O Papa BentoXVI abriu oficialmente o Ano da Fé com uma Santa Missa realizada no Vaticano na
manhã desta quinta-feira, 11. A proposta do Pontífice é que este seja um tempo de
reflexão para que fiéis católicos de todo o mundo possam redescobrir os valores
da sua fé.
No dia em que também se comemoram os 50 anos do início
do Concílio Vaticano II, o Papa presidiu a celebração eucarística com a
participação de 400 concelebrantes. Entre eles, estavam alguns brasileiros,
como o cardeal arcebispo de Aparecida, Dom Raymundo Damasceno Assis, que também
é presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil.
DOM DAMASCENO
CONCELEBRA COM BENTO XVI NA ABERTURA DO ANO DA FÉ
Além de Dom Damasceno, outros dois bispos brasileiros
concelebraram com o Papa: o cardeal arcebispo emérito de Belo Horizonte (MG),
Dom Serafim Fernandes de Araújo; e o bispo emérito de Iguatu (CE), Dom José
Mauro Ramalho de Alarcón Santiago.
Sobre o Ano da Fé, Dom Damasceno destacou
que este período, convocado pelo Papa, "é um tempo de conversão a Deus, de
fortalecer nossa fé no Cristo Ressuscitado e renovar nosso compromisso com a
missão evangelizadora diante dos desafios atuais".
"JESUS CRISTO É
O “O VERDADEIRO E PERENE SUJEITO DA EVANGELIZAÇÃO”. O CRISTÃO CRÊ EM DEUS
ATRAVÉS DE JESUS CRISTO, QUE NOS REVELOU A FACE DE DEUS". Papa Bento XVI
Sobre o Concílio, Bento XVI destacou que seu objetivo
não foi colocar a fé como tema de um documento específico. No entanto, ele
explicou que o Concílio foi animado pela consciência e pelo desejo de “imergir
mais uma vez no mistério cristão, para poder propô-lo novamente e eficazmente
para o homem contemporâneo”.
O Santo Padre também enfatizou que numa ocasião como
esta de hoje, o mais importante é reavivar na Igreja aquele desejo ardente que
se teve no Concílio de anunciar novamente Cristo ao homem contemporâneo.
“Mas para que este impulso interior à nova
evangelização não seja só um ideal e não peque de confusão, é necessário
que ele se apoie sobre uma base concreta e precisa, e esta base são os
documentos do Concílio Vaticano II, nos quais este impulso encontrou a sua
expressão”.
O Evangelho de hoje nos fala que Jesus Cristo,
consagrado pelo Pai no Espírito Santo, é o verdadeiro e perene sujeito da
evangelização. “O Espírito do Senhor está sobre mim, / porque ele me consagrou
com a unção / para anunciar a Boa-Nova aos pobres” (Lc 4,18). Esta missão de
Cristo, este movimento, continua no espaço e no tempo, ao longo dos séculos e
continentes. É um movimento que parte do Pai e, com a força do Espírito, impele
a levar a Boa-Nova aos pobres, tanto no sentido material como espiritual. A
Igreja é o instrumento primordial e necessário desta obra de Cristo, uma vez
que está unida a Ele como o corpo à cabeça. “Como o Pai me enviou, também eu
vos envio” (Jo 20,21). Estas foram as palavras do Senhor Ressuscitado aos seus
discípulos, que soprando sobre eles disse: “Recebei o Espírito Santo” (v. 22).
O sujeito principal da evangelização do mundo é Deus, através de Jesus Cristo;
mas o próprio Cristo quis transmitir à Igreja a missão, e o fez e continua a
fazê-lo até o fim dos tempos infundindo o Espírito Santo nos discípulos, o
mesmo Espírito que repousou sobre Ele, e n’Ele permaneceu durante toda a sua
vida terrena, dando-lhe a força de “proclamar a libertação aos cativos / e aos
cegos a recuperação da vista; para libertar os oprimidos e para proclamar um
ano da graça do Senhor” (Lc 4,18-19).
Os Padres conciliares queriam voltar a apresentar a fé de uma forma eficaz, e se quiseram abrir-se com confiança ao diálogo com o mundo moderno foi justamente porque eles estavam seguros da sua fé, da rocha firme em que se apoiavam.
Se nos colocarmos em sintonia com a orientação autêntica que o Bem-Aventurado João XXIII queria dar ao Vaticano II, poderemos atualizá-la ao longo deste Ano da Fé, no único caminho da Igreja que quer aprofundar continuamente a “bagagem” da fé que Cristo lhe confiou.