A HISTÓRIA
A cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, fundada em 1.º de março de 1565, foi desligada da jurisdição espiritual do Bispado da Bahia, pelo papa Gregório XIII, quando aqui foi criada a Prelazia de São Sebastião, em 19 de julho de 1575. O primeiro prelado foi o padre Bartolomeu Simões Pereira (1578 – 1603).
O papa Inocêncio XI, em 16 de novembro de 1676, elevou a Prelazia de São Sebastião à Diocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, sendo o primeiro bispo a governar de fato a nova diocese dom José de Barros Alarcão (1680 – 1700), uma vez que o primeiro bispo nomeado, dom frei Manoel Pereira, não tomou posse.
Finalmente, em 27 de abril de 1892, o Rio de Janeiro tornava-se Arquidiocese, tendo como primeiro arcebispo dom João Esberrard (1893 – 1897). Atualmente dom Orani João Tempesta, que tomou posse no dia 19 de abril de 2009, é o arcebispo do Rio de Janeiro.
O Seminário Arquidiocesano de São José, foi fundado em 5 de setembro de 1739, pelo então bispo dom frei Antônio de Guadalupe. O ilustre historiador eclesiástico carioca monsenhor Maurílio Cesar de Lima afirma ser do século XVIII o ponto de partida da criação de seminários no Brasil, sendo o de São José, no Rio de Janeiro, o primeiro seguramente reconhecido.
O SEMINÁRIO
Grande número de bispos e outro muito maior de presbíteros formaram-se no Seminário de São José, que é, sem dúvida, um dos mais bem instalados do Brasil. Nos seus 270 anos de história, grande contribuição deu à Igreja em nosso país. E não só pela excelência de sua formação, mas também pelos sacerdotes que contribuíram e contribuem para manter cada vez mais viva a chama do Evangelho e o ardor pelo ministério sacerdotal, imprescindível no seguimento de Jesus Cristo. São lembrados também aqueles que, não chegando ao sacerdócio, passaram pelo Seminário e guardaram a boa formação recebida, transmitindo-a dignamente ao conjunto da sociedade.
Sendo muito elevada a cifra de presbíteros e bispos que estudaram no Seminário de São José, pôde ser levantado, mais brevemente, o número de bispos ex-alunos. Foi possível, segundo pesquisa, se chegar a 26 bispos ex-alunos do Seminário.
A vida litúrgica, conduzida com esmero e piedade, é o coração da vida do Seminário, bombeando o sangue espiritual que abastece todo corpo do ministério sacerdotal, meta de todos os nossos seminaristas.
Do primeiro reitor do Seminário nada se sabe, mas do segundo tem-se o nome: padre Antonio Nunes Siqueira (1752). No momento presente, o Seminário de São José tem como reitor monsenhor Hélio Pacheco Filho e, como vice-reitor, padre Roque Costa Souza
O FUTURO
O Seminário de São José, tendo lançado suas bases no século XVIII, atuando no presente, olha para o futuro.
Sua sólida base espiritual e intelectual, com os estudos na Faculdade Eclesiástica de Filosofia, e no Instituto Superior de Teologia, aliada ao desenvolvimento corporal, com aulas de Educação Física, e ao desenvolvimento artístico–musical, com a Schola Cantorum, e ainda o estágio pastoral nas paróquias, permitem aos seminaristas cultivar não só uma boa preparação para o futuro ministério sacerdotal, mas também dotá-los de uma profunda e variada riqueza cultural, tão necessários nestes novos tempos competitivos e de tão rápida capacidade de comunicação.
Outra grande riqueza do Seminário de São José é o elevado número de alunos – que ultrapassa folgadamente os cem seminaristas – e sua diversidade cultural, uma vez que há seminaristas não só de outros Estados do Brasil, mas também provenientes do exterior. E o coroamento de toda riqueza é a grande união que envolve fraternalmente os que participam desta Instituição e a fidelidade a Cristo e à sua Igreja, através do ensino e da vida litúrgica, esta com a celebração da santa missa, a recitação das horas canônicas, a lectio divina, os retiros espirituais e a participação nos grandes eventos litúrgicos arquidiocesanos, junto ao nosso piedoso povo da querida cidade do Rio de Janeiro, a quem nossos futuros sacerdotes irão servir.
Comemoramos 270 anos da fundação do mais antigo Seminário do Brasil, o Seminário São José, em celebração no dia 5 de setembro, na Igreja Matriz da Paróquia N. Sra. das Dores, no Rio Comprido, próximo ao prédio do Seminário. Neste dia, no ano de 1739, o nosso venerando predecessor Dom Frei Antônio de Guadalupe, que governou a então diocese entre os anos 1725 e 1740, fundou, sob o patrocínio de São José, o Seminário Episcopal.
Neste abençoado Ano Sacerdotal, é bom recordar que o Presbiterato é um dom sagrado. Ministro do altar, ele renova e atualiza o mistério redentor.
Na Carta aos Hebreus, São Paulo expõe definitivamente a função sacerdotal daquele homem que, retirado do meio dos homens, é constituído a favor dos homens em suas relações com Deus. Na pessoa de Cristo se exerce em sua plenitude o sacerdócio, ofertando-se a si próprio pela salvação de todos. Por isso, conclui o autor sagrado que “ninguém se atribua esta honra, senão o que foi chamado por Deus, como Aarão” (Heb 5, 4). Esse sacerdócio foi se estendendo aos Apóstolos e a seus sucessores, quando Cristo, na Ceia derradeira, mandou que se fizesse isto em Sua memória.
Aqueles que forem chamados, humilde e santamente, devem se preparar, como o agricultor que seleciona as sementes e as cultiva em sementeiras para que possam depois, na vida, confirmar a seiva que receberam. Todos, é verdade, participamos do sacerdócio de Cristo. Mas, a alguns foi dado o ministério de celebrar para a comunidade a alegria pascal.
Para isto é o seminário. É a preocupação da Igreja para que tenhamos sempre verdadeiros sacerdotes. O Seminário é, pois, uma comunidade educadora e, como tal, sua vida interna está empenhada na formação espiritual, humana, intelectual e pastoral dos futuros Presbíteros. “Trata-se de uma formação que apresenta conteúdos, modalidades e características que decorrem especificamente de seu fim principal, que é o de preparar para o sacerdócio”, como reza o Estatuto do nosso Seminário.
Para que os objetivos propostos pela vida de preparação ao sacerdócio sejam vividos é necessário que a comunidade formadora tenha um programa que se caracterize pela organicidade-unidade e que seja adequado e eficaz, concretizando as grandes linhas da formação, mediante “regras particulares destinadas a ordenar a vida comunitária, estabelecendo alguns instrumentos e ritmos temporais preciosos”.
Informa o grande historiador eclesiástico, Monsenhor Maurílio Cesar de Lima, que o Seminário São José foi o primeiro seguramente reconhecido como casa de Formação Sacerdotal em nosso Brasil. Já se passaram exatos 270 anos de sua instalação e, inegavelmente, devemos dar ação de graças a Deus, por esta longa e benfazeja trajetória.
Muitos santos presbíteros para a nossa Igreja Particular e para todos os recantos do Brasil passaram por nosso Seminário, sendo valorizada a sua história e a seriedade de seus conteúdos formativos. Dentre os ex-alunos muitos foram chamados ao Episcopado para servir a Igreja e ao nosso País.
Numa pesquisa fornecida pelo próprio Seminário, nos últimos anos, são 26 bispos que receberam a formação sacerdotal nesta Casa, que podemos chamar de coração de nossa Arquidiocese. Outros ainda que passaram pelos bancos do Seminário do Rio Comprido, formados sob a proteção de Deus e a bênção de Maria Santíssima, em muito contribuíram para evangelizar nas mais variadas formas de vida, inseridos na sociedade.
A história do Seminário começou numa grande chácara no morro do Castelo, nos fundos da Capela de Nossa Senhora da Ajuda, adquirida pela Diocese ao alferes Manuel Pereira. Por essa razão, o logradouro público passaria a ser denominado pela população de Ladeira do Seminário, constituindo-se em uma das três vias de acesso ao cume do monte.
Em 3 de maio de 1740, Dom Frei Antônio de Guadalupe deu os Estatutos ao Seminário, posteriormente reformados pelos diversos prelados que o sucederam na administração. Para o sustento do estabelecimento, o prelado destinou perpetuamente ao Seminário o rendimento dos bens pertencentes ao patrimônio da Capela de Nossa Senhora do Desterro.
A administração do Seminário esteve sempre entregue aos sacerdotes da Diocese, até abril de 1869, quando o décimo Bispo do Rio de Janeiro, Dom Pedro Maria de Lacerda, o entregou à direção dos padres da Congregação da Missão de São Vicente de Paulo, conhecidos como Padres Lazaristas. Separou, também, o seminário maior do menor, passando este último para o Rio Comprido. Em 1891, Dom José Pereira da Silva Barros, seu sucessor, uniu novamente os dois seminários e estabeleceu-os definitivamente no Rio Comprido, trocando a Chácara da Mitra pelo antigo Seminário. Atualmente, com a denominação Seminário Arquidiocesano São José, está instalado em prédio moderno e localizado no bairro do Rio Comprido, Rio de Janeiro.
A formação eclesiástica não é só cultural. É uma experiência para uma opção de vida de serviço, como a de Cristo. Assim, o seminário tem procurado ser, na expressão de cada tempo nestes mais de dois séculos e meio de existência, o nosso querido Seminário São José.
Arcebispo Metropolitano
Cardeal Orani João Tempesta, O. Cist.
Jornalismo e Imagens: Carlos Moioli
Vicariato de Comunicação da
Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro
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