Com
alegria e gratidão, a Igreja Católica celebra com os camilianos os 400 anos da
morte do santo fundador, ocorrida em Roma, em 14 de julho de 1614.
Camilo de
Lélis nasceu em 1550, em Bucchianico, nos Abruzzos, na Itália, de família nobre
de militares. Com o pai, lutou a serviço de Veneza e da Espanha contra os
turcos.
Posteriormente, desperdiçou a juventude em vida desordenada.
Entregou-se ao vício do jogo e perdeu tudo o que tinha, até a camisa do corpo.
Indigente, aceitou um emprego nas novas construções dos capuchinhos, na
Manfredônia. Graças a Deus, em 1575, abalado por conversa com um frade
capuchinho, meditou sobre seu estado deplorável, caiu de joelhos, em lágrimas,
e clamou por misericórdia. Radical e decididamente, mudou o rumo de sua vida.
Ingressando
no noviciado capuchinho, não foi aceito na profissão religiosa devido a uma
chaga contraída na perna. Dirigiu-se, então, ao Hospital de São Tiago dos
Incuráveis, em Roma.
Ali viu e tocou a miséria humana: de um lado, os
incuráveis e terminais; de outro, o descuido e a insensibilidade de quem
deveria assisti-los. A experiência determinou sua vocação religiosa.
RELÍQUIA DO CORAÇÃO DE SÃO CAMILO |
Ordenado
sacerdote por influência de São Filipe Néri, instituiu uma companhia de “homens
pios e probos, que servissem aos doentes não por recompensa, mas por amor de
Deus”.
A congregação, aprovada por Sisto IV, em 1586, foi elevada à condição de
Ordem dos Ministros dos Enfermos, em 1591, por Gregório XIV. À frente dos seus
coirmãos, cuidou de pestilentos e moribundos.
Formou a primeira assistência
ambulatorial junto a tropas militares. Durante uma inundação do rio Tibre, em
1589, salvou os doentes de modo heróico. Percebendo que alguns enfermos eram
enterrados vivos, ordenou que, após o último suspiro, as preces fossem
continuadas por um quarto de hora, a fim de confirmar a morte.
Determinou que
não se cobrisse o rosto dos recém-falecidos, conforme o costume, pois, se
estivessem ainda vivos, não seriam asfixiados. Tanto zelo integrava também a
solicitude espiritual para que os hospitalizados encontrassem a misericórdia
divina, pela oração e os sacramentos. No entanto, sofreu graves incompreensões
pelo enfrentamento de adversários externos e pela discordância interna. Em
1607, julgou por bem renunciar à função de Superior Geral.
No
período luminoso de sua vida, que corresponde à total entrega de si aos
adoentados, convivia com a própria dor, qual companheira inseparável, porque
permanente e, talvez, difusa pelo corpo, pois padeceu da chaga na perna durante
46 anos, de uma hérnia por 38 anos, dois calos na sola de um dos pés. Portanto,
ele próprio precisava de cuidados e os recusava. Ao atingir a etapa conclusiva
da vida, outro sofrimento lhe adveio. A comida o repugnava, não a retinha no
estômago.
Grande
na estatura, gigante na caridade! Assim podemos retratá-lo. Mestre da
contemplação de Jesus nos enfermos, nos agonizantes e nos mais precisados, para
cuidar deles com amor. Protagonista da contemplação feita na ação, com a
disciplina ascética de superação de si. Criador e reformador hospitalar a
priorizar o doente e a humanizar os agentes de saúde. Cuidador do físico e do
espírito.
A
Igreja proclamou São Camilo padroeiro dos doentes e das associações de
enfermeiros e dos encarregados da enfermagem. É útil invocá-lo, que o digam
seus devotos!
É sábio imitá-lo, pois mudou sua vida fútil e vazia, dando-lhe sentido humanitário e oblativo no contato com a condição da miséria humana e com o descaso dos agentes de saúde. Suscita a mudança da vida: fazer o bem aos outros; humanizar as instituições; promover a existência boa, justa e saudável para todos. Enfim, incrementa e atualiza a Pastoral da Saúde como ponto de honra da Igreja.
É sábio imitá-lo, pois mudou sua vida fútil e vazia, dando-lhe sentido humanitário e oblativo no contato com a condição da miséria humana e com o descaso dos agentes de saúde. Suscita a mudança da vida: fazer o bem aos outros; humanizar as instituições; promover a existência boa, justa e saudável para todos. Enfim, incrementa e atualiza a Pastoral da Saúde como ponto de honra da Igreja.
Em
visita a um hospital para dependentes químicos, legado da Jornada Mundial da
Juventude, no Rio de Janeiro, o Papa Francisco, em 24 de julho de 2013, o
definiu com a seguinte metáfora: “santuário do sofrimento humano”. Importa
compreender o alcance do significado da expressão papal e traduzi-lo em
práticas cuidadoras, de sorte que nenhum hospital ou casa de saúde seja
depósito de pessoas como se elas fossem coisas.
ORAÇÃO
SÃO CAMILO DE
LÉLLIS
Protetor dos Enfermos
Piedosíssimo São Camilo que chamado por Deus para ser o amigo dos pobres
enfermos, consagrastes a vida inteira a assistí-los e confortá-los, contemplai
do Céu os que vos invocam confiados no vosso auxílio. Doenças da alma e do
corpo fazem de nossa pobre existência um acúmulo de misérias que tornam triste
e doloroso este exílio terreno.
Aliviai-nos em nossas enfermidades, obtende-nos a santa resignação às disposições divinas, e na hora inevitável da morte confortai o nosso coração com as esperanças imortais da beatífica eternidade.
Aliviai-nos em nossas enfermidades, obtende-nos a santa resignação às disposições divinas, e na hora inevitável da morte confortai o nosso coração com as esperanças imortais da beatífica eternidade.
São Camilo de
Léllis, rogai por nós. Amém.
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