segunda-feira, outubro 14, 2019

XXVIII DOMINGO DO TEMPO COMUM









Todos os pais têm a preocupação em ensinar aos seus filhos que digam  "por favor" e "obrigado". Isso faz parte da boa educação. Mas estas duas palavras estão carregadas de um sentido que a criança deve descobrir progressivamente: ninguém consegue sozinho, todos temos necessidade dos outros. Reconhecer que, sozinho, não posso fazer tudo; tenho necessidade de receber, de pedir. E dizendo obrigado aos outros, reconheço que me fizeram bem. Enfim, estas palavras, que parecem tão banais, exprimem a dimensão social do ser humano. A comunidade humana e a comunidade cristã constroem-se através destas relações, destes contatos quotidianos nos quais cada um se reconhece, em todos os sentidos desta palavra. Hoje, Jesus convida-nos a recordar tudo isso na nossa relação com Deus. Os dez leprosos vieram até Ele porque reconheciam n'Ele um mestre, um enviado de Deus. Ousam pedir o que ninguém podia dar naquela época: a cura da lepra. Pedem um favor que ultrapassa as forças humanas. É a Deus que se dirigem através de Jesus. Pedem a Jesus e Ele cura-os. Mas um só vem dizer "obrigado". Um estrangeiro, um samaritano. Talvez os outros pensassem que tinham o direito de serem curados por serem judeus... O estrangeiro, esse, reconhece que a sua cura é dom gratuito da bondade de Deus. Volta junto de Jesus para "reconhecer" este dom. Entra numa relação plena com Deus. Veio com a sua pobreza, para pedir; regressa, com a sua gratidão, para reconhecer que Jesus respondeu ao seu pedido. O ato central, fonte e cume da vida cristã, a Eucaristia, significa "ação de graças". Eis o pedido supremo que podemos dirigir a Deus: que nos dê a sua presença em Jesus ressuscitado e o nosso "obrigado", o mais perfeito possível que possamos dizer a Deus. Aí, estamos bem no coração da nossa fé e do nosso amor. 

OBS:
É claro que em momentos de crise, como em doenças graves, nós corremos e gritamos para que Deus venha em nosso socorro. Foi o que fizeram os dez leprosos ao verem Jesus passar. Rezaram gritando por um milagre, intercedendo a cura. Jesus não reprova a intercessão aos gritos, sua admiração foi pela falta de consideração, falta de gratidão para com a cura recebida de Deus. E, tem ainda outro detalhe, relacionado ao modo como Jesus cura. Pede para caminhar e se apresentar ao sacerdote. Elizeu, na 1ª leitura, pediu a Naamã para caminhar até o rio e se banhar. A cura, seja na 1ª leitura como no Evangelho, acontece fazendo o caminho. Nada de teatro, nada de gritos, nada de invocações histéricas. É no caminho, uma atividade simples da vida, que a cura acontece. Este caminho pode ser uma conversão espiritual, pode ser uma terapia médica, pode ser uma mudança de vida.