“...Criai ânimo,
não tenhais medo! Vede, é vosso Deus: é ele que vem para vos salvar!
Abrir-se-ão os olhos dos cegos e se descerrarão os ouvidos dos surdos. O coxo
saltará como um cervo e se desatará a língua dos mudos… brotarão águas no
deserto e jorrarão torrentes no ermo. A terra árida se transformará em lago, e
a região sedenta, em fontes d’água”. Is 35,4,5
“Naquele Tempo, Jesus saiu de novo da região de Tiro, passou por Sidônia e continuou
até o mar da Galileia, atravessando a região da Decápole. Trouxeram então
um homem surdo, que falava com dificuldade, e pediram que Jesus lhe impusesse a
mão. Jesus afastou-se com o homem, para fora da multidão; em seguida, colocou
os dedos nos seus ouvidos, cuspiu e com a saliva tocou a língua dele. Olhando
para o céu, suspirou e disse: “Efatá!”, que quer dizer: “Abre-te!” Imediatamente seus ouvidos se abriram, sua
língua se soltou e ele começou a falar sem dificuldade. Jesus recomendou com insistência que não contassem a ninguém. Mas, quanto mais ele recomendava, mais eles divulgavam. Muito impressionados, diziam: “Ele tem feito bem
todas as coisas: Aos surdos faz ouvir e aos
mudos falar.” Mc 7,31-37
língua se soltou e ele começou a falar sem dificuldade. Jesus recomendou com insistência que não contassem a ninguém. Mas, quanto mais ele recomendava, mais eles divulgavam. Muito impressionados, diziam: “Ele tem feito bem
todas as coisas: Aos surdos faz ouvir e aos
mudos falar.” Mc 7,31-37
Homilia de Padre Marcos Belizário
O relato da cura
do surdo-mudo é um chamado à abertura e à comunicação. Aquele homem surdo e
mudo, fechado em si mesmo, incapaz de sair de seu isolamento, precisa deixar
que Jesus trabalhe seus ouvidos e sua língua. A palavra de Jesus ressoa também
hoje como um imperativo para cada um : “Abre-te”.
Quando não
escuta os anseios mais humanos de seu coração, quando não se abre ao amor,
quando, em suma, se fecha ao Mistério último que nós crentes chamamos “DEUS”,
a pessoa se separa da vida, se fecha à graça e tapa as fontes que a poderiam
fazer viver.
O contato humano
esfriou em muitos âmbitos de nossa sociedade. As pessoas quase não se sentem
responsáveis pelos outros . Cada um vive fechado em seu mundo. Não é fácil o
prazer da verdadeira amizade.
Há os que
perderam a capacidade de chegar a um encontro caloroso, sincero. Já não são
capazes de acolher e amar sinceramente a ninguém, e não se sentem compreendidos
nem amados por ninguém. Relacionam-se cada dia com muitas pessoas, mas na
realidade não se encontram com ninguém. Vivem com o coração bloqueado.
Fechados a Deus e fechados aos demais.
De acordo com o
relato evangélico, para libertar o surdo-mudo de sua enfermidade, Jesus lhe
pede sua colaboração: “Abre-te”. Não é este o convite que precisamos ouvir
também hoje para resgatar nosso coração do isolamento?
Sem dúvida, as
causas desta falta de comunicação são muito diversas; mas, com frequência, têm
sua raiz em nosso pecado. Quando agimos egoisticamente, nos afastamos dos
outros, nos separamos da vida e nos fechamos em nós mesmos. Querendo defender
nossa própria liberdade e independência corremos o risco de viver cada vez mais
sozinhos.
Sem dúvida, é
bom aprender novas técnicas de comunicação, mas precisamos aprender, antes de
mais nada, a abrir-nos à amizade e ao amor verdadeiro. O egoísmo, a desconfiança
e a falta de solidariedade são também hoje o que mais nos separa e isola uns
dos outros. Por isso, a conversão ao amor é caminho indispensável para
escapar da solidão. Quem se abre ao amor do Pai e aos irmãos não está só.
Neste 23º
domingo do Tempo Comum, com estas leituras, a Liturgia bate na porta da vida de
todos nós. Diante de tal quadro, o grito do profeta é realmente, para que nosso
Brasil se liberte; seja independente daqueles que não procuram o bem do povo,
como é o caso dos corruptos, sejam eles empresários ou políticos. É um grito de
libertação, para que nosso Brasil seja independente de interesses que só
favorecem quem já não precisa e empobrece ainda mais quem passa necessidade.
O
grito do profeta é também um grito de esperança: não tenham medo, diz o
profeta, vossa libertação acontecerá em breve. Uma libertação que vê na cura do
surdo-mundo, feita por Jesus, a cura de todos aqueles que se emudeceram, quando
podiam falar; que se calaram, mas tiveram medo de dizer sua palavra para o bem
de todo o povo.
Um apelo também para cada um de nós, para que não compactuemos
com aqueles que defendem erros políticos e administrativos, que hoje fazem o
povo sofrer, a ponto de o tornar sempre mais preocupado com o futuro, sem saber
o que nos espera amanhã, tamanha a incerteza que passamos.
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