sábado, agosto 09, 2014

IRAQUE - A TERRA DE ORIGEM DO CRISTIANISMO É ESVAZIADA DE CRISTÃOS


O cristianismo viveu uma história cheia de amor, de aceitação, de testemunho, de doação, de martírio e de santidade. Ainda hoje, ele atravessa uma fase importante na sua história moderna, em especial no Oriente Médio, onde os cristãos testemunham a sua fé na Trindade, no Deus único, e onde dão a vida por Aquele que nos deu a dele.

Do Oriente, Deus fez surgir no mundo a luz da verdade. No Oriente, Deus se encarnou em Seu Filho, Jesus Cristo. A partir do Oriente, o mundo experimentou a salvação através do Salvador que nasceu para nos dar a vida.
Desde o início deste milênio, revoluções e guerras estão sacudindo os países árabes em nome da democracia, matando o homem, imagem de Deus sobre a terra, destruindo as igrejas, casas de Deus, e profanando as coisas sagradas em nome do Deus do Islã.
No Egito, o país em que a Sagrada Família se refugiou durante a infância de Jesus, os cristãos coptas estão oferecendo a Deus sacrifícios diários entre mártires e vítimas por causa da sua profissão de fé e da sua fidelidade a Cristo. No Iraque, na terra de Abraão, não faltam carros-bomba em frente de igrejas e nos bairros cristãos.
De Damasco, a cidade de São Paulo, a voz da igreja local, o patriarca da Igreja greco-católica melquita, Gregório III Laham, confirmou em várias ocasiões o sofrimento e a longa via-crucis dos cristãos na Síria. Durante os últimos dois anos, cerca de sessenta igrejas foram danificadas e houve mais de 120 mil vítimas; a maioria, cristãos.
Enquanto isso, continuam a se esvaziar os vários povoados de antiga tradição cristã, como Maalula e Saydanaya. Não podemos nos esquecer, além disso, dos 6 milhões de refugiados no Líbano.

Todas as igrejas católicas e ortodoxas de diversos ritos estão sofrendo e participam deste martírio e desta cruz que aflige os cristãos. Os dois bispos ortodoxos sequestrados há meses e as 13 freiras raptadas há 15 dias na Síria, de quem ainda não temos notícias, põem à prova a fé dos cristãos sírios, que, apesar de tudo, ainda não esmoreceu.
Dizem que os cristãos são minoria no Oriente Médio. Isto é verdade em termos numéricos, já que os cristãos são cerca de 15 milhões em meio a 523 milhões de árabes. Mas ninguém pode negar que eles residem naquelas terras há seiscentos anos a mais que os muçulmanos e que todos juntos lá convivem há cerca de 1600 anos, não obstante toda dificuldade.
É verdade que muitos cristãos deixaram seus países em busca de uma vida melhor e digna de sua condição humana, mas também é verdade que ainda há muitas pessoas naqueles lugares que se recusam a abandonar suas terras, preferindo testemunhar e morrer onde nasceram. O povo de Deus, a Sua Igreja, é sempre um só, apesar da dor que o Oriente Médio vive. Uma dor que não é apenas de uma parte da Igreja, mas da Igreja inteira.
A Igreja do Ocidente não pode ficar olhando de braços cruzados a Igreja do Oriente subir o Gólgota, sem lhe dar a mão para carregar a cruz, como Nicodemos. Os cristãos orientais esperam muito das vozes dos cristãos do Ocidente, até agora, infelizmente, silenciosas.

OFENSIVA JIHADISTA CAUSA FUGA DE 100 MIL CRISTÃOS NO IRAQUE
Os extremistas retiraram as cruzes das igrejas e assumiram controle de várias cidades do norte do país
Os jihadistas, que nesta quinta-feira assumiram o controle de várias cidades ao norte do Iraque, provocaram a fuga de 100 mil cristãos e retiraram as cruzes das igrejas, anunciou o patriarca caldeu Louis Sako.
"Há 100 mil deslocados cristãos que fugiram, alguns a pé, para a região do Curdistão", afirmou o patriarca à AFP". Os jihadistas assumiram nesta quinta-feira o controle de Qaraqosh, a maior cidade cristã do país, e outras áreas perto de Mossul (norte), segundo testemunhas e representantes religiosos. Qaraqosh é uma cidade totalmente cristã que fica entre Mossul, principal cidade sob controle dos jihadistas do Estado Islâmico (EI), e Erbil, a capital regional curda. Tem população de 50 mil pessoas.
"É uma catástrofe, uma situação trágica. Pedimos ao Conselho de Segurança da ONU que atue de maneira imediata. Dezenas de milhares de pessoas aterrorizadas estão sendo expulsas de suas casas no momento em que conversamos. Não é possível descrever o que está acontecendo", disse à AFP o monsenhor Joseph Thomas, arcebispo caldeu de Kirkuk e Suleimaniya.
Tal Kaif, que tem uma comunidade cristã significativa e integrantes da minoria xiita shabak, também foi abandonada por moradores durante a noite.

"Sei que as cidades de Qaraqosh, Tal Kaif, Bartela e Karamlesh viram a saída da população e estão agora sob controle dos milicianos", afirmou Jospeh Thomas, arcebispo caldeu de Kirkuk e Suleimaniya, à AFP.
"Tanto o governo como as autoridades curdas são incapazes de defender nosso povo. Devem trabalhar juntos, com apoio internacional e equipamento militar moderno", completou.
"Hoje fazemos um apelo com muita dor e tristeza ao Conselho de Segurança da ONU, à União Europeia e às organizações humanitárias, para que ajudem estas pessoas em perigo", insistiu.
"Espero que não seja tarde para evitar um genocídio", completou o patriarca.

Onze cristãos iraquianos, membros da mesma família, chegaram nesta quinta-feira a Paris com visto de asilo. Eles descreveram a situação dos cristãos do Iraque como "catastrófica".
A SITUAÇÃO NO IRAQUE TORNOU-SE UMA CATÁSTROFE HUMANITÁRIA E O RISCO DE UM GENOCÍDIO CRISTÃO É MAIS QUE IMINENTE.
A maior cidade cristã na planície de Nínive, Quaraqosh, caiu nas mãos do EIIL (Estado Islâmico do Iraque e do Levante) e as pessoas estão em fuga. Esta é a sede da arquidiocese Siro Católica de Mossul, onde está o seminário católico sírio e onde se tornou também a casa mãe de várias congregações religiosas, que não podiam mais ficar em Mossul, por razões de segurança.
Já não é "mais uma questão "religiosa", mas contra uma religião concreta: os cristãos", alerta Dom Duarte da Cunha, secretário geral do Conselho das Conferências Episcopais da Europa (CCEE).
Publicamos na íntegra o apelo urgente do Presidente da Assembleia dos bispos católicos do Iraque, o patriarca Louis Raphael Sako.
***
Apelo do Patriarcado caldeu pedindo ajuda urgente
Os militantes atacaram com morteiros a maioria das aldeias da planície de Nínive, durante a noite de 6 e 7 e agora estão controlando a área. Os cristãos, cerca de cem mil, horrorizados e em pânico, fugiram de suas aldeias e casas sem nada, só com as roupas do corpo. Um êxodo, uma verdadeira via crucis, os cristãos estão andando a pé no calor do verão escaldante do Iraque para as cidades curdas de Erbil, Duhok e Soulaymiyia, entre eles estão doentes, idosos, crianças e mulheres grávidas. Passam por uma catástrofe humanitária que corre o risco de se tornar num verdadeiro genocídio. Precisam de água, comida, abrigo...
Em relação às igrejas e propriedades da igreja nas aldeias agora ocupadas pelos militantes EIIL, temos relatos de destruição e profanação. Os antigos manuscritos e documentos (1500) estão sendo queimados.
Como é evidente para todos, o Governo Central é incapaz de fazer cumprir a lei e a ordem nesta parte do país. Há também dúvidas sobre a capacidade da região do Curdistão de defender sozinha o avanço feroz dos jihadistas. Claramente, há falta de cooperação entre o Governo Central e o Governo regional autônomo. E o Isis se beneficia desse "vazio" para impor a sua regra e terror. Há uma necessidade de apoio internacional e de um exército profissional, bem equipado. A situação vai de mal a pior.
Apelamos com tristeza e dor para a consciência de todos e todas as pessoas de boa vontade e as Nações Unidas e a União Europeia, para salvar essas pessoas inocentes da morte. Esperamos que não seja tarde demais! Card. Loius Raphael Sako, Patriarca de Babilónia dos Caldeus
NO DIA 15 DE AGOSTO, ORAÇÃO PELOS CRISTÃOS PERSEGUIDOS
A iniciativa foi anunciada pela Igreja Italiana, que pede para o Ocidente não virar a cara diante da destruição dos valores que o forjaram
Os bispos italianos levantam a voz ante as perseguições dos cristãos no mundo conclamando um jornada de oração que acontecerá no próximo dia 15 de agosto, e publicando um comunicado onde se denuncia distrações e indiferenças por parte da Europa com relação ao autêntico “calvário” que vivem os batizados em muitos países.

Todas as comunidades eclesiais – diz a nota da CEI – são convidadas a “unir-se em oração como sinal concreto de participação com todos os provados pela dura repressão”. Um convite que responde ao que o Papa Francisco denunciou, ou seja, que “existem mais cristãos perseguidos hoje do que nos primeiros séculos”.
O Santo Padre é citado no texto também em outro trecho, sobre a sua próxima viagem à Coreia do Sul. 
"Para a nossa comunidade - diz - é uma valiosa oportunidade para nos aproximarmos daquela Igreja: um Igreja jovem, cuja vicissitude histórica sofreu uma dura perseguição, que durou quase um século, em que cerca de 10 mil fiéis foram martirizados: 103 deles foram canonizados em 1984, por ocasião do segundo centenário das origens da comunidade católica no país".
O caminho da Igreja na Coréia é a "força" que "marca o evento", uma força caracterizada pela "glória dos mártires". Neste sentido, se propõe novamente uma passagem da Carta aos Romanos, de São Paulo: "Se morremos com Cristo, cremos que também viveremos com Ele" (Rm 6, 8). Palavras que os bispos italianos esperam que possam “arder também nesta nossa Europa, distraída e indiferente, cega e muda diante das perseguições que sofrem centenas de milhares de cristãos hoje”.

O comunicado chega também ao coração das dificuldades que certos cristãos padecem no mundo. A falta de liberdade religiosa é "um verdadeiro calvário" que "une os batizados em Países como Iraque e Nigéria, onde são marcados pela sua fé e feitos objetos de ataques contínuos por parte de grupos terroristas; expulsos das suas casas e expostos a ameaças, assédios e violências, conhecem a humilhação gratuita da marginalização e do exílio até a morte. Recorda que “as suas igrejas foram profanadas: antigas relíquias, como também estátuas de Nossa Senhora e dos Santos, são destruídas por um integralismo que, em última análise, não tem nada de autenticamente religioso. Nessas áreas, a presença cristã - a sua história mais que milenária, a variedade de suas tradições e a riqueza de sua cultura - está em perigo: em perigo de extinção do mesmo lugar onde nasceu, a partir da Terra Santa".
O apelo é, portanto, forte, para o Ocidente, o que "não pode continuar a olhar para o outro lado, com a ilusão de poder ignorar uma tragédia humanitária que destrói os valores que o moldaram e no qual os cristãos pagam o prejuízo que os confunde indiscriminadamente com um determinado modelo de desenvolvimento. "O desejo da Conferência Episcopal Italiana é que “a preocupação pelo futuro de tantos irmãos e irmãs se traduza em compromisso para nos informar sobre o drama que estão vivendo, prontamente denunciado pelo Papa."
O comunicado termina, portanto, com o convite dirigido às comunidades eclesiais "para se juntar em oração por ocasião da solenidade da Assunção da Bem-Aventurada Virgem Maria (15 de agosto) como um sinal concreto de participação com todos os que estão sofrendo com a dura repressão. Por intercessão da Virgem Mãe, o seu exemplo também nos ajudará a superar a aridez espiritual do nosso tempo, a redescobrir a alegria do Evangelho e a coragem do testemunho cristão". Zenit.org/RV/G1


--