Odette Vidal de Oliveira veio ao mundo dia 15 de
setembro de 1930 na cidade do Rio de Janeiro e foi ao encontro de Jesus aos 9
anos, dia 25 de novembro de 1939. Foi sepultada no Cemitério São João Batista
em Botafogo, no Rio de Janeiro. Seu túmulo fica na quadra 6, número 850.
Seus pais Alice e Francisco eram portugueses e criaram
a menina com muito carinho, com amor a Deus. Desde pequenina ouvia os nomes
Papai céu, Jesus, Maria. Quando começou a dar os primeiros passos gostava de ir
ao jardim. Caminhava no meio das flores e colhia ou pedia lírios para Jesus –
“Pai céu” – como dizia.
Os lírios lembravam à menina a Sagrada Eucaristia.
Dizia ao Seu Augusto – o jardineiro: plante lírios, mais lírios, muitos
lírios...
Odettinha, como era chamada, transmitia um sentimento
de paz e tranqüilidade. No Colégio Sion destacava-se por suas virtudes. Era
caridosa, humilde. Na verdade ela possuía, ainda, inúmeras virtudes: pureza,
bondade, simplicidade, modéstia, obediência, zelo, paciência... Com gestos
simples encantava a todos.
Sua mãe lhe ensinava jaculatórias mas a sua preferida
era –
“Meu Jesus eu Vos amo”. Era meiga e tinha muito
carinho com os pobres, as crianças, os infelizes desculpando-lhes sempre os
defeitos. Amar aos pobres era uma necessidade para ela. Seu amor a Deus era
cheio de ardor. Tinha um imenso amor pela Eucaristia. Um dia quando seguia para
o Colégio São Marcelo com uma freira encarregada de Eucaristia pegou uma hóstia
que o Capelão ia consagrar, pediu licença e formou uma ”coroa de beijinhos”
para Jesus encontrá-los na hora da Consagração.
Um dia, esta menina especial, disse à mãe que
precisava de óleo para levar para a Capela de São Marcelo. Ela não queria que
faltasse luz para Jesus (ela sabia que ia acabar o óleo da lamparina da
Capela).
Quando fez sua primeira confissão tinha cerca de 5
anos. Apreciava o terço que rezava e quando alguém lhe disse um dia que era
pouco – ela respondeu: “é pouco – mas é muito”. Ensinava catecismo aos meninos
de sua idade e às empregadas de sua casa e seus filhos: catequista aos 5 anos.
D. Alice levou sua filha a concluir que era melhor
morrer do que ofender a Deus. Recebia muito carinho e seu amor a Deus era
natural no seu coraçãozinho. Na preparação para primeira Comunhão se destacou
pelas respostas inteligentes e por seu amor à Sagrada Eucaristia..
No dia da Primeira Comunhão ao entrar na Igreja da
Imaculada Conceição, em Botafogo, sua mãe lhe perguntou: Filhinha se Jesus lhe
aparecesse agora que lhe diria? Eu lhe daria um beijinho com todo amor do
meu coração e lhe diria: “Jesus eu Vos amo”. Certamente Jesus e Odettinha
trocaram lindas palavras e indescritíveis sentimentos. Eram amigos cada vez
mais próximos, cada vez mais unidos. Ela estava com o rostinho iluminado nesse
dia... Era dia 15 de agosto de 1937. Depois deste dia participou das comunhões
diárias e dizia: Oh! Meu Jesus! Vinde agora ao meu coração!
Ao passar diante de um crucifixo sempre dizia: Ah! Se
estivesse lá não o teria deixado crucificar! Eu lhe tomaria o lugar! Odettinha
queria participar dos sofrimentos de Jesus, se ofereceu a Deus pelo Santo Padre
e pela paz do mundo, tinha espírito missionário e quando, já doente, ouviu
falar da festa das missões, de orações e sacrifícios escreveu no reverso de um
santinho de Nossa Senhora das Dores: “Eu Vos ofereço ó meu Jesus, todos os meus
sofrimentos pelas Missões.”
Seu amor pela Comunhão nunca diminuiu. Sua preparação
para a Sagrada Comunhão e ação de graças encantavam todas as pessoas. Seu amor
a Jesus crescia dia a dia. Esta santa menina amou ao próximo sem fazer nenhuma
distinção entre as pessoas e, mesmo quando dizia a alguém – isto não se faz – o
fazia com tanta elegância que cativava a todos.
O pouco tempo que aqui viveu distribuiu grandes
benefícios, ensinou, partilhou, orou e amou seu Jesus com ardor, com um amor
sem limites. Odettinha: alma pura, santa amou aos pais – que chamava de
paizinho e mãezinha , amou aos pobres, às crianças, aos indefesos. Sua
delicadeza, seu amor, sua caridade se estendia a todos, sem exceção.
Seu “pai espiritual” – Padre Afonso Germe , da
Congregação da Missão , ocupava um lugar muito especial no seu coraçãozinho e
depositava nele toda confiança e uma palavra dele era decisão para ela. Um dia
disse:
“Mamãe tenho vontade de passar a mão no cabelo do
Padre, afagar-lhe a cabeça, apertá-lo a meu coração!... Parece tanto com a
cabeça do Eterno Pai!... Não parece, mamãe, não parece...”
Padre Germe é o autor do livro sobre sua vida: Um
lírio chamado Odettinha.
Com sua meiguice conseguia trazer conforto a cada um
que lhe oferecesse uma oportunidade: dava comida, agasalhos, dava carinho.
Tinha um grande amor por Nossa Senhora e dizia que tudo vem por meio dela.
Achava injusto São José ser tão pouco honrado...
Ao final da vida,durante 49 dias, sofreu dolorosa
enfermidade – paratifo – que suportou com paciência dizendo: “eu Vos ofereço
oh! Meu Jesus, todos os meus sofrimentos pelas Missões e pelas crianças
pobres”.
No dia de sua morte recebeu a Sagrada Comunhão às
7h30min. E na ação de graças dizia: “Meu Jesus, meu amor, minha vida, meu
tudo.” Morreu serenamente às 8h20min.
Há muitos relatos sobre pessoas que passaram por sua
vida. Há os que se regeneraram como, por exemplo, um pobre bêbado chamado
Martins a quem atendeu com meiguice, entregou medalhinhas, deu conselhos e
disse: nunca se esqueça de Nossa Senhora , reze todos os dias 3 Ave Maria e
diga “Jesus eu Vos amo”. Ele assistiu ao seu enterro e tempos depois foi à casa
de Odettinha e disse: Madame rezei o tercinho da minha santinha do céu, hoje
não venho pedir esmola, rezei conforme ela me ensinou, ela me protegeu, estou
colocado, ganho o meu ordenado, estou bem vestido, tenho até alguma economia.
As virtudes de Odettinha foram extraordinárias para
uma criança. Seu amor aos pobres e às crianças foi singular. Sua modéstia e seu
pudor um sinal da pureza de sua alma.
Seu túmulo está entre os três mais visitados, no dia
de finados, no Cemitério São João Batista. Muitas pessoas vão agradecer
benefícios espirituais e temporais qua atribuem à sua intercessão junto à Deus.
Símbolos da piedade de Odettinha
O lírio representava para Odettinha a Sagrada
Eucaristia.
Tercinho do amor:
Ela rezava nas contas pequenas: Meu Jesus eu Vos amo.
Nas contas grandes: Quero passar meu céu fazendo bem à
terra.
Nas três últimas contas: Meu Jesus, abençoai-me,
santificai-me, enchei meu coração de vosso amor!
DOM NELSON FRANCELINO FERREIRA