Parece que nada disto tocou o Imperador. Nem sabemos se ele leu estas palavras. Mas nós, que agora as rezamos, levemos em séria consideração as Escrituras, em particular os Santos Evangelhos! Que estas “memórias” dos Teus Apóstolo, sejam nosso alimento cotidiano! Que continuemos fiéis em nos reunir, cada domingo, para celebramos a Ti e a Teu dom eucarístico: Corpo dado, Sangue derramado! Amém! Aleluia!