Os
apóstolos, que hoje celebramos, ocupam uma posição bastante discreta nos
evangelhos. Simão é cognominado "zelote" por Lucas, talvez porque
pertencia ao grupo antirromano dos zelotes. Mateus e Marcos qualificam-no como
"cananeu" (10, 3; 3, 18). O apóstolo Judas, cognominado
"Tadeu" por Mateus e Marcos (10, 3; 3, 18), é qualificado por Lucas
como "filho de Tiago" (6, 16) e, portanto, primo do Senhor. É este
Judas que, na última ceia, diz a Jesus: "Porque te hás-de manifestar a nós
e não te manifestarás ao mundo?»" (Jo 14, 22). Uma das Cartas Católicas,
na qual se previne os cristãos contra os falsos doutores que se haviam
infiltrado nas comunidades, é-lhe atribuída. De acordo com uma tradição
oriental, os dois apóstolos terão levado o Evangelho até ao Cáucaso, onde
teriam sido martirizados. A sua festa, celebrada no Oriente desde o século VI,
passou a ser celebrada em Roma no século IX.
A
festa dos santos apóstolos Simão e Judas oferecem-nos ensejo para refletirmos e
tornarmos mais clara consciência da Igreja, que é simultaneamente corpo de
Cristo e templo do Espírito Santo. São duas dimensões imprescindíveis. Não se
pode receber o Espírito Santo sem pertencer ao corpo de Cristo. A razão é
clara: o Espírito Santo é o Espírito de Cristo, que se recebe no corpo de
Cristo. A Igreja, todavia, tem um aspeto visível. Por isso, Cristo escolheu os
Doze e continua a escolher os seus sucessores, para formar a estrutura visível
do seu corpo, quase em continuação da Incarnação. Pertencendo ao corpo de
Cristo, podemos receber o seu Espírito e ser intimamente unidos a Ele num só
corpo e num só Espírito.
Um
outro aspeto que esta festa nos permite colher é a relação entre a oração e a
missão. Jesus demora-se em oração antes de decidir a escolha dos Doze. É
preciso rezar para discernir o projeto de Deus. É preciso rezar em ordem às
grandes decisões da vida pessoal e comunitária. Nesta perspetiva, a oração não
é um momento separado do resto da vida, mas uma atitude prévia à nossa
experiência de vida pessoal e eclesial. Rezar antes de iniciar a missão pessoal
e/ou comunitária significa confiá-la Àquele que é o seu primeiro responsável, o
dono da vinha, o pastor do rebanho, o Senhor do povo.
"Reconhecemos
que da oração assídua depende... a fecundidade do nosso apostolado." (Cst
76).
Fonte: Dehonianos