por Dom Edson de
Castro Homem
Bispo Auxiliar
da Arquidiocese do Rio de Janeiro
Ano atrás, o Papa Francisco, no dia 26 de julho, durante a Jornada
Mundial da Juventude, assim nos dizia: “Hoje, na festa de São Joaquim e
Sant´Ana, no Brasil, como em outros países, se celebra a festa dos avós. Como
os avós são importantes na vida da família, para comunicar o patrimônio de
humanidade e de fé que é essencial para qualquer sociedade!” Assim, apontava
para o cultivo do relacionamento dos jovens com seus avós, devido ao vínculo
familiar.
Durante o vôo,
no encontro com os jornalistas, havia afirmado o ligame sociocultural das novas
com as velhas gerações: “Um povo tem futuro se vai em frente com ambos os
pontos: com os jovens, com a força, porque o levam para diante; e com os
idosos, porque são eles que oferecem a sabedoria da vida”. Abordara rapidamente
um tema que se tornaria frequente em relação ao trabalho, em que a “cultura do
descarte” tende a dispensar os idosos. Porém, já atinge os jovens. Muitos
desempregados. Propunha a cultura do encontro: “para o bem dos jovens e o bem
dos idosos; ambos juntos, não o esqueçam!”.
Na Evangelii
Gaudium, documento programático do pontificado, reconhece a conveniência que os
jovens e os idosos sejam ouvidos como a “esperança dos povos”. Valoriza a contribuição
diferenciada de ambos: “Os idosos fornecem a memória e a sabedoria da
experiência, que convida a não repetir tontamente os mesmos erros do passado.
Os jovens chamam-nos a despertar e a aumentar a esperança, porque trazem
consigo as novas tendências da humanidade e abrem-nos ao futuro, de modo que
não fiquemos encalhados na nostalgia de estruturas e costumes que já não são
fonte de vida no mundo atual” (n. 108).
O tema foi
retomado, com algumas variações, em recente entrevista ao jornal La Vanguardia,
em 13 de junho último: “Descartam-se os jovens quando se limita a natalidade.
Descartam-se os idosos porque já não servem, não produzem, são uma categoria
passiva... Descartando os jovens e os idosos, descarta-se o futuro de um povo
porque os jovens vão em frente com força e os idosos dão-nos a sabedoria, têm a
memória do povo e devem transmiti-la aos jovens. E agora até está na moda
descartar os jovens com o desemprego”.
No Brasil,
desenvolveram-se distintamente a Pastoral da Juventude e a da Terceira Idade.
Porém, ocorrem atividades juvenis de visitas a asilos para entreter os anciãos,
pelo canto e pela dinâmica do sociodrama. A Pastoral da Pessoa Idosa paroquial
preenche parte de seu tempo com a oração, a partilha, o lazer e outras
atividades, através de encontros semanais. Nota-se que a ação evangelizadora e
catequética dos idosos se expande bem. Com boa pedagogia.
Dos Sermões de
São João Damasceno, bispo
(Orat. 6, in
Nativitatem B. Mariae V., 2.4.5.6:PG 96, 663.667.670) - (Séc.VIII)
Vós os
conhecereis pelos seus frutos
Estava
determinado que a Virgem Mãe de Deus iria nascer de Ana. Por isso, a natureza
não ousou
antecipar o germe da graça, mas permaneceu sem dar o próprio fruto até que
a graça
produzisse o seu. De fato, convinha que fosse primogênita aquela de quem
nasceria o
primogênito de toda a criação, no qual todas as coisas têm a sua
consistência
(cf. Cl 1,17).
Ó casal feliz,
Joaquim e Ana! A vós toda a criação se sente devedora. Pois foi por vosso
intermédio que a
criatura ofereceu ao Criador o mais valioso de todos os dons, isto é, a
mãe pura, a
única que era digna do Criador.
Alegra-te, Ana estéril,
que nunca foste mãe, exulta e regozija-te, tu que nunca deste à
luz (Is
54,1). Rejubila-te, Joaquim, porque de tua filha nasceu para nós um
menino, foi-
nos dado um
filho; o nome que lhe foi dado é: Anjo do grande conselho, salvação do
mundo inteiro, Deus
forte (Cf. Is 9,5). Este menino é Deus.
Ó casal feliz,
Joaquim e Ana, sem qualquer mancha! Sereis conhecidos pelo fruto de
vossas
entranhas, como disse o Senhor certa vez: Vós os conhecereis pelos seus
frutos
(Mt 7,16).
Estabelecestes o vosso modo de viver da maneira mais agradável a Deus e
digno daquela
que de vós nasceu. Na vossa casta e santa convivência educastes a pérola
da virgindade,
aquela que havia de ser virgem antes do parto, virgem no parto e
continuaria
virgem depois do parto; aquela que, de maneira única, conservaria sempre a
virgindade,
tanto em seu corpo como em seu coração.
Ó castíssimo
casal, Joaquim e Ana! Conservando a castidade prescrita pela lei natural,
alcançastes de
Deus aquilo que supera a natureza: gerastes para o mundo a mãe de
Deus, que foi
mãe sem a participação de homem algum. Levando, ao longo de vossa
existência, uma
vida santa e piedosa, gerastes uma filha que é superior aos anjos e agora
é rainha dos
anjos.
Ó formosíssima e
dulcíssima jovem! Ó filha de Adão e Mãe de Deus! Felizes o pai e a
mãe que te
geraram! Felizes os braços que te carregaram e os lábios que te beijaram
castamente, ou
seja, unicamente os lábios de teus pais, para que sempre e em tudo
conservasses a
perfeita virgindade! Aclamai o Senhor Deus, ó terra inteira, alegrai-vos,
exultai e cantai
salmos (cf. Sl 97,4-5). Levantai vossa voz; clamai e não tenhais medo.
ORAÇÃO
Senhor Deus de nossos pais, que concedestes a São Joaquim e Sant’Ana a
graça de darem a vida à Mãe de vosso Filho Jesus, fazei que, pela intercessão
de ambos,
alcancemos a
salvação prometida a vosso povo. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso
Filho, na
unidade do Espírito Santo.
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