domingo, outubro 28, 2012

JESUS, FILHO DE DAVI, TEM PIEDADE DE MIM!


Homilia de Padre Marcos Belizário no 30º Domingo do Tempo Comum – Ano B
Quando pensamos na nossa civilização atual, nos nossos valores, exaltando a eficiência, a riqueza, o conforto, o bem-estar, o vigor e forma física, a saúde… 

Como os critérios de Deus são diferentes! Israel é imagem da Igreja e é imagem de cada um de nós, membro do povo de Deus da nova Aliança. À medida que descobrirmos nossas pobrezas pessoais e eclesiais, podemos também ter certeza que o Senhor não nos abandona: ele nos chama, ele nos reúne, ele nos salva: “Entre eles há cegos e aleijados, mulheres grávidas e parturientes”, gente fraca, gente sem força, gente incapaz de se defender… Mas, Deus é nossa defesa: defesa da Igreja, defesa de cada um de nós! 

Se caminharmos, muitas vezes, chorando, semeando com lágrimas o caminho de nosso seguimento de Cristo, haveremos de voltar cantando, na força e na graça do Senhor: “Mudai a nossa sorte, ó Senhor, como torrentes no deserto. Os que lançam as sementes entre lágrimas, ceifarão com alegria. Chorando de tristeza sairão, espalhando suas sementes; cantando de alegria voltarão, carregando os seus feixes”. 

Somente pode experimentar isso aqueles que sabem e experimentam que são pobres diante de Deus, aqueles que sentem sua própria fraqueza! Esta é a experiência que o cristão deve fazer sempre na sua vida, seja pessoalmente, seja como Igreja! Somos pobres, mas Deus é nossa riqueza; somos fracos, mas Deus é nossa força!

Agora podemos deter-nos no Evangelho de hoje, que mostra de modo maravilhoso essa experiência cristã de ser salvo por Deus em Jesus Cristo. Jesus está saindo de Jericó, já está perto de Jerusalém, onde morrerá. Uma multidão o acompanha: barulho, empurra-empurra, aglomeração, aperreio… À beira do caminho, havia um cego mendigo… Ele era ninguém, nem nome tinha… Marcos só diz que era o “bar-Timeu”, o filho de Timeu… Cego, incapaz de caminhar sozinho, esmolando, sentado à margem do caminho de Jericó e da vida. Este cego é a humanidade; este cego é cada um de nós! Mas, ele ouve o rumor, a confusão no caminho e quando ouviu dizer que Jesus estava passando, não perde tempo; é a chance de sua vida! Ele grita alto: “Jesus, filho de Davi, tem piedade de mim!” Repreendem o cego, mas ele grita com voz mais forte! 

Ele sabe que é a chance da sua vida. Santo Agostinho dizia: “Eu temo o Cristo que passa”… É preciso não perder a chance, é preciso gritar… não deixar o Cristo passar em vão no caminho da nossa existência!