O
Evangelho de hoje define a existência cristã como um “tomar a cruz” do amor, da
doação, da entrega aos irmãos. Supõe uma existência vivida na simplicidade, no
serviço humilde, na generosidade, no esquecimento de si para se fazer dom aos
outros. É esse o “caminho” que eu procuro percorrer?
Na sociedade em geral e na Igreja em particular, encontramos muitos cristãos
para quem o prestígio, as honras, os postos elevados, os tronos, os títulos são
uma espécie de droga de que não prescindem e a que não podem fugir.
Frequentemente, servem-se dos carismas e usam as tarefas que lhe são confiadas
para se auto-promover, gerando conflitos, rivalidades, ciúmes e mal-estar. À
luz do “tomar a cruz e seguir Jesus”, que sentido é que isto fará? Como
podemos, pessoal e comunitariamente, lidar com estas situações? Podemos
tolerá-las – em nós ou nos outros? Como é possível usar bem os talentos que nos
são confiados, sem nos deixarmos tentar pelo prestígio, pelo poder, pelas
honras? Tem alguma importância, à luz do que Jesus aqui ensina, que a Igreja
apareça em lugar proeminente nos acontecimentos sociais e mundanos e que exija
tratamentos de privilégio?
Quem é Jesus, para nós? É alguém que conhecemos das fórmulas do catecismo ou
dos livros de teologia, sobre quem sabemos dizer coisas que aprendemos nos
livros? Ou é alguém que está no centro da nossa existência, cujo “caminho” tem
um real impacto no nosso dia a dia, cuja vida circula em nós e nos transforma,
com quem dialogamos, com quem nos identificamos e a quem amamos?