Jesus bebeu o cálice de sua vida. Experimentou louvor,
adulação, admiração e imensa popularidade. Também experimentou rejeição ,
ridicularização e o ódio das massas. Uma hora as pessoas gritavam “hosana”;
outra hora gritavam “crucifica-o”. Jesus tomou isso para si, não como um herói
adorado e depois desprezado, mas como aquele que veio cumprir uma missão e
manteve seus esforços nela quaisquer que fossem as reações.
Jesus sabia no fundo de seu coração que teria de beber
o cálice para finalizar o trabalho que seu Pai amado lhe havia conferido. Ele
sabia que beber o cálice traria a ele liberdade, glória e completude. Sabia que
o conduziria para além das armadilhas deste mundo, para o esplendor da
ressurreição. Esse conhecimento tinha pouco a ver com saber e compreender. Era
conhecimento do coração no jardim do amor eterno.
Por isso, o cálice que Jesus estava disposto a beber,
e que bebeu até que estivesse totalmente vazio, tornou-se o cálice da salvação.
No Jardim do Getsêmani, o jardim do medo, o coração de Jesus clamou com o
salmista: “Nenhum homem é digno de confiança...tomarei o cálice da salvação e
invocarei o nome do Senhor”.
“Salvação” é ser salvo. Mas do que precisamos ser
salvos? A resposta tradicional e a melhor: do pecado e da morte. Estamos presos
pelo pecado e pela morte como em um armadilha de caçador.
Quando paramos para pensar um pouco sobre as várias
formas de dependência – drogas (também o álcool), comida, jogo, sexo - temos
uma idéia do que é essa armadilha.
O pecado e a morte nos aprisionam.
Muitas vezes até mesmo parece impossível de ser
percorrido. Se não estivermos preparados para beber nosso cálice, a verdadeira
liberdade escapará de nós.
Salvação não é apenas um objetivo para a vida após a
morte. É uma realidade diária que podemos viver aqui e agora.
E quando nos sentamos juntos ao redor do altar e
ofereço a todos um cálice de vinho, posso dizer com profunda certeza: “Eis o
cálice da salvação”.
TEMOS QUE BEBER NOSSO CÁLICE VAGAROSAMENTE, SABOREANDO
CADA GOLE – ATÉ O FIM! VIVER UMA VIDA COMPLETA É BEBER NOSSO CÁLICE ATÉ QUE ELE
ESTEJA VAZIO, ACREDITANDO QUE DEUS IRÁ ENCHÊ-LO DE VIDA ETERNA.
Cf
“Podeis beber o cálice?” Henri J.M. Nouwen; Ed Loyola, 2002