No
ultimo dia 27 de junho de 2019 a paróquia de são conrado comemorou os 105 anos
da benção da pedra fundamental da igreja. Em outras oportunidades, ou melhor,
nos últimos 5 anos, desde o centenário, por ocasião da mesma data, 27 de junho,
tive ocasião de recordar insistentemente que a benção da “pedra” fundamental de
uma construção é o marco, o selo, a garantia do inicio de uma outra construção
que não é apenas física, mas espiritual. Os apóstolos, após o Pentecostes em
suas Cartas, sobretudo São Paulo e São Pedro afirmam: que formamos um corpo místico,
o Corpo de Cristo.
Neste
ano de 2019 além desta rica comemoração (comemorar significa fazer a memória em
comunidade), teremos no próximo 7 de julho a celebração do jubileu de ouro da
Paróquia de São Conrado. O que significa? Significa que a Igreja de São Conrado
em julho de 1969 por determinação do Cardeal Dom Jayme de Barros Câmara tornou-se
Paróquia de São Conrado, foi um desmembramento da Paróquia de Santa Monica
criando assim uma nova jurisdição para o Vicariato Sul. E o que é uma Paróquia?
Quase todo mundo usa esse termo, mas o que ele significa mesmo?
O
fascinante sentido espiritual por trás da palavra “paróquia” tem a ver com
“morada próxima”, “peregrinos” e até com o “barco” que nos leva ao céu!
À
medida que o cristianismo ia se estabelecendo firmemente mundo afora, crescia a
necessidade de organizar as comunidades cristãs num sistema gerenciável. Essa
tarefa ganhou corpo no século IV e foi sendo refinada ao longo das décadas,
chegando a um ápice no século XVI com o Concílio de Trento.
Nesse
concílio, os bispos foram instruídos a definirem claramente as paróquias e os
sacerdotes que exerceriam nelas o seu ministério. Começaram então a ser
estabelecidos os limites territoriais específicos de cada paróquia, com base na
quantidade de almas presentes em cada região.
O
pároco ficaria encarregado do cuidado espiritual e sacramental de todas as
almas que vivessem dentro daquele território. Se houvesse necessidade, ele
contaria com a assistência de mais sacerdotes sob a sua liderança.
O
atual Código de Direito Canônico especifica que uma paróquia é “uma comunidade
de fiéis cristãos constituída de forma estável” e estabelecida por um bispo. Como
regra geral, a paróquia é territorial, ou seja, inclui todos os fiéis cristãos
de um determinado território; no entanto, o direito canônico também prevê
grupos de cristãos não vinculados por fronteiras territoriais. Isto, na
prática, significa que pessoas que residem fora de uma determinada paróquia
podem ainda assim pertencer a ela, não obstante a localização.
“Peregrinos
morando ao lado”
A
palavra paróquia vem do grego “paroikía”, que significa algo como “casa ao
lado”, “morada próxima”, “morar perto”. Tem relação com o termo “paroikos”, que
quer dizer “forasteiro”, “estrangeiro”, “peregrino em outra terra”, e que
aparece nos Atos dos Apóstolos quando Estêvão fala da história dos judeus e os
descreve como “estrangeiros numa terra que não era a sua” (cf. Atos 7,6).
Um
paroquiano é isso: um “peregrino” que viaja rumo à pátria celestial, e que,
acolhido numa paróquia, ou seja, numa “morada próxima”, vai compartilhando essa
viagem com seus irmãos e vizinhos!
Belíssima
imagem para entendermos o conceito, não é?
Mas
há mais imagens e metáforas que nos ajudam a descobrir a riqueza e a
profundidade do conceito de paróquia.
As
paróquias são como barcos
A
imagem da barca é muito associada à Igreja, tradicionalmente representada como
a “Barca de Pedro”. Desta mesma perspectiva, as paróquias são como barcos que
levam grupos específicos de almas rumo ao céu. Não parece coincidência, aliás,
que a parte mais ampla das igrejas tradicionais se chame “nave” (do latim
“navis”, ou seja… navio, barco)!
Todo
pároco, assim, é o “capitão” de um barco de almas a serem levadas até o porto
seguro do céu! Isso não é uma tarefa simples, e é por isso que o padre precisa
muito do envolvimento dos paroquianos na condução do barco – além, é claro, do
sopro contínuo do Espírito Santo.
Analogias
para pôr em prática
Da
próxima vez que você for à sua paróquia, lembre-se dessas analogias com a
“morada próxima”, com a “peregrinação”, com o “barco”. Essas imagens ajudarão
você a entender melhor a tarefa gigantesca do pároco, especialmente quando ele
é responsável por 3 ou 4 “barcos” ao mesmo tempo, e, por conseguinte, a
compreender melhor a importância da sua própria participação e colaboração
ativa como membro dessa tripulação.
Numa
paróquia, afinal, somos todos peregrinos a bordo da mesma casa-barco, rumando
ao céu!