sexta-feira, junho 27, 2014

SOLENIDADE DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS E CENTENÁRIO DA IGREJA SÃO CONRADO

CELEBRAÇÃO EUCARÍSTICA DO CENTENÁRIO DA IGREJA SÃO CONRADO E SOLENIDADE DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS, PRESIDIDA POR PADRE MARCOS BELIZÁRIO FERREIRA

O tema “Igreja” iluminou quase todas as celebrações do Tempo Pascal, com reflexões ponderando especialmente a Igreja como continuadora do projeto divino, trazido à terra por Jesus. 
Agora, queremos iluminar esta celebração considerando que a proposta divina só é plenamente compreendida no contexto da misericórdia divina, ou seja, o projeto divino realiza-se no contexto da misericórdia divina. 
BÊNÇÃO DO CÁLICE DO CENTENÁRIO
DA IGREJA SÃO CONRADO
A compreensão deste aspecto, do ponto de vista eclesiológico, encontra no Coração de Jesus a expressão simbólica do amor misericordioso de Deus.
A Igreja, comunidade dos discípulos e discípulas de Jesus, inspira-se na misericórdia divina para ser comunidade com um coração como de seu Mestre Jesus (Evangelho). A Igreja, comunidade de fé, não se caracteriza pelo poder numérico, mas pela força do amor (1ª leitura). 
Não há, por exemplo, necessidade de se preocupar tanto com estatísticas, mas em viver os mandamentos divinos, pois pela vivência dos mandamentos, a comunidade eclesial faz pulsar o coração divino em tudo que realiza. 
Pela vivência dos mandamentos, a Igreja conhece os caminhos de Deus, tornando-se sempre mais paciente, bondosa e compassiva (salmo responsorial). Isto a impede de ser uma instituição fria ou simples prestadora de serviços religiosos, mas misericordiosa.
Papa Francisco faz questão de lembrar, de tempos em tempos, que a Igreja não é uma ONG piedosa, porque ela existe em vista do projeto divino. 
Em algumas oportunidades, Papa Francisco lembra que a Igreja não tem espírito empresarial, com fins lucrativos, porque seu Espírito é divino e a conduz nos caminhos da misericórdia, e a misericórdia não considera lucros, mas a gratuidade para ir ao encontro das periferias, onde vivem os afadigados (Evangelho).
A Igreja recebeu o Espírito de Deus para que nós — Corpo de Cristo — vivamos como Jesus, ou seja, fazendo o bem (At 10,38). 
A Igreja existe para fazer o bem espelhando-se no Coração de Jesus. 
Se assim é, à medida que a Igreja vive no contexto do amor, pulsa nela o mesmo Coração de Jesus, uma vez que é no amor e pelo amor que vivemos em Deus e Deus permanece em nós (2ª leitura). 
Entendemos, assim, que a Igreja é uma comunidade fundada no amor divino e chamada a testemunhar, através das obras, o amor divino. O simbolismo sacramental deste amor é o Coração de Jesus.
Na festa do Sagrado Coração de Jesus, o papa Francisco declarou na homilia que Deus pede que o homem se faça pequeno para poder comunicar a ele o seu amor.
Deus não espera: Ele doa; não fala, mas age. O Santo Padre fala do coração de Jesus, celebrado na liturgia de hoje. Deus, disse Francisco, “nos dá a graça, a alegria de celebrar no coração do seu Filho as grandes obras do seu amor. 
Podemos dizer que hoje é a festa do amor de Deus em Jesus Cristo, do amor de Deus por nós”.
“Existem dois aspectos do amor. Primeiro, o amor está mais em dar do que em receber. Segundo: o amor está mais nas obras do que nas palavras. 
Quando dizemos que está mais em dar do que em receber, é porque o amor se comunica: sempre comunica. E é recebido pelo amado. E quando dizemos que está mais nas obras do que nas palavras, é porque o amor sempre dá a vida, faz crescer”.
Para entender o amor de Deus, o homem tem que procurar uma dimensão inversamente proporcional à imensidão: a pequenez, “a pequenez do coração”.
Moisés, disse o papa, explica ao povo judeu que eles foram escolhidos por Deus porque eram “o menor de todos os povos”. E Jesus, no evangelho, louva o Pai porque Ele “escondeu as coisas divinas dos doutos e as revelou aos pequenos”.
 Deus busca o homem, portanto, numa “relação papai-filhinho”, o acaricia e lhe diz: “Eu estou contigo”.
“Esta é a ternura do Senhor, em seu amor; Ele nos comunica isto e nos dá a força da sua ternura. Mas, se nos sentimos fortes, nunca teremos a experiência da carícia do Senhor, as carícias tão belas do Senhor... tão belas”.
“‘Não temas, eu estou contigo e te dou a mão...’. São palavras do Senhor que nos fazem sentir aquele misterioso amor que Ele tem por nós. E quando Jesus fala de si mesmo, Ele nos diz: ‘Eu sou manso e humilde de coração’. Ele também, o Filho de Deus, se abaixa para receber o amor do Pai”.
Outra prova particular do amor de Deus, indicou o pontífice, é que Ele nos amou primeiro, Ele sempre chega antes de nós e nos espera.
O papa Francisco terminou a homilia pedindo a Deus a graça “de entrarmos neste mundo tão misterioso, de nos aniquilarmos e de termos este amor que se comunica, que nos dá alegria e que nos conduz pelo caminho da vida, como crianças levadas pela mão”.

“Quando nós chegamos, Ele já está lá; quando nós o buscamos, Ele nos buscou primeiro. Ele sempre está diante de nós, nos espera para nos receber no seu coração, no seu amor.

 E estas duas coisas podem nos ajudar a entender este mistério do amor de Deus por nós. Para se expressar, Ele precisa da nossa pequenez, do nosso abaixamento. E também precisa do nosso assombro quando o buscamos e o encontramos lá, esperando por nós” (Zenit)


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