No
próximo sábado, dia 2, faremos a comemoração de todos os fiéis defuntos, dos
nossos falecidos, daqueles que estiveram conosco e hoje estão na eternidade, os
“finados”, aqueles que chegaram ao fim da vida terrena e já começaram a vida
eterna.
É
tempo de reflexão sobre a vida após a morte, a vida eterna, e sua importância
maior do que a vida presente, da qual ela depende. A nossa alma é imortal e
levará consigo a responsabilidade dos seus atos na vida presente. Ademais, a
morte nos leva a refletir sobre a humildade que devemos ter. Todos
compareceremos diante de Deus. Ali não haverá distinção entre ricos e pobres,
entre reis e súditos, entre presidentes, parlamentares e magistrados e os
cidadãos comuns, entre Papa, Bispo, Padres e simples fiéis. Platão já dizia que
no juízo as almas estarão nuas, sem nenhuma honraria. A distinção só será entre
bons e maus, e isso não no sentir do povo, mas diante de Deus, que tudo sabe.
Mas
olhemos a morte com os olhos da fé e da esperança cristã, não com desespero.
Confiemos na misericórdia de Deus, que é nosso Pai, que nos enviou seu Filho,
Jesus, que morreu por nós, para que não nos condenássemos, mas que tivéssemos a
vida eterna. “Deus não criou a morte e a
destruição dos vivos não lhe dá alegria alguma. Ele criou todas as coisas para
existirem... e a morte não reina sobre a terra, porque a justiça é imortal” (Sb
1, 13-15). O pecado é que fez entrar a morte no mundo. Mas a esperança da
ressurreição nos consola.
Os
santos encaravam a morte com esse espírito de fé e esperança. Assim São
Francisco de Assis, no cântico do Sol: “Louvado sejais, meu Senhor, pela nossa
irmã, a morte corporal, da qual nenhum homem pode fugir. Ai daqueles que morrem
em pecado mortal! Felizes dos que a morte encontra conformes à vossa santíssima
vontade! A estes não fará mal a segunda morte”. “É morrendo que se vive para a
vida eterna!”. Santo Agostinho nos advertia: “Fazes o impossível para morrer um
pouco mais tarde, e nada fazes para não morrer para sempre?”
Quantas
boas lições nos dá a morte. Assim nos aconselha São Paulo: “Enquanto temos
tempo, façamos o bem a todos” (Gl 6, 10). “Para mim o viver é Cristo e o morrer
é um lucro... Tenho o desejo de ser desatado e estar com Cristo” (Fl 1, 21.23).
“Eis, pois, o que vos digo, irmãos: o tempo é breve; resta que os que têm
mulheres, sejam como se as não tivessem; os que choram, como se não chorassem;
os que se alegram, como se não se alegrassem; os que compram, como se não
possuíssem; os que usam deste mundo, como se dele não usassem, porque a figura
deste mundo passa” (1 Cor 7, 29-31). Diz A Imitação de Cristo que bem depressa
se esquecem dos falecidos. O dia de Finados foi estabelecido pela Igreja para
não deixarmos nossos falecidos no esquecimento.
Três
coisas pedimos com a Igreja para os nossos falecidos: o descanso, a luz e a
paz. Descanso é o prêmio para quem trabalhou. O reino da luz é o Céu. E a paz é
a recompensa para quem lutou. Que nossos falecidos descansem em paz e a luz
perpétua brilhe para eles. Amém.
Fonte:
Dom Fernando Arêas Rifan