No
domingo próximo, transferida do dia 29, celebraremos a solenidade de São Pedro,
apóstolo escolhido por Jesus para ser seu vigário aqui na terra (“vigário”, o
que faz as vezes de outro), seu representante e chefe da sua Igreja. Junto com
São Paulo, o apóstolo dos gentios, ambos constituem as colunas da Igreja de
Cristo. Pedro, a pedra, foi o fundador da Igreja de Roma. Paulo, com o chamado
especial de Cristo, tornou-se o grande propagador do Evangelho no mundo pagão,
fora da Judéia.
Pedro
se chamava Simão. Jesus lhe mudou o nome, significando sua missão, como é
habitual nas Escrituras: “Tu és Simão, filho de João. Tu te chamarás Cefas!
(que quer dizer Pedro - pedra)” (Jo 1, 42). Quando Simão fez a profissão de Fé
na divindade de Jesus, este lhe disse: “Não foi carne e sangue quem te revelou
isso, mas o meu Pai que está no céu. Por isso, eu te digo: tu és Pedro, e sobre
esta pedra edificarei a minha Igreja, e as forças do inferno não poderão
vencê-la. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus (a Igreja): tudo o que
ligares na terra será ligado nos céus e tudo o que desligares na terra será
desligado nos céus” (Mt 16, 13-19).
Corajoso
e com imenso amor pelo Senhor, sentiu também sua fraqueza humana, na ocasião da
prisão de Jesus, na casa de Caifás, ao negar três vezes que o conhecia. “Simão,
Simão! Satanás pediu permissão para peneirar-vos, como se faz com o trigo. Eu,
porém, orei por ti, para que tua fé não desfaleça. E tu, uma vez convertido,
confirma os teus irmãos” (Lc 22, 31-32).
E Pedro, depois de ter chorado seu pecado, foi feito por Jesus o Pastor
da sua Igreja.
São
Pedro, fraco por ele mesmo, mas forte pela força que lhe deu Jesus, representa
bem a Igreja de Cristo. “Cremos na Igreja una, santa, católica e apostólica,
edificada por Jesus Cristo sobre a pedra que é Pedro... Cremos que a Igreja,
fundada por Cristo e pela qual Ele orou, é indefectivelmente una, na fé, no
culto e no vínculo da comunhão hierárquica. Ela é santa, apesar de incluir pecadores
no seu seio; pois em si mesma não goza de outra vida senão a vida da graça. Se
realmente seus membros se alimentam dessa vida, se santificam; se dela se
afastam, contraem pecados e impurezas espirituais, que impedem o brilho e a
difusão de sua santidade. É por isso que ela sofre e faz penitência por esses
pecados, tendo o poder de livrar deles a seus filhos, pelo Sangue de Cristo e
pelo dom do Espírito Santo” (Credo do Povo de Deus).
“Enquanto
Cristo ‘santo, inocente, imaculado’, não conheceu o pecado, e veio expiar
unicamente os pecados do povo, a Igreja, que reúne em seu seio os pecadores, é
ao mesmo tempo santa, e sempre necessitada de purificação.... A Igreja continua
o seu peregrinar entre as perseguições do mundo e as consolações de Deus,
anunciando a paixão e a morte do Senhor, até que ele venha. No poder do Senhor
ressuscitado encontra a força para vencer, na paciência e na caridade, as
próprias aflições e dificuldades, internas e exteriores, e para revelar ao
mundo, com fidelidade, embora entre sombras, o mistério de Cristo, até que no
fim dos tempos ele se manifeste na plenitude de sua luz” (Lumen Gentium, 8).
Dom Fernando Arêas Rifan