"Quem
quiser ser o primeiro entre vós, faça-se servo de todos" (Mc 10, 44).
Estas palavras de Jesus aos discípulos, que ressoaram há pouco nesta Praça,
indicam qual é o caminho que leva à "grandeza" evangélica.
É o
caminho que o próprio Cristo percorreu até à Cruz; um itinerário de amor e de
serviço, que inverte qualquer lógica humana. Ser o servo de todos!
Madre Teresa de
Calcutá, Fundadora dos Missionários e das Missionárias da Caridade, que
hoje tenho a alegria de inscrever no Álbum dos Beatos, deixou-se guiar por esta
lógica. Estou pessoalmente grato a esta mulher corajosa, que senti sempre ao
meu lado.
Ícone do Bom Samaritano, ela ia a toda a parte para servir
Cristo nos mais pobres entre os pobres. Nem conflitos nem guerras conseguiam
ser um impedimento para ela.
De vez em quando
vinha falar-me das suas experiências ao serviço dos valores evangélicos.
Recordo, por exemplo, as suas intervenções a favor da vida e contra o aborto,
também quando lhe foi conferido o prêmio Nobel pela paz (Oslo, 10 de Dezembro
de 1979).
Costumava dizer: "Se ouvirdes que alguma mulher não deseja ter o seu menino e pretende abortar, procurai convencê-la a trazer-mo. Eu amá-lo-ei, vendo nele o sinal do amor de Deus". Não é
significativo que a sua beatificação se realize precisamente no dia em que a
Igreja celebra o Dia Missionário Mundial? 19/10.
Com o testemunho da sua vida,
Madre Teresa recorda a todos que a missão evangelizadora da Igreja passa
através da caridade, alimentada na oração e na escuta da palavra de Deus.
É emblemática deste estilo missionário a imagem que mostra a nova Beata que, com uma mão, segura uma criança e, com a outra, desfia o Rosário.
Contemplação e
ação, evangelização e promoção humana: Madre Teresa proclama o Evangelho com a
sua vida inteiramente doada aos pobres mas, ao mesmo tempo, envolvida
pela oração.
É com
particular emoção que hoje recordamos Madre Teresa, grande serva dos pobres, da
Igreja e do Mundo inteiro. A sua vida é um testemunho da dignidade e do
privilégio do serviço humilde.
Ela escolheu ser não apenas a mais pequena, mas a serva dos mais pequeninos. Como mãe autêntica dos pobres, inclinou-se diante dos que sofriam várias formas de pobreza. A sua grandeza reside na sua capacidade de doar sem calcular o custo, de se doar "até doer". A sua vida foi uma vivência radical e uma proclamação audaciosa do Evangelho.
O brado de Jesus
na cruz, "Tenho sede" (Jo 19, 28), que exprime a
profundidade do desejo que o homem tem de Deus, penetrou no coração de Madre
Teresa e encontrou terreno fértil no seu coração. Satisfazer a sede que
Jesus tem de amor e de almas, em união com Maria, Sua Mãe, tinha-se tornado a
única finalidade da existência de Madre Teresa, e a força interior que a fazia superar-se
a si mesma e "ir depressa" de uma parte a outra do mundo, a fim de se
comprometer pela salvação e santificação dos mais pobres.
"Sempre
que fizestes isto a um destes Meus irmãos mais pequeninos, a Mim mesmo o
fizestes" (Mt 25, 40). Este trecho do Evangelho, tão fundamental para
compreender o serviço de Madre Teresa aos pobres, estava na base da sua
convicção, cheia de fé, que ao tocar os corpos enfraquecidos dos pobres
tocava o corpo de Cristo.
O seu serviço destinava-se ao próprio Jesus,
escondido sob as vestes angustiantes dos mais pobres. Madre Teresa realça o
significado mais profundo do serviço: um gesto de amor feito aos famintos, aos
sequiosos, aos estrangeiros, a quem está nu, doente, preso (cf. Mt 25,
34-36), é feito ao próprio Jesus.
Ao reconhecê-l'O
servia-O com grande devoção, exprimindo a delicadeza do seu amor esponsal.
Assim, no dom total de si a Deus e ao próximo, Madre Teresa encontrou a sua
satisfação mais nobre e viveu as qualidades mais elevadas da sua
feminilidade.
Desejava ser um "sinal do amor de Deus, da presença de Deus, da compaixão de Deus" e, desta forma, recordar a todos o valor e a dignidade de cada filho de Deus "criado para amar e para ser amado".
Era assim que Madre Teresa "levava as almas para Deus e Deus às almas",
aliviando a sede de Cristo, sobretudo das pessoas mais necessitadas, cuja visão
de Deus tinha sido ofuscada pelo sofrimento e pela dor.
"Porque
o Filho do Homem também não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida
em resgate por muitos" (Mc 10, 45). Madre Teresa partilhou a paixão
do Crucificado, de modo especial durante longos anos de "obscuridade
interior". Aquela foi a prova, por vezes lancinante, acolhida como um
singular "dom e privilégio".
Nos momentos
mais difíceis ela recorria com mais tenacidade à oração diante do Santíssimo
Sacramento. Esta difícil angústia espiritual levou-a a identificar-se cada
vez mais com aqueles que servia todos os dias, experimentando o sofrimento
e por vezes até a recusa. Gostava de repetir que a maior pobreza é não
sermos desejados, não ter ninguém que se ocupe de nós.
"Dai-nos,
Senhor, a Vossa graça, em Vós esperamos!". Quantas vezes, como o
Salmista, também Madre Teresa, nos momentos de desolação interior, repetiu ao
seu Senhor: "Em Vós, meu Deus, em Vós espero!".
Prestemos honra
a esta pequena mulher apaixonada por Deus, humilde mensageira do
Evangelho e infatigável benfeitora da nossa época. Aceitemos a sua mensagem e
sigamos o seu exemplo.
Virgem Maria,
Rainha de todos os Santos, ajuda-nos a ser mansos e humildes de coração como
esta intrépida mensageira do Amor. Ajuda-nos a servir com a alegria e com o
sorriso todas as pessoas que encontramos. Ajuda-nos a ser missionários de
Cristo, nossa paz e nossa esperança. Amém!
Solene Rito de Beatificação
de Madre Teresa
no Dia Missionário Mundial
no Dia Missionário Mundial
Homilia do Papa São
João Paulo II
Domingo, 19 de Outubro
de 2003
O dia mais belo:
hoje
A coisa mais fácil: errar
O maior obstáculo: o medo
O maior erro: o
abandono
A raiz de todos os males: o egoísmo
A distração mais bela: o trabalho
A pior derrota: o desânimo
Os melhores professores: as crianças
A primeira necessidade: comunicar-se
O que traz
felicidade: ser útil aos demais
O pior defeito: o mau humor
A pessoa mais perigosa: a mentirosa
O pior
sentimento: o rancor
O presente mais belo: o perdão
o
mais imprescindível: o lar
A rota mais rápida: o caminho certo
A sensação mais agradável: a paz interior
A maior
proteção efetiva: o sorriso
O maior remédio: o otimismo
A maior satisfação: o dever cumprido
A força mais
potente do mundo: a fé
As pessoas mais necessárias: os pais
A mais bela de todas as coisas: O AMOR!!!
“Dê ao mundo o
melhor de você. Mas isso pode não ser o bastante. Dê o melhor de você assim
mesmo. Veja você que, no final das contas, é tudo entre VOCÊ e DEUS. Nunca foi
entre você e os outros.”
Beata Teresa de Calcutá
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