COMO BOM FILHO DE SANTO INÁCIO, O PAPA FRANCISCO, ALUDINDO A COMUNIDADES, ANALISA BEM COMO O DEMÔNIO, BOM ESTRATEGISTA, SABE NOS TENTAR E
NOS ENGANAR COM APARÊNCIAS DE VERDADE OU MEIAS-VERDADES, O QUE PODE SE APLICAR
AO COMPORTAMENTO HUMANO EM GERAL.
“A tentação do individualismo, que, crescendo, nos conduz a
parcialidades... baseia-se sempre em uma verdade (que pode ser real ou parcial
ou aparente, ou uma falácia). Costuma ser uma razão que justifica e
tranquiliza ao mesmo tempo. E essa razão tem raiz no espírito de suspeita e
desconfiança. Nem sempre o demônio tenta com uma mentira. Na base de uma
tentação, pode existir uma verdade, mas vivida no mau espírito...
‘Vim a pensar
como Nosso Senhor não deve ter por bem reformar algumas coisas da Igreja
segundo o modo dos hereges; porque eles, assim como também os demônios, em
muitas coisas dizem a verdade, mas não a dizem com o Espírito de verdade, que é
o Espírito Santo’ (Beato Fabro). Aqui se baseia, em grande parte, a estrutura
da ideologia. Aparentemente, a ideologia parece ser fruto de uma verdade, de
uma opinião; porém, na realidade, é fruto da vontade, do mau espírito. Por
isso, uma ideologia deve ser julgada sempre não por seu conteúdo, mas pelo
espírito que a sustenta, que não é necessariamente o Espírito da verdade”.
“As suposições são como aqueles que pretendem prever o futuro: são nada mais que tentação. Ali Deus não está, porque Ele é Senhor do tempo real, do passado constatável e do presente discernível. Quanto ao futuro, é Senhor da Promessa, que pede de nós confiança e abandono...”.
“É o próprio demônio quem semeia a suspeita no coração para dividir. A
fenomenologia é inversa à da Encarnação do Verbo: o demônio busca dividir, por
meio da suspeita, para confundir depois; o Senhor, no entanto, apresenta-se
sempre Deus e Homem, sem confusão nem divisão. Ao semear as suspeitas, o
demônio procura convencer com falácias ou com meias verdades, a fim de
resguardar o coração em convicções egoístas que levam a um mundo fechado a toda
objetividade (cf. Exercícios Espirituais e regra para discernimento).
A
suspeita, semeada pelo demônio, configura uma regra distorcida no coração, que
distorce toda a realidade... Já não se trata de tal ou qual ideia, e sim de
toda uma hermenêutica: qualquer coisa que aconteça é interpretada de forma
distorcida, devido à adesão a essa regra distorcida”.
“A teoria do complô... é uma sedução primária que favorece o tipo de
almas que, no fundo, sente falta de esquemas maniqueístas de bom-mau (e costuma
se situar no partido dos bons). A falta de contato com uma objetivação
real vai amuralhando tais almas em certa ideologia defensiva. Elas trocam a
doutrina pela ideologia, a peregrinação paciente dos filhos de Deus pelo
vitimismo do complô que os outros fazem contra elas.
Acabam enroladas em palavras que aprisionam, segundo o dito que diz que as palavras que nascem da mente são um muro e as que nascem do coração são uma ponte” (J. M. Bergoglio, S.J., Sobre a acusação de si mesmo).
Acabam enroladas em palavras que aprisionam, segundo o dito que diz que as palavras que nascem da mente são um muro e as que nascem do coração são uma ponte” (J. M. Bergoglio, S.J., Sobre a acusação de si mesmo).
Bispo da
Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney
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