segunda-feira, junho 17, 2013

XI DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO C


 Saímos hoje da liturgia dominical envolvidos no suave perfume da bem-aventurança com a qual rezamos: “FELIZ DAQUELE QUE FOI PERDOADA A CULPA E ABSOLVIDO O PECADO.” (SALMO 31),  as histórias de culpa e de graça e juízo e de perdão que escutamos não são acontecimentos de outros tempos, mas são vivas e atuais para a vida de cada crente, marcada pela astúcia do próprio mal e surpresa do prodígio estupendo da misericórdia do Senhor.

A Palavra anunciou-nos que Deus é maior que o nosso coração, que a sua benevolência tem entranhas maternas e é mais forte que o nosso pecado.

É difícil para nós, no contexto social em que vivemos, deixar que a Palavra do Senhor ponha a nu a nossa verdade mais profunda até fazer-nos confessar: “pequei” (II Samuel) . Demasiadas justificações psicológicas, demasiados condicionamentos sociais, pretendem tornar desatualizada esta obrigatória “confessio vitae”, quando inclusive não apresentam motivos que legitimam o mal que verificamos dentro e fora de nós. E no entanto precisamente este reconhecimento sincero da nossa culpa, o conhecimento da nossa cumplicidade no mal que existe no mundo, a liberdade de a manifestarmos a Deus e aos irmãos não são um ato de degradação mas podem ser, o começo de uma vida reencontrada e renovada.

Como Davi, aceitarmos a palavra como poder de juízo, ela nos fará experimentar a sua força de salvação. Acaso Jesus não se apresenta como aquele que pode apagar o passado de uma pessoa, abrir o seu coração para receber um dom novo, fazer desencadear um amor indizível?

Jesus sonhava com um “ser humano novo”, um ser empenhando em  transformar a vida e torná-la melhor, um ser chamado a desfrutar a Vida eterna.

O perdão de Jesus a mulher pecadora não é um rito rotineiro de absolvição de pecados. Diante da visão legalista do fariseu, Simão, que busca tudo, menos o bem real da mulher, Jesus, que só quer para ela a vida liberta-a de sua humilhação, devolve-lhe sua dignidade, renova-a por dentro e abre-lhe um novo horizonte: “Tua fé te salvou. Vai em paz.”

Mt 5,38-42 – O espírito de mansidão – (Lu 6,29-30) – Como em Mt 5,25-26, a mansidão e a conciliação são dons decorrentes da caridade, do amor que tudo perdoa.  É o novo mandamento do amor, da misericórdia e da justiça. Jesus veio abolir a vingança proposta pelo antigo ‘olho por olho dente por dente’. Isso não quer dizer que tenho que ser passivo com o mal. Como é difícil não resistir àquele que nos quer bater, roubar e até matar? Só com a graça do alto poderemos vencer a natural reação que se manifesta em nós ao reclamar de quem nos ofende de quem toma o que é nosso. Realmente não é fácil viver cristamente. Como é dura, já diziam os apóstolos, como extremada a proposta de Jesus: ‘se te batem na face direita, oferece a esquerda... se te tiram a túnica, dá o manto” e assim por diante.

Dá-lhe um amor que ela nunca tinha recebido, um amor gratuito, para a fazer nascer ela própria. Ele transforma a água suja dos seus pecados em fonte purificadora, transfigurada pelo fogo do amor divino. Porque a pecadora recebeu um perdão infinito e gratuito, pôde, por sua vez, mostrar um grande amor, e nascer para a vida. É isso que Jesus nos convida a viver quando vamos até Ele!



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