sábado, setembro 26, 2015

PAPA FRANCISCO DISCURSA NAS NAÇÕES UNIDAS (ONU) EM NOVA YORK


Francisco tornou-se, na sexta-feira, 25 de setembro, o 4º Pontífice a se dirigir à Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque. O Papa levou aos 170 Chefes de Estado as suas ideias apresentadas ao longo de seu Pontificado e reiterou: “O futuro exige de nós decisões críticas e globais face aos conflitos mundiais que aumentam o número dos excluídos e necessitados”, disse o Pontífice.

Francisco recordou que a “exclusão econômica e social é uma negação total da fraternidade humana e um atentado gravíssimo aos direitos humanos e ao ambiente”, fenômenos que constituem, hoje, a “cultura do descarte” tão difundida e inconscientemente consolidada, advertiu o Papa.

O Papa abriu seu discurso falando sobre a importância das Nações Unidas para a humanidade, e falou da importância das pessoas que trabalham para a organização, principalmente aquelas que “deram suas vidas para a paz e reconciliação entre os povos”.
Em meu nome e em nome de toda a comunidade católica, Senhor Ban Ki-moon, desejo manifestar-lhe a gratidão mais sincera e cordial; agradeço-lhe também as suas amáveis palavras. Saúdo ainda os chefes de Estado e de Governo aqui presentes, os embaixadores, os diplomatas e os funcionários políticos e técnicos que os acompanham, o pessoal das Nações Unidas empenhado nesta LXX Sessão da Assembleia Geral, o pessoal de todos os programas e agências da família da ONU e todos aqueles que, por um título ou outro, participam nesta reunião. Por vosso intermédio, saúdo também os cidadãos de todas as nações representadas neste encontro. Obrigado pelos esforços de todos e cada um em prol do bem da humanidade.
Esta é a quinta vez que um Papa visita as Nações Unidas. Fizeram-no os meus antecessores Paulo VI em 1965, João Paulo II em 1979 e 1995 e o meu imediato antecessor, hoje Papa emérito Bento XVI, em 2008. Nenhum deles poupou expressões de reconhecido apreço pela Organização, considerando-a a resposta jurídica e política adequada para o momento histórico, caracterizado pela superação das distâncias e das fronteiras graças à tecnologia e, aparentemente, superação de qualquer limite natural à afirmação do poder.

“A história da comunidade organizada dos estados representada pelas ONU é uma história de importante êxitos comuns, em um período de inusitada aceleração dos acontecimentos”, afirmou. “É certo que ainda são muitos os problemas a serem resolvidos, mas é certo que se não houvesse essa interferência, a humanidade não teria sobrevivido a suas próprias potencialidades.”

O Papa também falou sobre o recente acordo para o fim da atividade nuclear no Irã, acertado com potências mundiais neste ano. "O recente acordo sobre a questão nuclear em uma região sensível da Ásia e do Oriente Médio é uma prova das possibilidades da boa vontade política e do direito, exercitados com sinceridade, paciência e constância", afirmou sem mencionar explicitamente o Irã.
Também denunciou o narcotráfico que "silenciosamente cobra a vida de milhões de pessoas" e criticou que não é suficientemente combatido.
Gostaria de fazer menção a outro tipo de conflito que nem sempre é tão explicitado, mas que silenciosamente vem cobrando a vida de milhões de pessoas. Outro tipo de guerra em que vivem muitas de nossas sociedades através do fenômeno do narcotráfico. Uma guerra 'assumida' e pobremente combatida.

O pontífice voltou a apelar sobre a "dolorosa situação" do Oriente Médio, do norte da África e de outros países africanos em que os cristãos são perseguidos e têm seus locais de culto destruídos.
Em uma referência indireta ao Estado Islâmico, ele criticou a perseguição de minorias religiosas e a destruição do patrimônio cultural.
Francisco também deu destaque em seu discurso ao tema do aquecimento global e mudança climática, e afirmou que a “sede de poder e propriedade material sem limites” estão prejudicando o meio ambiente e os mais pobres, criticando a cultura do descarte em vigor atualmente.
Para ele, o abuso e o mau uso do meio ambiente veem sempre acompanhado de processos de exclusão social. "Os mais pobres são os que mais sofrem, são descartados pela sociedade", afirmou.
"Os organismos financeiros internacionais devem velar pelo desenvolvimento sustentável dos países e não a submissão asfixiantes destes por sistemas de crédito que, longe de promover o progresso, submetem as populações a mecanismos de maior pobreza, exclusão e dependência", afirmou o pontífice.
O futuro exige-nos decisões críticas e globais face aos conflitos mundiais que aumentam o número dos excluídos e necessitados.
A louvável construção jurídica internacional da Organização das Nações Unidas e de todas as suas realizações – melhorável como qualquer outra obra humana e, ao mesmo tempo, necessária – pode ser penhor dum futuro seguro e feliz para as gerações futuras. Sê-lo-á se os representantes dos Estados souberem pôr de lado interesses sectoriais e ideologias e procurarem sinceramente o serviço do bem comum. 

Peço a Deus omnipotente que assim seja, assegurando-vos o meu apoio, a minha oração, bem como o apoio e as orações de todos os fiéis da Igreja Católica, para que esta Instituição, com todos os seus Estados-Membros e cada um dos seus funcionários, preste sempre um serviço eficaz à humanidade, um serviço respeitoso da diversidade e que saiba potenciar, para o bem comum, o melhor de cada nação e de cada cidadão. Deus vos abençoe a todos!
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ENCONTRO INTER-RELIGIOSO NO MEMORIAL GROUND ZERO
Após o discurso, Francisco seguiu para o Museu do 11 de Setembro, onde rezou junto a um dos espelhos de água que formam o monumento e depositou uma rosa branca em um monumento. Em seguida, participou de uma cerimônia ecumênica pela paz ao lado de representantes do hinduísmo, budismo, jainismo, sikhismo, judaísmo, de nativos americanos, dos muçulmanos e de outras ramificações do cristianismo.
“Vários sentimentos e emoções desperta em mim a presença aqui no Ground Zero, onde milhares de vidas foram arrancadas num ato insensato de destruição. Aqui, a dor é palpável. A água, que vemos correr para este centro vazio, lembra-nos todas aquelas vidas que estavam sob o poder daqueles que crêem que a destruição seja o único modo de resolver os conflitos. É o grito silencioso de quantos sofreram na sua carne a lógica da violência, do ódio, da vingança.
Uma lógica, que só pode causar angústia, sofrimento, destruição, lágrimas. A água que desce é símbolo também das nossas lágrimas; lágrimas pela destruição de ontem, que se unem às lágrimas por tantas destruições de hoje. Este é um lugar onde choramos; choramos a angústia provocada por nos sentirmos impotentes perante a injustiça, perante o fratricídio, perante a incapacidade de resolver as nossas diferenças dialogando. Neste lugar choramos pela perda injusta e gratuita de inocentes, por não poder encontrar soluções para o bem comum.
É água que nos recorda o pranto de ontem e o pranto de hoje.

Aqui, no meio duma angústia lancinante, podemos palpar a bondade heroica de que também é capaz o ser humano, a força escondida a que sempre devemos recorrer. No momento de maior angústia, sofrimento, fostes testemunhas dos maiores atos de dedicação e de ajuda. Mãos estendidas, vidas oferecidas. Numa metrópole que pode parecer impessoal, anônima, de grandes solidões, fostes capazes de mostrar a poderosa solidariedade da ajuda mútua, do amor e do sacrifício pessoal.
Naquele momento, não era uma questão de sangue, de origem, de bairro, de religião ou de opção política; era questão de solidariedade, de emergência, de fraternidade. Era questão de humanidade. Os bombeiros de Nova Iorque entraram nas torres que estavam a ruir sem dar muita atenção à sua própria vida. Muitos caíram em serviço e, com o seu sacrifício, salvaram a vida de muitos outros.
E este lugar de morte transforma-se também num lugar de vida, de vidas salvas, numa canção que nos leva a afirmar que a vida está destinada sempre a triunfar sobre os profetas da destruição, sobre a morte, que o bem prevalece sempre sobre o mal, que a reconciliação e a unidade sairão vencedores sobre o ódio e a divisão.
Assim, a vida de nossos entes queridos não será uma vida que vai acabar no esquecimento, mas estará presente todas as vezes que lutarmos por ser profetas de reconstrução, profetas de reconciliação, profetas de paz”.


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VISITA AO COLÉGIO NOSSA SENHORA RAINHA DOS ANJOS E ENCONTRO COM CRIANÇAS E FAMÍLIAS DE IMIGRANTES NO HARLEM
Em visita ao colégio Nossa Senhora Rainha dos Anjos, o Santo Padre encontrou com crianças e famílias de imigrantes. Nesta sexta-feira, 24, às 17h (horário de Brasília) o Pontífice disse que em todas as casas há situações difíceis, mas que é preciso sonhar. “Não deixem de sonhar!”, acrescentou.
Francisco chegou caminhando pela rua e cumprimentando, com aperto de mãos e abraço, muitos que estavam próximos ao colégio, sendo grande parte crianças e adolescentes que o aclamavam com muita alegria.
O Papa foi recebido em uma sala de aula por um coro de crianças que após a apresentação rezaram juntamente com o mesmo. As crianças apresentaram trabalhos escolares realizados por elas, como também fotos de seus familiares e livros utilizados no colégio.
Após momento com os alunos, o Sucessor de Pedro se dirigiu para outro ambiente do colégio para falar às crianças, de maneira especial, e a todos ali presentes, incluindo diversos imigrantes.
“Queridas crianças, vós tendes o direito de sonhar, e muito me alegro por poderdes encontrar nesta escola, nos vossos amigos, nos vossos professores o apoio necessário para o fazer. Onde há sonhos, onde há alegria, aí sempre está Jesus; porque Jesus é alegria, e quer ajudar-nos para que esta alegria dure todos os dias.”
Francisco convidou todos a cantarem juntos e em seguida rezaram a oração do Pai Nosso. O Papa se despediu dando a benção e dizendo: “rezem por mim!”.
 Hoje queremos continuar a sonhar, e alegramo-nos por todas as oportunidades que permitam – tanto a vós como a nós, grandes – não perder a esperança num mundo melhor, com maiores possibilidades. Soube que um dos sonhos dos vossos pais, dos vossos educadores é que possais crescer com alegria. 
É sempre muito belo ver uma criança sorrir. Aqui vê-se que estais sorridentes: continuai assim e contagiai com a alegria todas as pessoas que tendes perto.

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SANTA MISSA
HOMILIA DO SANTO PADRE
MADISON SQUARE GARDEN,
NOVA IORQUE
Papa celebra missa para 20 mil pessoas no Madison Square Garden, em Nova York

Citando Santa Teresa de Jesus, o Papa afirmou que o Senhor Se misturou com as nossas coisas, nas nossas casas, com as nossas panelas.
Debaixo de palmas e assovios o Papa Francisco chegou ao Madison Square Garden, na noite desta sexta-feira, 25 de setembro. O local da Santa Celebração, é sede de importantes encontros desportivos, artísticos e musicais, que congregam pessoas de diferentes partes do mundo.  O Santo Padre, quando entrou no local, mais uma vez fez questão de cumprimentar com um aperto de mão a muitos que estavam em seu percurso.
Durante a homilia Francisco salientou que uma das características do povo crente passa pela sua capacidade de ver e contemplar no meio das suas obscuridades a luz que Cristo vem trazer.
Falou das dificuldade de um contexto multicultural e com grandes desafios difíceis de resolver, que são próprios de quem vive em uma cidade grande. Pois, escondem o rosto de muitos que parecem não ter cidadania ou ser cidadãos de segunda categoria, tais como os estrangeiros, seus filhos que não conseguem a escolaridade, as pessoas privadas de assistência médica, os sem-abrigo e os idosos sozinhos. Para Francisco essas pessoas são postas à margem das estradas num anonimato ensurdecedor.
“Nas grandes cidades, sob o ruído do tráfego, sob o ritmo das mudanças, permanecem silenciadas as vozes de tantos rostos que não têm direito à cidadania, não têm direito a fazer parte da cidade”, garantiu o Pontífice.
Bergoglio assegurou que Jesus continua a percorrer as nossas estradas, misturando-Se vitalmente com o seu povo, enchendo a todos de esperança. Esperança esta que liberta da força que impele as pessoas a isolar-se e ignorar a vida dos outros.


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