SÃO PEDRO E SÃO PAULO, AMBOS VIVERAM PROFUNDAMENTE O QUE PREGARAM: PREGARAM O CRISTO COM A PALAVRA E A VIDA, TUDO POR CRISTO.
Pedro disse com acerto: “Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que te amo”;
Paulo exclamou com verdade: “Para mim, viver é Cristo. Minha
vida presente na carne, eu a vivo na fé do Filho de Deus, que me amou e se
entregou por mim”.
Dois homens, um amor apaixonado: Jesus Cristo! Duas vidas, um
só ideal: anunciar Jesus Cristo!
HOMILIA DE PADRE MARCOS BELIZÁRIO
O primeiro olhar
que dirigimos para São Pedro e São Paulo diz respeito ao modo de serem
cristãos; o jeito como viveram sua fé cristã.
Estamos tão acostumados a olhar para os santos com um olhar vertical, de baixo para cima, que perdemos aquilo que é mais importante: o exemplo de suas vidas.
Os santos e santas, diz a
doutrina da Igreja, são exemplares na vivência da fé cristã. Por isso, convido
todos a olhar para Pedro e Paulo de modo horizontal, como quem olha cara a
cara, na mesma altura dos olhos, como nos olhamos em nossos encontros.
É
preciso considerar, por exemplo, que eles são pessoas humanas como nós e só
foram declarados santos porque viveram o Evangelho de modo radical, até as
últimas conseqüências. Aprender de Pedro, por exemplo, o amor para com Cristo,
a ponto de nada impedi-lo de evangelizar, nem mesmo as ameaças de morte.
Aprender de Paulo a dedicação ao Evangelho, a ponto de oferecer sua vida como
um sacrifício agradável a Deus. Se eles, pessoas humanas como nós, se uniram
tanto a Jesus, também nós, que somos pessoas humanas como eles, podemos viver a
mesma união para alcançar a mesma santidade que eles alcançaram.
O segundo olhar
que convido a dirigir é para o chamado “poder das chaves". Este poder
deriva da entrega das chaves do Reino a Pedro.
Jesus entrega as chaves do Reino a Pedro dizendo: “Tudo que ligar na terra, será ligado no céu e tudo que desligar na terra, será desligado no céu.”
Entendemos bem que se trata de
um poder de ligar e de desligar; o acento está em ligar e desligar, não no
abrir e no fechar, que é, na prática a função de uma chave. Mas, devido à
função das chaves de abrir e fechar, em muitos momentos da história prevaleceu
o poder de proibir (fechar).
Criou-se assim a imagem de uma Igreja proibidora.
Essa prática tem colaborado para se criar uma concepção (em alguns casos um
preconceito) de Igreja retrograda.
São pessoas e ideologias que vêem a Igreja como aquela que fecha (impede) novas possibilidades e novos modos de viver na sociedade. A função das chaves precisa ser reconsiderada na Igreja em vista da proteção do rebanho. Mas, na prática, como isso acontece?
O contexto celebrativo que estamos propondo favorece compreender o poder das chaves de modo positivo, não como alguém que fecha possibilidades, mas abre condições para novos caminhos e novas experiências de vida.
Em todas as leituras aparece, direta ou indiretamente, uma chave para libertar quem vive na prisão. Pedro é libertado da prisão com uma chave da intervenção divina e, Paulo, é libertado com a chave da fé e da esperança.
Paulo, por exemplo, tinha tudo para se ansiar, para entrar em estado de desespero e maldizer sua conversão, já que estava na cadeia unicamente por causa de Jesus e do Evangelho. A chave da fé e da esperança, contudo, ofereceram um novo modo de considerar sua morte, privilegiando sua vida a ser oferecida em sacrifício a Deus.
São duas
considerações muito simples que nos ajudam compreender como existem chaves que
fecham vidas e existem chaves que abrem portas para se viver livre, de modo
libertado e totalmente voltado a favor da vida livre.
Esta é a principal função
das chaves, no ministério petrino, em todos os tempos e, principalmente, para
os nossos dias. Usar chaves para libertar e jamais para fechar a vida; para
aprisionar vidas.
PEDRO DISSE A JESUS: “TU ÉS O CRISTO, FILHO DO DEUS VIVO”. JESUS LHE
RESPONDEU: “TU ÉS PEDRO E SOBRE ESTA PEDRA EDIFICAREI A MINHA IGREJA”.
Nesta solenidade
de São Pedro e São Paulo, em que também celebramos o dia do Papa, somos
convidados a rezar pelo Santo Padre, o Papa Francisco. Cada vez mais, multidões
vêm ao seu encontro nas audiências das quartas-feiras e no Angelus dos
domingos. Que Deus o proteja, assim como a Bento XVI.
--