terça-feira, setembro 29, 2015

PAPA FRANCISCO CONCLUIU SUA DÉCIMA VIAGEM APOSTÓLICA


O Papa Francisco decolou por volta das 20h45 deste domingo (27) em um avião da American Airlines do Aeroporto Internacional da Filadélfia, nos Estados Unidos, depois de realizar uma visita histórica de seis dias no país, onde despertou grande alegria, com multidões que o seguiram para todas as partes.

A visita começou em Washington e passou por Nova York antes de terminar na Filadélfia. Esta foi a primeira vez que o Papa argentino de 78 anos esteve nos EUA. Sua décima viagem começou em Cuba, onde passou pelas cidades de Havana, Holguín e Santiago.

A viagem pelos dois países teve uma ligação simbólica, já que EUA e Cuba, adversários de longa data, iniciaram uma abertura nas relações bilaterais com mediação do Papa Francisco. Estados Unidos e Cuba restabelecem relações diplomáticas
Os EUA vão reabrir a embaixada americana em Cuba. Cuba se comprometeu a abrir o país para organizações internacionais, como a ONU.

 ENCONTRO COM VÍTIMAS DE ABUSOS SEXUAIS - SEMINÁRIO SÃO CARLOS BORROMEU, FILADÉLFIA

Papa sobre abuso de menores: “Deus está chorando!” “Vergonha pelos abusos, responsáveis prestarão contas!”

Papa Francisco emitiu uma forte condenação contra o abuso sexual de menores por membros do clero, após uma reunião privada com várias vítimas da Arquidiocese de Filadélfia.
"Eu tenho gravado no meu coração as histórias, os sofrimentos e as dores dos menores que foram vítimas de abuso sexual por padres", disse ele.
"É vergonhoso que as pessoas, que tinham a seu cargo o cuidado terno desses pequeninos, estuprou-os e lhes causou problemas...”. Deus está chorando!"
Os crimes de abuso sexual, continuou ele, já não podem ser mantidos em segredo. Ele também se comprometeu com uma "vigilância zelosa" da Igreja para proteger os menores e reiterou que "os culpados ​​devem ser responsabilizados”.
O Pontífice elogiou a coragem das vítimas que se apresentaram e trouxeram à luz os abusos por parte de membros do clero.
"Humildemente, devemos a cada um deles e suas famílias a nossa gratidão pela imensa coragem para fazer brilhar a luz de Cristo sobre o mal do abuso sexual de menores", disse ele.
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ENCONTRO COM OS BISPOS HÓSPEDES DO
  8º ENCONTRO MUNDIAL DAS FAMÍLIAS
 Seminário de São Carlos Borromeu, Filadélfia 
“Para a Igreja, a família não é primariamente um motivo de preocupação, mas a feliz confirmação da bênção de Deus à obra-prima da criação”.

Sinto-me feliz por ter a oportunidade de partilhar estes momentos de reflexão pastoral convosco, na jubilosa ocasião do Encontro Mundial das Famílias. Cada dia, em todos os cantos do planeta, a Igreja tem motivos para se alegrar com o Senhor pelo dom daquele povo numeroso de famílias 
que, mesmo nas mais duras provas, honram 
as promessas e guardam a fé.
Assim eu diria que o primeiro impulso pastoral, que nos pede esta desafiadora transição de época, é precisamente um passo decidido na linha de tal reconhecimento. 
 A família é o lugar fundamental da aliança da Igreja com a criação, com esta criação de Deus, já que Deus abençoou o último dia com uma família. Sem a família, a Igreja também não existiria: não poderia ser aquilo que deve ser, isto é, sinal e instrumento da unidade do gênero humano (cf. Lumen gentium, 1).
Naturalmente a compreensão que dela possuímos, plasmada com base na integração da forma eclesial da fé e da experiência conjugal da graça, abençoada pelo sacramento, não deve fazer-nos esquecer a profunda transformação do contexto atual, que incide sobre a cultura social – e lamentavelmente também legal – dos laços familiares e que nos afeta a todos, crentes e não-crentes. O cristão não está «imune» das mudanças do seu tempo; e este mundo concreto, com as suas múltiplas problemáticas e possibilidades, é o lugar onde temos de viver, acreditar e anunciar.
Como pastores, nós bispos, somos chamados a reunir as forças e a relançar o entusiasmo pelo nascimento de famílias que correspondam mais plenamente à bênção de Deus, segundo a sua vocação. Devemos investir as nossas energias não tanto para explicar uma vez e outra os defeitos da atual condição hodierna e os valores do cristianismo, como sobretudo convidar com audácia os jovens a serem ousados na opção do matrimônio e da família. 
O pastor anuncia serena e apaixonadamente a Palavra de Deus, encoraja os crentes a apostarem alto. Tornará os seus irmãos e irmãs capazes de acolher e praticar a promessa de Deus, que alarga a própria experiência da maternidade e da paternidade para o horizonte duma nova «familiaridade» com Deus (cf. Mc 3, 31-35).
O pastor vela pelo sonho, a vida, o crescimento das suas ovelhas. Este «velar» não nasce dos discursos feitos, mas do cuidado pastoral. 
Só é capaz de velar quem sabe estar «no meio», quem não tem medo das perguntas, quem não tem medo do contacto, do acompanhamento. O pastor vela, antes de tudo, com a oração, sustentando a fé do seu povo, transmitindo confiança no Senhor, na sua presença. O pastor permanece sempre vigilante, ajudando a levantar o olhar quando aparecem o desânimo, a frustração ou as quedas. Seria bom perguntar-nos se, no nosso ministério pastoral, sabemos «perder» tempo com as famílias. Sabemos estar com elas, partilhar as suas dificuldades e as suas alegrias?
A família é o nosso aliado, a nossa janela aberta para o mundo, a família é a evidência duma bênção irrevogável de Deus destinada a todos os filhos desta história difícil e maravilhosa da criação que Deus nos pediu para servir. Muito obrigado!


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VISITA AOS ENCARCERADOS NA PRISÃO CURRAN-FROMHOLD PARA MENORES – FILADÉLFIA
O Papa visitou Francisco a prisão de Curran-Fromhold, nos arredores da Filadélfia. Ele recebeu de presente uma cadeira fabricada pelos internos. Disse que é "triste constatar que os sistemas prisionais não buscam curar as feridas, sanar as feridas, dar novas oportunidades".
O Santo Padre falou aos internos que Cristo não pergunta por onde às pessoas andaram, apenas deseja que sejam purificadas dos caminhos nos quais passaram. Segundo ele, todos são pecadores e precisam passar por esse processo de purificação.
“Viver comporta ‘sujar os nossos pés’ pelas estradas poeirentas da vida, da história. Todos precisamos de ser purificados, ser lavados. Todos, eu sou o primeiro”, ressaltou o Papa.
O Sucessor de Pedro convidou os detentos a não enxergarem esse tempo de reclusão como uma expulsão da sociedade.
“Jesus quer ajudar-nos a recompor o nosso andar, retomar o nosso caminho, recuperar a nossa esperança, restituir-nos a fé e a confiança. Quer que regressemos às estradas da vida, sentindo que temos uma missão; que este tempo de reclusão nunca foi sinônimo de expulsão”, disse Francisco.
Este período da vossa vida só pode ter um objetivo: estender a mão para retomar o caminho, estender a mão para que ajude à reintegração social. Uma reintegração de que todos fazemos parte, que todos somos chamados a estimular, acompanhar e realizar. Uma reintegração procurada e desejada por todos: reclusos, famílias, funcionários, políticas sociais e educativas. Uma reintegração que beneficia e eleva o nível moral de toda a comunidade e a sociedade.
E desejo encorajar-vos a manter esta atitude entre vós, com todas as pessoas quede alguma maneira fazem parte deste Instituto. Sede artífices de oportunidades, sede artífices de caminho, sede artífices de novas vias.
Todos temos alguma coisa de que ser limpos e purificados. Todos. Que a consciência disto nos desperte para a solidariedade entre todos, para nos apoiarmos e procurarmos o melhor para os outros.
Fixemos os olhos em Jesus que nos lava os pés: Ele é «o Caminho, a Verdade e a Vida» (Jo 14, 6), que nos vem fazer sair da mentira de crer que nada pode mudar, da mentira de crer que ninguém pode mudar. Jesus ajuda-nos a caminhar por sendas devida e plenitude. Que a força do seu amor e da sua Ressurreição seja sempre caminho de vida nova”.


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SANTA MISSA DE ENCERRAMENTO
DO 8º ENCONTRO MUNDIAL DAS FAMÍLIAS
PARQUE BENJAMIN FRANKLIN, FILADÉLFIA

Deus, nosso Pai, não Se deixa vencer em generosidade, e semeia. Semeia a sua presença no nosso mundo, porque «é nisto que está o amor: não fomos nós que amamos a Deus, mas foi Ele mesmo que nos amou» primeiro (1 Jo 4, 10). 
 Aquele amor dá-nos esta certeza profunda: somos procurados por Ele, Ele está à nossa espera. É esta confiança que leva o discípulo a estimular, acompanhar e fazer crescer todas as boas iniciativas que existem ao seu redor. Deus quer que todos os seus filhos tomem parte na festa do Evangelho. Não ponhais obstáculo ao que é bom – diz Jesus –, antes pelo contrário, ajudai-o a crescer. Pôr em dúvida a obra do Espírito, dar a impressão de que a mesma não tem nada a ver com aqueles que não são «do nosso grupo», que não são «como nós», é uma tentação perigosa. Não só bloqueia a conversão à fé, mas constitui uma perversão da fé.
 A fé abre a «janela» à presença operante do Espírito e demonstra-nos que a santidade, tal como a felicidade, está sempre ligada aos pequenos gestos. «Seja quem for que vos der a beber um copo de água – um pequeno gesto – por serdes de Cristo, (...) não perderá a sua recompensa», diz Jesus (Mc 9, 41). São gestos mínimos, que uma pessoa aprende em casa; gestos de família que se perdem no anonimato da vida diária, mas que fazem cada dia diferente do outro. São gestos de mãe, de avó, de pai, de avô, de filho, de irmãos. São gestos de ternura, de afeto, de compaixão.
 Gestos como o prato quente de quem espera para jantar, como o café da manhã de quem sabe acompanhar o levantar na alvorada. São gestos familiares. É a bênção antes de dormir, e o abraço ao regressar duma jornada de trabalho. O amor exprime-se em pequenas coisas, na atenção aos detalhes de cada dia que fazem com que a vida sempre tenha sabor de casa. A fé cresce, quando 
é vivida e plasmada pelo amor. Por isso, as 
nossas famílias, as nossas casas são autênticas igrejas domésticas: são o lugar ideal onde a fé 
se torna vida e a vida cresce na fé.
 Nós cristãos, discípulos do Senhor, pedimos às famílias do mundo que nos ajudem. Somos tantos a participar nesta celebração e isto, em si mesmo, já é algo de profético, uma espécie de milagre no mundo de hoje, que está cansado de inventar novas divisões, novas rupturas, novos desastres. Quem dera que fôssemos todos profetas! Quem dera que cada um de nós se abrisse aos milagres do amor a bem da família própria e de todas as famílias do mundo, para assim –  falar de milagres de amor.
Como seria bom se por todo o lado, mesmo para além das nossas fronteiras, pudéssemos encorajar e apreciar esta profecia e este milagre! Renovemos a nossa fé na palavra do Senhor, que convida as nossas famílias para esta abertura; que convida a todos a participarem na profecia da aliança entre um homem e uma mulher, que gera vida e revela Deus. 

Que nos ajude a participar na profecia da paz, da ternura e do carinho familiar. Que nos ajude a participar no gesto profético de cuidar, com ternura, paciência e amor, das nossas crianças e dos nossos avós.

Toda a pessoa que desejar formar, neste mundo, uma família que ensine os filhos a alegrar-se por cada ação que se proponha vencer o mal – uma família que mostre que o Espírito está vivo e operante –, encontrará gratidão e estima, independentemente do povo, região ou religião a que pertença.

Que Deus nos conceda a todos ser profetas da alegria do Evangelho, do Evangelho da família, do amor da família, ser profetas como discípulos do Senhor, e nos conceda a graça de ser dignos desta pureza de coração que não se escandaliza do Evangelho. Que assim seja.

VIAGEM APOSTÓLICA DO SANTO PADRE FRANCISCO A CUBA, AOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA
E VISITA À SEDE DA ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS por ocasião da participação ao
VIII Encontro Mundial das Famílias na Filadélfia


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