O extraordinário evento da maternidade de Isabel
prepara outro, o da maternidade de Maria. A missão de João faz-nos pregustar a
de Jesus. Trata-se de uma única missão, em dois tempos; dois tempos de uma
única história que se desenrola em ritmos alternos mas sincronizados.
João Batista, além da Virgem Maria, é o único santo de
quem a Liturgia celebra o nascimento para a terra. João, como “Precursor” de
Jesus teve, de fato, um papel único na História da Salvação. Filho de Zacarias
e de Isabel, a sua vida não desabrochou por iniciativa humana, mas por dom de
Deus a dois pais de idade avançada e, por isso, já sem possibilidade de gerar
filhos. Situado na charneira entre o Antigo e o Novo Testamento, como
Precursor, João é considerado profeta de um e outro Testamento. O paralelismo
estabelecido por Lucas entre a infância de Jesus e de João Batista levou a
Liturgia a celebrar o nascimento de ambos: o de Jesus no solstício de Inverno e
o de João no solstício de Verão.
A festa do nascimento de João Batista leva-nos a
pensar no amor preveniente de Deus e na importância das suas preparações para o
acolhermos devidamente e com fruto. Deus prepara o nascimento de João: um anjo
anuncia a Zacarias que a sua mulher, idosa e estéril, vai ter um filho, cujo
nascimento alegrará a muitos; inesperadamente, o nome da criança não é
Zacarias, mas João, cujo significado é: “Deus faz graça”; João é enviado a
preparar os caminhos do Senhor, o “ano de graça” do Senhor, a vinda de Jesus. Como
o agricultor prepara o terreno antes de lhe lançar a semente, assim Deus
prepara os tempos e os corações para receberem os seus dons. É por isso que
havemos de viver vigilantes, de estar atentos à ação de Deus em nós e nos
outros, para a sabermos discernir no meio dos acontecimentos humanos e nas mais
variadas situações da nossa vida. João ajuda-nos a estarmos atentos a Jesus e
ao que Ele quer fazer em nós e no nosso mundo. João acreditou e indicou Jesus
aos que o seguiam: “depois de mim, virá alguém maior do que eu… Eis o Cordeiro
de Deus!”
"Entre os filhos
de mulher, ninguém ultrapassa João Batista" (Lc 7,28): a vaidade, o
orgulho, a soberba, jamais encontraram lugar em seu coração. Por causa de sua
austeridade e de sua fidelidade cristã, ele foi confundido com o próprio Jesus
Cristo, mas, imediatamente, ele retruca: "Eu não sou o Cristo, mas fui
enviado diante dele." (Jo 3, 28) e "não sou digno de desatar a
correia de sua sandália". (Jo 1,27). João batizou Jesus, embora não
quisesse fazê-lo, dizendo: "Eu é que tenho necessidade de ser batizado por
ti e tu vens a mim ?" (Mt 3:14).
Por todas estas razões, a festa de hoje é um dia de alegria para a Igreja. E, todavia, João foi um profeta austero, que pregou a penitência com uma linguagem pouco amável: “Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da cólera que está para vir? Produzi, pois, frutos dignos de conversão e não vos iludais a vós mesmos, dizendo:
‘Temos por pai a Abraão!’” (Mt 3, 7-8).
Por todas estas razões, a festa de hoje é um dia de alegria para a Igreja. E, todavia, João foi um profeta austero, que pregou a penitência com uma linguagem pouco amável: “Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da cólera que está para vir? Produzi, pois, frutos dignos de conversão e não vos iludais a vós mesmos, dizendo:
‘Temos por pai a Abraão!’” (Mt 3, 7-8).
O PROFETA EXORTAVA A UMA PENITÊNCIA QUE SE TORNA ALEGRIA, ALEGRIA
DA PURIFICAÇÃO, ALEGRIA DA VINDA DO SENHOR.
A Missão
de João Batista é, de certo modo, a missão de todo o cristão: preparar a Vinda do
Senhor, o que é mais do que simplesmente Anunciar. É preciso por ao serviço de Jesus
não só as nossas palavras, mas também a nossa vida toda.
João ainda não nascera quando Jesus e Maria vão visitá-lo à Judeia. Estremece no seio de sua mãe. É abençoado e santificado pela presença de Jesus e pela visita de Maria. É um amigo para Jesus, di-lo ele mesmo: "O amigo do esposo, diz, alegra-se quando escuta a voz do seu amigo, é por isso que hoje estou alegre" (Jo 3, 29).
Quando Jesus menino volta do
Egito, visita o seu pequeno amigo passando pela Judeia. Cada ano, nos dias de
Páscoa, estão juntos em Jerusalém. Reencontram-se no Jordão. S. João conhece a
missão do seu amigo e parente, proclama a sua missão: "Eis, diz, o Cordeiro de
Deus, eis aquele que tira os pecados do mundo". Pregam um ao outro, mas São João
envia os seus discípulos a Cristo. Recebe as suas graças de Jesus e conduz as
almas a Jesus. Tal deve ser a nossa união com Jesus e Maria. Maria dar-nos-á
Jesus. Sede amigos para Jesus pela vossa assiduidade, pelo vosso afeto, pela
vossa confiança. Conduzamos-lhe as almas, não procuremos em nada reter a sua
afeição por nós, admiremos nisto o desapego de São João. Ide a Jesus, diz a
todos, nada sou senão uma voz que prega no deserto, não sou digno de desatar os
seus sapatos.
São
João Batista, glorioso Precursor de Jesus, verdadeiro amigo do Esposo,
ensinai-me o espírito de penitência e o amor da pureza para alcançar uma união,
cada vez maior, com Jesus, o Salvador, e com Maria, sua Mãe. Ensinai-me a viver
essa união em todos os momentos da minha vida, incluindo o meu apostolado em
que procuro preparar, como vós, os caminhos do Senhor. Que a minha ternura por
Jesus se torne, cada vez mais, semelhante à vossa. Amém.
Padre
Joaquim Garrido, Padre Manuel Barbosa, Padre José Ornelas Carvalho
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